Reforma
Lula e Dilma conversaram por
três horas antes do seminário em comemoração aos dez anos de governo do PT, na
quarta-feira
PUBLICADO EM 27/07/13 - 03h00
Brasília. A presidente Dilma Rousseff não cortará nenhum dos 39 ministérios
nem pretende mexer no primeiro escalão agora. Em conversa que durou três horas
com o ex-presidente Lula, na quarta-feira, em Salvador, Dilma mostrou
preocupação com a queda de popularidade do governo, registrada após as
manifestações de rua de junho, mas disse que não vai ceder, nesse momento, a
pressões por mudanças na equipe.
Aportas fechadas, houve muita reclamação sobre o comportamento do aliado PMDB e também do PT. Não foi só: Dilma pediu ajuda a Lula para “enquadrar” o PT, que, no seu diagnóstico, não está colaborando como deveria para defender o governo e o plebiscito da reforma política. Para a presidente, divisões na seara petista e o coro do “volta, Lula” prejudicam a governabilidade.
Embora os números da pesquisa CNI/Ibope sobre a avaliação do governo só
tenham sido divulgados na quinta-feira, Dilma e Lula sabiam na reunião que a
rejeição aos políticos afetaria a avaliação não só da petista, mas também dos
governadores. Apreensiva, a presidente chegou a perguntar a auxiliares qual
seria a repercussão na mídia da má avaliação do governo, em meio à visita do
papa Francisco ao Brasil.
O levantamento do Ibope mostrou que o percentual dos que consideram o governo
Dilma “ótimo ou bom” caiu de 55% para 31% em um período de um mês. Outros
números indicam que a avaliação pessoal da presidente despencou de 71% para 45%,
e que metade dos entrevistados não confia nela.
Segundo o “Estado de S. Paulo”, Dilma e Lula expressaram contrariedade não só
com o racha no PT, mas também com a atitude do presidente da Câmara, Henrique
Alves (PMDB-RN), que pregou publicamente o corte de ministérios como solução
para a crise política. A avaliação reservada é a de que o PMDB quer “surfar” na
onda dos protestos.
Pressão. Apesar das queixas recebidas nos últimos dias a
respeito de problemas na articulação política e na comunicação do governo –
principalmente com o Cogresso –, Dilma avisou que não fará mudanças sob pressão.
Na prática, ela não quer mostrar fragilidade num momento em que a própria base
aliada está conflagrada. Lula apoiou a decisão.
Em conversas reservadas, porém, petistas próximos a Lula dizem que Dilma
“passou do prazo” para promover uma reforma ministerial. Agora, a presidente
planeja trocas na equipe no fim do ano ou até mesmo no início de 2014, pouco
antes do prazo estipulado pela Lei Eleitoral para quem for candidato deixar o
Executivo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário