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País exporta menos de 2% da produção, e só um décimo disso para os EUA
FOTO: CACHAÇA SELETA/DIVULGAÇÃO
Experiência.Toni Rodrigues, dono da Seleta, é um dos mais tradicionais produtores de Salinas
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Chega de "brazilian rum". A partir de 11 de abril, a cachaça passa a ser chamada como tal, reconhecida no mercado norte-americano por lei como bebida genuinamente brasileira. Os produtores já comemoram, e esperam ganhar mercado, embora acreditem que o sonho de conquistar o Tio Sam virá no longo prazo.
O Brasil exporta apenas de 1% a 2% do 1,3 bilhão de litros que produz por ano, principalmente a industrial, com um faturamento de US$ 19,2 milhões por ano.
Os principais destinos da cachaça brasileira hoje são Alemanha, Itália, Portugal e Paraguai. Somente 9% vão para os Estados Unidos - cerca de 700 mil litros por ano. De acordo com o presidente do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), Vicente Bastos, dentro dos Estados Unidos é possível encontrar bebidas com o nome de cachaça, mas sem especificação de origem, ou até com sabores artificiais, como menta, por exemplo.
"Com o reconhecimento do governo norte-americano, as demais bebidas destiladas não poderão mais receber o nome cachaça lá. Deverão ser chamadas de aguardente importada. Assim, garantiremos uma identidade", revela. O próximo passo é conseguir o reconhecimento na União Europeia, segundo o secretário da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Cachaça do Ministério da Agricultura, Francisco Facundo.
Revendas de Salinas. "Ainda precisamos ganhar mercado no Brasil", afirma o presidente da Associação dos Produtores Artesanais de Cachaça de Salinas (Apacs), Nivaldo Gonçalves das Neves. A associação planeja fortalecer as marcas de Salinas por meio da criação, a partir de abril, de revendas autorizadas em todos os Estados brasileiros, em 88 cidades - capitais e com mais de 300 mil habitantes, que terão lojas de cachaça. Elas venderão, além de outras marcas, as cachaças com o selo da associação.
Para vender para o exterior, é preciso certificar o produto
Minas Gerais representa cerca de 60% da produção de cachaça artesanal do país, que está em torno de 420 milhões de litros por ano. São 9.000 produtores, num mercado que gera 116 mil empregos diretos e 300 mil indiretos e renda R$ 1,4 bilhões de reais ao ano.
Para que a bebida seja exportada, é preciso que esteja certificada. De acordo com o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), o Programa Estadual de Certificação de Cachaça Artesanal de Alambique tem 276 marcas certificadas.
A certificação é de adesão voluntária e voltada para produtores de cachaças artesanais, produzidas com fermento natural e destiladas em alambique de cobre. "Muitos deixam de se registrar por causa dos altos impostos", diz Miriam Alvarenga, coordenadora do setor no IMA. (JH)
SALINAS
Do lombo das mulas para o mundo
Com grande barba grisalha, chapéu e um galho de arruda atrás da orelha, Toni Rodrigues, que fabrica a cachaça Seleta há 40 anos, costuma circular por Salinas, no Norte de Minas, considerada a capital da cachaça, montado em uma de suas mulas. O empresário visionário mudou o cenário da então pinga, que dominava o mercado, para apresentar ao país cachaças de grife. "Sou feliz por ter dado início a essa fase que tanto valorizou a cachaça no Brasil".
De acordo com a Associação dos Produtores Artesanais de Cachaça de Salinas (Apacs), a microrregião possui cerca de 30 produtores, responsáveis pela fabricação de 5 milhões litros/ano e pela geração de 2 mil empregos diretos no período da safra. A cachaça de Salinas é comercializada através de mais de 50 marcas. (JH)
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