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O vereador de Santana do Paraíso, Detetive Elton e o investigador Fabrício Quenupe/Foto: Jornal Vale do Aço
IPATINGA
- Foi preso nessa sexta-feira (10) o investigador Fabricio Quenupe.
Morador de Ipatinga e a serviço da Polícia Civil no Vale do Aço, ele foi
transferido para a região metropolitana de Belo Horizonte, em junho de
2012.
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A transferência de Fabrício Quenupe e outros dois
investigadores foi solicitada pela Corregedoria da Polícia Civil, após
as denúncias do delegado aposentado Francisco Lemos, que afirmou existir
um esquema de corrupção que envolvia, entre outros, investigadores e
delegados. Fabrício foi então designado para o plantão em uma delegacia
de Nova Lima na grande BH.
A prisão de Fabrício Quenupe advém
do possível envolvimento em um crime de duplo homicídio ocorrido em
2010. Na época, Quenupe era investigador na 1ª Delegacia Regional de
Ipatinga. O colega dele, Ronaldo Correa, que já se encontra preso em
Belo Horizonte, na Casa dos Policiais, também é investigado pela
Corregedoria da Polícia Civil por possível participação nos homicídios.
A
assessoria de comunicação da Polícia Civil confirmou em nota a prisão
de Fabrício, o que também foi confirmado pelo chefe do Departamento de
Investigação de Homicídio e Proteção a Pessoa de Belo Horizonte (DIHPP),
Vagner Pinto.
Chefe do Departamento de Investigação de Homicídio e Proteção a Pessoa de Belo Horizonte (DIHPP), Vagner Pinto
Ao
todo, são sete os agentes de segurança detidos na operação que busca
apurar a morte do jornalista Rodrigo Neto e outros crimes denunciados
por ele. Um dos investigados foi solto por determinação judicial.
O duplo homicídio
Os
homicídios, pelos quais recaem sobre os investigadores as suspeitas,
vieram a público em julho de 2010, quando os corpos de dois jovens foram
encontrados às margens de uma estrada vicinal próxima ao Córrego Boa
Vista, em Ipabinha, em meio a um matagal. As marcas deixaram
evidenciavam que os jovens, encontrados nus, foram executados com tiros
na cabeça.
Foto: Jornal Vale do Aço
Um
dos executados se chamava Glauco Antônio Lourenço, de 22 anos, acusado
de ter invadido um sacolão no bairro Canaãzinho e matado o aposentado
Domingos Couto de Barros, 78 anos, com um tiro no peito em um assalto.
O
outro corpo era do lavador de carros Marcos Vinícius Lopes de Oliveira,
de 18 anos, que estava desaparecido desde o dia 25 de junho daquele
ano. Na época, algumas pessoas disseram que ele foi visto vivo pela
última vez ao ser conduzido para a delegacia no centro de Ipatinga, onde
atuavam os investigadores agora presos.
Vereador também na prisão
A
justiça também expediu um mandado de prisão para o vereador de Santana
do Paraíso, Detetive Elton Correa (PT), também investigador da Polícia
Civil, eleito na última eleição.
Segundo informações de pessoas
ligadas ao detetive vereador, ele informou que se apresentará à Polícia
Civil de Belo Horizonte neste sábado.
Apreensão
A
população da região do Vale do Aço tem vivido momentos de apreensão,
exacerbada desde o último dia 8 de março, quando o jornalista Rodrigo
Neto foi executado a tiros em uma avenida do bairro Canaã em Ipatinga.
Outro
momento auge deste clima de receio, ante as iminências de que uma máfia
atuante na região teria como alguns integrantes justamente os que
deveriam proteger a leis, foi o pronunciamento do ex-vereador e delegado
aposentado Francisco Lemos.
No plenário da Câmara de Vereadores
de Coronel Fabriciano, da qual era o presidente, Lemos acusou
nominalmente alguns integrantes da Polícia Civil de serem membros de tal
grupo criminoso.
O pronunciamento foi registrado pelo PLOX, sendo
um dos vídeos mais acessados do canal. Por ser uma reportagem na qual
pode ser assistida toda a oratória do denunciante, a exibição do vídeo
foi impactante e seguida de várias mudanças - transferência,
aposentadoria, substituição - da Polícia Civil, desde os altos escalões
até aos detetives agora detidos.
Clique para assistir ao depoimento de Lemos
Caso Soldador Natanael
Segundo
declarações de Francisco Lemos, o caso do soldador Natanael Alves, 25
anos, foi o “estopim” para que ele convocasse a imprensa e fizesse as
denúncias. O soldador foi apresentado por Lemos como uma vítima de
policiais civis que, de acordo com Lemos, estavam tentando fazer uma
“armação” para incriminar alguns policiais militares responsáveis pela prisão em fragrante de uma advogada, que, de acordo com a PM, teria oferecido R$10.000 de suborno para liberar um traficante.
Clique para ver a entrevista de Natanael e reportagem sobre a sua execução a tiros
Após
a fala de Lemos, o soldador Natanel conversou com a imprensa e
confirmou as acusações dizendo que fora intimidado para que mentisse e
acusasse os policiais militares de tê-lo torturado.
O delegado
regional na época, João Xingó, alvo direto das acusações de Lemos,
anunciou que ficaria afastado de seu cargo, o que seria só por alguns
dias, mas não voltou a atividade, indo para a aposentadoria.
Delegado Xingó, ladeado por delegados que atuavam em Coronel Fabriciano
Ele
negou as acusações feitas por Lemos e disse não entender por que o
vereador que outrora o elogiava, naquele ato, chamou-o publicamente de
“bandido”.
O investigador Fabrício Quenupe, preso ontem, chegou a
Câmara de Vereadores minutos após Lemos começar sua fala com as
acusações. A Casa do Legislativo funcionava em um prédio perto da
Delegacia de Polícia. Ele e alguns colegas da Polícia que o acompanhavam
interromperam o pronunciamento do vereador e trocaram acusações com
ele.
O investigador Fabrício Quenupe (camiseta rosa) e os seus colegas chegaram durante a fala de lemos
O
clima ficou tenso. Os jornalistas chegaram a temer por um enfrentamento
a tiros, já que tanto o denunciante como os denunciados estavam
armados.
O soldador Natanael foi assassinado com vários tiros no
dia 28 de outubro do ano passado em um bairro de Coronel Fabriciano. Os
crimes que culminaram com sua morte entraram para o “time” dos vários
para os quais a Polícia não apontou solução.
O inquérito que
apura a morte do soldador está sendo conduzido por uma equipe da
Delegacia de Homicídios de Betim. De acordo com as últimas informações
da Assessoria de Imprensa da Polícia Civil, as investigações, que correm
em segredo, estavam avançadas.
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