sábado, 27 de julho de 2013

Dilma decide não cortar pastas. Presidente conversou com Lula anteontem; redução de ministérios pode acontecer só em 2014

Reforma


Lula e Dilma conversaram por três horas antes do seminário em comemoração aos dez anos de governo do
Lula e Dilma conversaram por três horas antes do seminário em comemoração aos dez anos de governo do PT, na quarta-feira
PUBLICADO EM 27/07/13 - 03h00
Brasília. A presidente Dilma Rousseff não cortará nenhum dos 39 ministérios nem pretende mexer no primeiro escalão agora. Em conversa que durou três horas com o ex-presidente Lula, na quarta-feira, em Salvador, Dilma mostrou preocupação com a queda de popularidade do governo, registrada após as manifestações de rua de junho, mas disse que não vai ceder, nesse momento, a pressões por mudanças na equipe.

Aportas fechadas, houve muita reclamação sobre o comportamento do aliado PMDB e também do PT. Não foi só: Dilma pediu ajuda a Lula para “enquadrar” o PT, que, no seu diagnóstico, não está colaborando como deveria para defender o governo e o plebiscito da reforma política. Para a presidente, divisões na seara petista e o coro do “volta, Lula” prejudicam a governabilidade.

Embora os números da pesquisa CNI/Ibope sobre a avaliação do governo só tenham sido divulgados na quinta-feira, Dilma e Lula sabiam na reunião que a rejeição aos políticos afetaria a avaliação não só da petista, mas também dos governadores. Apreensiva, a presidente chegou a perguntar a auxiliares qual seria a repercussão na mídia da má avaliação do governo, em meio à visita do papa Francisco ao Brasil.
O levantamento do Ibope mostrou que o percentual dos que consideram o governo Dilma “ótimo ou bom” caiu de 55% para 31% em um período de um mês. Outros números indicam que a avaliação pessoal da presidente despencou de 71% para 45%, e que metade dos entrevistados não confia nela.
Segundo o “Estado de S. Paulo”, Dilma e Lula expressaram contrariedade não só com o racha no PT, mas também com a atitude do presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), que pregou publicamente o corte de ministérios como solução para a crise política. A avaliação reservada é a de que o PMDB quer “surfar” na onda dos protestos.
Pressão. Apesar das queixas recebidas nos últimos dias a respeito de problemas na articulação política e na comunicação do governo – principalmente com o Cogresso –, Dilma avisou que não fará mudanças sob pressão. Na prática, ela não quer mostrar fragilidade num momento em que a própria base aliada está conflagrada. Lula apoiou a decisão.


Em conversas reservadas, porém, petistas próximos a Lula dizem que Dilma “passou do prazo” para promover uma reforma ministerial. Agora, a presidente planeja trocas na equipe no fim do ano ou até mesmo no início de 2014, pouco antes do prazo estipulado pela Lei Eleitoral para quem for candidato deixar o Executivo. 

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