O Saúde Plena conversou com especialistas de áreas diferentes para tentar jogar luz à polêmica questão da relação entre fé e ciência. Deus existe? Darwin era um mentiroso? Podemos acreditar que viemos de macacos e também em Deus?
Parte 1 - O físico britânico Peter Higgs foi
premiado com o Nobel da Física por sua descoberta da 'partícula de
deus'. O apelido dado ao bóson de Higgs – que são as partículas de
matéria mais elementares, presentes em tudo no planeta, desde plantas à
pedras e nós – decepcionou o cientista ateu, defensor de que de divino o
universo não tem nada. Contudo, independentemente de sua opinião sobre
os diferentes tipos de religião, o britânico criticou publicamente a
reincidente postura radical do consagrado biólogo Richard Dawkins contra
religiosos. Quem também recentemente provocou criacionistas foi o
roqueiro Jimmy London, vocalista do Matanza, ao falar, ao vivo no Rock
in Rio 2013, sobre o último álbum da banda Alice in Chains, 'The devil
put dinosaurs here'. Ao comentar o porquê do título, London afirma que
criacionistas acreditam que o diabo criou os dinossauros para destruírem
os bichinhos criados por Deus.
Ganhador do Nobel de Física de 2013, Peter Higgs acredita que ciência e fé não são incompatíveis
Assim como eles, formadores de opinião de diversas áreas do
conhecimento têm há muito tempo disputado um cabo de guerra no que diz
respeito a possibilidade ou não da coexistência pacífica de ciência e
religião. A disputa ficou mais acirrada, especialmente, com o
aparecimento do Criacionismo, doutrina que lê a Bíblia literalmente –
incluindo os dois primeiros capítulos de Gênesis, que narram a criação
do mundo em sete dias por Deus. Mito, fato ou poesia, a discussão causa
frisson no meio intelectual, filosófico e teológico. Em meio a tudo
isso, resta ao censo popular o sentimento de que se posicionar a favor
de uma teoria necessariamente nos faz contrários à outra. Mas afinal de
contas, é possível ter fé e, ao mesmo tempo, acreditar no que a ciência
nos ensina sobre a vida?
Leia a reportagem completa:
Parte 2 - Deus fez o Big Bang? Documentário defende a ideia de que ciência e fé podem coexistir
Parte 3 - Seria Deus um delírio? Para alguns cientistas posturas pacíficas sobre fé e ciência são incoerentes
Parte 2 - Deus fez o Big Bang? Documentário defende a ideia de que ciência e fé podem coexistir
Parte 3 - Seria Deus um delírio? Para alguns cientistas posturas pacíficas sobre fé e ciência são incoerentes
Álbum mais recente da banda Alice
in Chains critica a proposta criacionista, em defesa do ensino
exclusivo da Teoria da Evolução em escolas norte-americanas
Em entrevista ao jornal espanhol El Mundo,
Higgs afirmou que acredita, apesar de não ser religioso, que ciência e
fé não são incompatíveis. “O crescimento da nossa compreensão do mundo
por meio da ciência enfraquece a motivação que faz de algumas pessoas
religiosas. Mas isso não é a mesma coisa que dizer que religião e
ciência são incompatíveis. Eu simplesmente penso que algumas das razões
tradicionais para a fé estão bem minadas. Contudo, isso não encerra a
questão. Qualquer um que é convencido, mas não é um crente dogmático,
pode continuar com suas crenças. Isso significa que eu acho que você tem
de ser mais cuidadoso sobre todo o debate entre ciência e religião do
que algumas pessoas foram no passado”, disse Higgs ao El Mundo.
A premissa indica que não é impossível para uma pessoa acreditar em ambas as coisas. No entanto, muitos especialistas pontuam que não há como contestar o que uma diz, com base na outra, como seria possível entre outras áreas do conhecimento.
Para o historiador e professor do Departamento de Ciências da Religião da PUC Minas, Rodrigo Coppe Caldeira há uma incomensurabilidade entre ciência e religião. “Cada uma tem o seu lugar como fenômeno humano", afirma. Assim como defendem outros teóricos, Coppe acredita que essas áreas do conhecimento não se anulam, mas buscam responder perguntas diferentes da psiquê humana: o "como" e o "por quê". "A ciência busca conhecer e explicar como a vida existe, já a religião fala sobre o sentido da vida", comenta.
A premissa indica que não é impossível para uma pessoa acreditar em ambas as coisas. No entanto, muitos especialistas pontuam que não há como contestar o que uma diz, com base na outra, como seria possível entre outras áreas do conhecimento.
Para o historiador e professor do Departamento de Ciências da Religião da PUC Minas, Rodrigo Coppe Caldeira há uma incomensurabilidade entre ciência e religião. “Cada uma tem o seu lugar como fenômeno humano", afirma. Assim como defendem outros teóricos, Coppe acredita que essas áreas do conhecimento não se anulam, mas buscam responder perguntas diferentes da psiquê humana: o "como" e o "por quê". "A ciência busca conhecer e explicar como a vida existe, já a religião fala sobre o sentido da vida", comenta.
Adão e Eva, de Michelangelo Buonarrotti
Coppe ainda ressalta que as origens do pensamento
científico estão intrinsecamente ligadas a pensadores religiosos. “Na
verdade, quem buscou os avanços físicos e filósofos, no século XVII,
eram de religiosos, como René Descartes, Isaac Newton, entre outros
nomes, que contribuíram de maneira muito importante para a ciência e não
por isso deixaram de se considerar crentes”.
Entender que desde a epistemologia da palavra religião já tem definições diferentes é, na opinião do professor emérito da Universidade de Brasília, Jorge Ponciano Ribeiro, um dos primeiros passos para a discussão. Segundo ele, os grupos religiosos se dividem, assim como os significados da palavra. Religare, vem de ligar, e segundo Ponciano, designa o grupo que tem Deus a priori. Relegere, vem de reler, e é associado a um grupo que busca Deus, mesmo que não intencionalmente.
O primeiro, que usa de rituais religiosos para se aproximar desse Deus, é composto por pessoas, em sua maioria, mais simples, de religiosidade natural e tradicional. “Elas podem ser um pouco alienadas mesmo e acabam colocando a religião acima da realidade”, afirma. Do outro lado temos pessoas como Sartre e Einstein, que tiveram a impressão de terem descoberto ser possível sim a existência de Deus. São pessoas que tem Deus à sua imagem e semelhança e têm uma profunda relação de intimidade e cumplicidade com ele”.
Contudo, ele destaca: “dizer que Deus não existe porque não conseguimos o provar é uma infantilidade acadêmica e querer dizer que o cientista não pode acreditar em Deus é uma ignorância absoluta”.
Leia a reportagem completa:
Parte 2 - Deus fez o Big Bang? Documentário defende a ideia de que ciência e fé podem coexistir
Parte 3 - Seria Deus um delírio? Para alguns cientistas posturas pacíficas sobre fé e ciência são incoerentes
Entender que desde a epistemologia da palavra religião já tem definições diferentes é, na opinião do professor emérito da Universidade de Brasília, Jorge Ponciano Ribeiro, um dos primeiros passos para a discussão. Segundo ele, os grupos religiosos se dividem, assim como os significados da palavra. Religare, vem de ligar, e segundo Ponciano, designa o grupo que tem Deus a priori. Relegere, vem de reler, e é associado a um grupo que busca Deus, mesmo que não intencionalmente.
O primeiro, que usa de rituais religiosos para se aproximar desse Deus, é composto por pessoas, em sua maioria, mais simples, de religiosidade natural e tradicional. “Elas podem ser um pouco alienadas mesmo e acabam colocando a religião acima da realidade”, afirma. Do outro lado temos pessoas como Sartre e Einstein, que tiveram a impressão de terem descoberto ser possível sim a existência de Deus. São pessoas que tem Deus à sua imagem e semelhança e têm uma profunda relação de intimidade e cumplicidade com ele”.
Contudo, ele destaca: “dizer que Deus não existe porque não conseguimos o provar é uma infantilidade acadêmica e querer dizer que o cientista não pode acreditar em Deus é uma ignorância absoluta”.
Leia a reportagem completa:
Parte 2 - Deus fez o Big Bang? Documentário defende a ideia de que ciência e fé podem coexistir
Parte 3 - Seria Deus um delírio? Para alguns cientistas posturas pacíficas sobre fé e ciência são incoerentes
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