domingo, 14 de abril de 2013

Copa do Mundo é vitrine para produtos mineiros

Fabricantes de iguarias típicas do estado, como goiabada e pão de queijo, querem novos mercados com Mundial

Marta Vieira - Estado de Minas
Publicação: 14/04/2013 06:00 Atualização: 14/04/2013 08:02

Tradicional cachaça mineira vai ganhar edição especial para o evento esportivo (Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press - 23/2/12)
Tradicional cachaça mineira vai ganhar edição especial para o evento esportivo
Goiabada cascão, pão de queijo, doce de leite e a cachaça artesanal de alambique abrem a corrida dos fabricantes de produtos típicos da culinária mineira atrás dos negócios que a Copa do Mundo de 2014 promete incentivar e do dinheiro dos turistas. Cerca de 250 operadores e agentes de turismo e jornalistas vão degustar, em Montevidéu (Uruguai), na quinta-feira, receitas tradicionais da rica gastronomia do estado, como parte da programação do Goal to Brasil, evento de divulgação das cidades-sede da competição organizado pela Embratur, autarquia do Ministério do Turismo.
A Associação Mineira dos Produtores de Cachaça de Qualidade (Ampaq) começa a trabalhar, também nesta semana, num projeto que cria edição especial da bebida para a Copa. Segundo o presidente da associação, Trajano Raul Ladeira de Lima, a ideia é desenvolver um blend com as cachaças aprovadas pela Ampaq. No fim de maio, a Vinícola Lidio Carraro, do Rio Grande do Sul, fará o lançamento nacional e uma divulgação mineira do vinho Faces, licenciado pela Fifa como o vinho oficial da Copa de 2014.
O diretor comercial da empresa, Juliano Carraro, não descarta a parceria com produtos regionais para fortalecer a estratégia da marca, que chegou há menos de um ano ao mercado de Belo Horizonte, tendo a Casa Rio Verde como distribuidor. O superintendente da rede mineira, Haendel Roberto, pretende explorar a harmonização do vinho produzido em Bento Gonçalves com os queijos de Serra do Salitre, no Alto Paranaíba.
A Forno de Minas, que está investindo na ampliação das exportações de pão de queijo da fábrica de Contagem, na Grande BH, estuda estratégias para se aproveitar das dimensões dos eventos esportivos no Brasil previstos até 2016. O presidente da empresa, Helder Mendonça, diz que a Copa do Mundo abre uma espécie de vitrine para produtos regionais como o pão de queijo e que atende apelos recentes do consumidor como alimentos sem glúten.
Além da criação de uma cachaça dedicada à Copa do Mundo, o presidente da Ampaq, Trajano Lima, quer estabelecer acordos com as secretarias estaduais de Turismo e de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, por meio da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Cachaça, da qual é conselheiro. “Como patrimônio cultural do estado, a cachaça artesanal de qualidade deve ser promovida em eventos dessa proporção”, defende.
Associar costumes e a cultura regionais a produtos típicos é uma política que favorece o desenvolvimento de marcas como as da Lidio Carraro. O diretor comercial da vinícola de propriedade familiar, há mais de cinco gerações, diz que a empresa trabalha com o conceito de produção controlada, volumes pequenos e alta qualidade. “Estamos concentrados no propósito de atender a demanda impulsionada pela Copa do Mundo, para então trabalharmos no próximo plano para não deixar as vendas caírem depois do evento”, afirma.
FOCO EM MINAS A família está preparada para dobrar a produção neste ano e em 2014, que hoje está ao redor de 300 mil garrafas de vinho por ano. Investimentos de R$ 600 mil foram feitos na ampliação da vinícola, como sequência do programa de expansão dos vinhedos. A produção do vinho oficial da Copa, o Faces, é alimentada por uvas de três regiões tradicionais de cultivo em Encruzilhada do Sul (Serra do Sudeste), Bento Gonçalves e Serra Gaúcha (Vale do Vinhedos) e Campanha. A família detém mais de 200 hectares, dos quais 42 estão em produção, área que deverá atingir 150 hectares.
O mercado mineiro é prioritário para a vinícola, que lançará no mês que vem o vinho licenciado pela Fifa na versão tinto. A marca exporta para 18 países e no Brasil comercializa a maior parte da produção nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Em Brasília e Belo Horizonte, a empresa tem atuação recente, mas promissora, segundo Juliano Carraro. “O mercado de Belo Horizonte está amadurecendo rápido e quer saber mais sobre a harmonização de vinhos com alimentos”, afirma o diretor comercial.
Estado vira anfitrião em Montevidéu
Relógios Hublot e maletas de viagem Louis Vuitton foram alguns dos produtos mais sofisticados licenciados pela Fifa na Copa do Mundo de 2010 na África do Sul. Por meio de sua assessoria de imprensa, a Fifa informou que está avaliando outros itens para licenciamento até o ano que vem. “Não há uma gama claramente definida de produtos a serem licenciados e a Fifa está aberta para discussão com potenciais licenciados”, diz a nota.
De acordo com a Embratur, a edição do Goal to Brasil em Montevidéu, que terá Minas Gerais como estado anfitrião, é a 10ª da série iniciada em julho do ano passado de encontros com operadores e agentes de turismo e formadores de opinião. A programação tem como foco as 12 principais nações que enviam turistas ao país. O Uruguai está classificado para a Copa das Confederações em junho, por ter vencido a Copa América em 2012.
A seleção do país vizinho disputará, pelo menos, três partidas em solo brasileiro neste ano. A primeira será contra a Nigéria, atual campeã africana, em Salvador; seguida de confrontos em Recife, contra Taiti e Espanha, atual campeã mundial e da Europa.
ROTEIROS O evento consiste na divulgação de roteiros turísticos no Brasil, com enfoque em Minas, de manifestações culturais e artísticas. A Embratur informou que 1,5 mil profissionais de turismo já receberam uma espécie de titulação como “especialistas em Brasil” ao longo da programação. Foram realizadas edições em  cidades como Santiago do Chile, Bogotá, Buenos Aires, Paris, Lisboa, Toronto, Madri e Berlim.

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