Obsessivos, há usuários que chegam a
visitar perfis dezenas de vezes por dia e criar contas falsas para
facilitar o monitoramento alheio
Shirley Pacelli - Portal Uai
Publicação: 03/10/2013 09:40 Atualização: 03/10/2013 11:26
Shirley Pacelli - Portal Uai
Publicação: 03/10/2013 09:40 Atualização: 03/10/2013 11:26
P.L., de 20 anos, é réu confesso: espia a vida
alheia no Facebook e –pasmem – até no (quase) falecido Orkut. “Se não
estiver bloqueado, olho mesmo!” Trabalhando como bilheteiro flutuante de
uma empresa de ônibus mineira, ele conta que confere o nome das jovens
que lhe interessam no canhoto da passagem e sai em uma busca desenfreada
por sua pretendente na internet. “Esta aqui é lá do Ceará, fiquei de
plantão três dias no Facebook para encontrá-la. Só estou esperando uma
oportunidade para a gente se ver”, diz, mostrando uma conversa privada
entre eles. O jovem, por precaução, não teve o nome revelado. Afinal,
ele mesmo lembrou que sua empresa costuma vasculhar as redes sociais dos
funcionários e candidatos a emprego.
O bilheteiro diz que bisbilhota os perfis no site para conhecer melhor as pessoas e se justifica pelo fato de que tem muita gente que conta mentira durante um bate-papo. “Teve uma que me disse que era graduada, trabalhava em uma grande empresa de engenharia e no Facebook estava no ensino médio. Fora que apareceu uma postagem dela falando que ia jogar uma peladinha”, diz. Se vasculha a vida on-line dos outros, P.L. diz não ter medo que façam o mesmo com ele – seus perfis em redes sociais são todos abertos. Apesar disso, lembra que já bloqueou garotas da sua rede e foi investigado por amigas de uma usuária banida de seus contatos.
O bilheteiro diz que bisbilhota os perfis no site para conhecer melhor as pessoas e se justifica pelo fato de que tem muita gente que conta mentira durante um bate-papo. “Teve uma que me disse que era graduada, trabalhava em uma grande empresa de engenharia e no Facebook estava no ensino médio. Fora que apareceu uma postagem dela falando que ia jogar uma peladinha”, diz. Se vasculha a vida on-line dos outros, P.L. diz não ter medo que façam o mesmo com ele – seus perfis em redes sociais são todos abertos. Apesar disso, lembra que já bloqueou garotas da sua rede e foi investigado por amigas de uma usuária banida de seus contatos.
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No Facebook – rede mais popular do mundo –
ele sente falta de uma funcionalidade original do Orkut: informar a
lista de pessoas que visitaram o seu perfil. Desde que P.L. criou sua
conta no Orkut, já foram 3.885 visualizações, mas os tempos na rede são
de vacas magras: ninguém xereta seu perfil há vários meses.
Ainda mais descrente com os dados dos perfis virtuais, a jornalista Rafaela Mello, de 23, diz que o Facebook não passa de um recorte do que o usuário é. “Meu perfil não traduz quem eu sou”, afirma. Rafaela acha doentio o monitoramento de contatos da rede. Ela lembra de uma amiga que verifica o perfil da ex-namorada várias vezes ao dia. A única rede social em que Rafaela se sente confortável para postar conteúdo público é o Twitter, pois já teve experiências negativas com o site de Zuckerberg.
“Sou do município mineiro de Formiga e meus vizinhos já foram falar com meus pais de fotos que viram na minha conta”, lembra. O Instagram e até o LinkedIn da jornalista são bloqueados. Ela não se deixa marcar em fotos e tenta mostrar o mínimo possível de si. “Só vê quem eu quero. Me sinto mais preservada”, afirma. Mas, ao ser questionada se realmente consegue exercer controle absoluto sobre seus dados, acaba se dando por vencida e reconhecendo que, se quiser privacidade total, é preciso mesmo sair da rede. Solução definitiva que deve acontecer quando ela completar 25 anos: “Vou cancelar todas as minhas contas. Já me dei esse prazo”.
Bisbilhotar a vida alheia é prática antiga (os vizinhos que o digam) e a internet só deixou tudo muito mais prático. É comum entregar de bandeja a sua localização, quem namora, onde trabalha, além de postar fotos e muitas outras informações atualizadas sobre a própria vida. O ato de vigiar pessoas on-line acabou pegando emprestado o verbete stalkear, que, na verdade define a invasão contínua da privacidade de alguém, chegando inclusive a forçar encontros. A primeira lei criminalizando o stalking surgiu ainda em 1990 na Califórnia (EUA). Hoje em dia, o termo caiu no gosto popular e os jovens o usam para designar uma forma mais branda de monitorar os passos de pretendentes e rivais.
A necessidade de xeretar a vida alheia ou seguir os passos do namorado, do ex, daqueles que são considerados inimigos é tão grande que já existem diversos serviços virtuais no mercado. Há 20 dias, surgiu uma ferramenta com o sugestivo nome de FaceX9 (facex9.com) capaz de monitorar todas as atividades dos amigos no Facebook de uma forma mais rápida e organizada. Outro serviço disponível é o polêmico aplicativo Rastreador de namorado (rastreadordenamorado.com.br), lançado neste ano e já banido algumas vezes do Google Play. O app informa localização, mensagens e ligações do celular do seu parceiro. Mas, afinal, existe um limite entre a simples curiosidade e a obsessão?
Ainda mais descrente com os dados dos perfis virtuais, a jornalista Rafaela Mello, de 23, diz que o Facebook não passa de um recorte do que o usuário é. “Meu perfil não traduz quem eu sou”, afirma. Rafaela acha doentio o monitoramento de contatos da rede. Ela lembra de uma amiga que verifica o perfil da ex-namorada várias vezes ao dia. A única rede social em que Rafaela se sente confortável para postar conteúdo público é o Twitter, pois já teve experiências negativas com o site de Zuckerberg.
“Sou do município mineiro de Formiga e meus vizinhos já foram falar com meus pais de fotos que viram na minha conta”, lembra. O Instagram e até o LinkedIn da jornalista são bloqueados. Ela não se deixa marcar em fotos e tenta mostrar o mínimo possível de si. “Só vê quem eu quero. Me sinto mais preservada”, afirma. Mas, ao ser questionada se realmente consegue exercer controle absoluto sobre seus dados, acaba se dando por vencida e reconhecendo que, se quiser privacidade total, é preciso mesmo sair da rede. Solução definitiva que deve acontecer quando ela completar 25 anos: “Vou cancelar todas as minhas contas. Já me dei esse prazo”.
Bisbilhotar a vida alheia é prática antiga (os vizinhos que o digam) e a internet só deixou tudo muito mais prático. É comum entregar de bandeja a sua localização, quem namora, onde trabalha, além de postar fotos e muitas outras informações atualizadas sobre a própria vida. O ato de vigiar pessoas on-line acabou pegando emprestado o verbete stalkear, que, na verdade define a invasão contínua da privacidade de alguém, chegando inclusive a forçar encontros. A primeira lei criminalizando o stalking surgiu ainda em 1990 na Califórnia (EUA). Hoje em dia, o termo caiu no gosto popular e os jovens o usam para designar uma forma mais branda de monitorar os passos de pretendentes e rivais.
A necessidade de xeretar a vida alheia ou seguir os passos do namorado, do ex, daqueles que são considerados inimigos é tão grande que já existem diversos serviços virtuais no mercado. Há 20 dias, surgiu uma ferramenta com o sugestivo nome de FaceX9 (facex9.com) capaz de monitorar todas as atividades dos amigos no Facebook de uma forma mais rápida e organizada. Outro serviço disponível é o polêmico aplicativo Rastreador de namorado (rastreadordenamorado.com.br), lançado neste ano e já banido algumas vezes do Google Play. O app informa localização, mensagens e ligações do celular do seu parceiro. Mas, afinal, existe um limite entre a simples curiosidade e a obsessão?
(Com Júlia Boynard)
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