terça-feira, 9 de abril de 2013

Brasil vai contra o resto do mundo e encarece a comida

Contradição
Custo de produção e medidas monetárias seriam principais causas da diferença
Publicado no Jornal OTEMPO em 09/04/2013

PAULO NASCIMENTO
Especial para O Tempo
FOTO: PEDRO SILVEIRA/25.9.2007
Descompasso. Brasil é um dos maiores produtores mundiais de alimentos, mas o preço aqui sobe mais do que na média mundial
Considerado um dos maiores celeiros do mundo, o Brasil vive uma situação contraditória. Enquanto, no restante do planeta, os itens da alimentação tiveram deflação de 2,5% entre fevereiro de 2012 e o mesmo mês deste ano, o país coleciona altas consecutivas para o grupo "alimentação", acumulando 12,48% de elevação nos preços no mesmo período de comparação.
Dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), que analisa o comportamento dos preços e da produção de alimentos em mais de 180 países, mostra que o preço do leite, por exemplo, caiu 82 pontos no ranking em todo o mundo. Em sentido contrário, o Brasil, que está entre os cinco maiores produtores de leite do mundo, coleciona alta de 7,5% para o produto nos últimos 12 meses.
No mesmo sentido, sendo o maior fornecedor de cana-de-açúcar do mundo, com produção de 623,9 milhões de toneladas em 2011, o Brasil manteve estável o preço médio do açúcar, enquanto, no restante do mundo, o preço caiu 82 pontos no ranking da FAO.
Custo de produção elevado, potencial desfavorecido para o escoamento e precariedade modal das estruturas de transporte são apontados por analistas como motivos para o encarecimento dos produtos brasileiros. "Dependemos, também, de fatores climáticos e, principalmente, das políticas monetárias adotadas", avalia o representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic.
Para o técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos de Minas Gerias (Dieese-MG), Lúcio Monteiro, a alimentação pesa no orçamento, mas não deveria despontar nos índices que medem a inflação no país. "Isso afeta a qualidade de vida, principalmente entre os de renda mais baixa. A aplicação, de fato, da desoneração dos impostos federais da cesta básica seria uma saída", pondera.






Cesta básica
Preço sobe em 16 capitais
São Paulo. Apesar da recente desoneração de alguns itens que fazem parte da cesta básica, os preços do conjunto de alimentos essenciais continuaram a trajetória de alta e subiram, em março, em 16 das 18 capitais onde o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) realiza, mensalmente, a Pesquisa Nacional da Cesta Básica.
As maiores elevações, de acordo com o levantamento, foram apuradas em Vitória (6,01%), Manaus (4,55%) e Salvador (4,08%). As duas capitais que apresentaram queda foram Florianópolis (-2,25%) e Natal (-1,42%). São Paulo continuou a ser a capital com o maior valor para a cesta básica (R$ 336,26). Depois aparecem Vitória (R$ 332,24), Manaus (R$ 328,49) e Belo Horizonte (R$ 323,97).
No primeiro trimestre deste ano, todas as 18 capitais pesquisadas registraram expansão nos preços da cesta básica. Em 12 meses, na comparação com março do ano passado, houve aumento acima de 10% em todas as regiões.




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