Publicação: 27/10/2013 00:12 Atualização: 27/10/2013 07:43
Alice Maciel - Estado de Minas
A Prefeitura
de Belo Horizonte abriu as portas para os policiais militares
reformados. Os oficiais, que se aposentam com idade produtiva, turbinam
seus salários em postos-chave de empresas públicas, autarquias e
secretarias. Além da Guarda Municipal – que virou uma caserna de
militares reformados da PM mineira, conforme mostrou reportagem do
Estado de Minas em 25 de setembro de 2011 –, há policiais na Empresa de
Informática e Informação do Município de Belo Horizonte S/A (Prodabel),
na Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel), na
Defesa Civil, nas regionais e nas áreas de fiscalização. A estimativa do
Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (Sindibel) é de que cerca
de 200 policiais reformados ocupam os quadros da PBH. A prefeitura negou
os números, mas não soube informar quantos são.
Só no início do
mês, conforme publicação do Diário Oficial do Município de 8 de outubro,
foram nomeados oficiais para a Gerência Regional de Licenciamento e
Fiscalização de quatro das nove regionais da Capital: coronel Cláudio
Antônio Mendes, na Centro-Sul; tenente-coronel João Carlos Figueiredo de
Assis, na Nordeste; tenente-coronel José Jacinto de Oliveira Neto, na
Leste; e tenente-coronel Normando Carlos de Ulhoa Cintra, na Pampulha.
Eles serão responsáveis por coordenar as ações de fiscalização e
licenciamento, de acordo com os dispositivos legais do Código de
Posturas, do Regulamento de Limpeza Urbana, das leis que regulamentam as
construções, o licenciamento ambiental e demais leis vigentes no
município. O cargo é submetido à Gerência de Planejamento da
Fiscalização do Espaço Urbano, dirigida pelo coronel Valter Braga do
Carmo.
Fotomontagem - Google Images |
Uma fonte ligada ao prefeito Marcio
Lacerda (PSB) contou que foi ele quem solicitou a contratação de
militares para os cargos de fiscais das regionais. Durante seminário na
Câmara Municipal de Belo Horizonte, em 2010, com o tema Código de
Posturas do Município de Belo Horizonte – Aplicação e fiscalização,
Willian Nogueira, à época gerente de Regulação Urbana da Centro-Sul,
disse que a PBH criou um quadro de supervisores com militares
reformados, “que auxiliam os funcionários incumbidos de fazer vistoria
nas ruas, mas sem exceder poder de polícia”.
Cargo diferente
No
primeiro escalão do governo, estão dois coronéis: o diretor presidente
da Urbel, coronel Genedempsey Bicalho Cruz, e o secretário municipal de
Segurança Urbana e Patrimonial, coronel Hélio Santos Júnior. Na gestão
passada, Bicalho, que é da reserva da PM, foi diretor da pasta de
Segurança Urbana e Patrimonial. Trabalhou na sua equipe o coronel
Ricardo Belione de Menezes, que foi comandante da Guarda Municipal,
órgão ligado à secretaria.
Este ano, Ricardo ganhou um cargo bem
diferente da área de segurança: a de diretor de Inclusão Digital da
Prodabel. Com salário de R$ 12,8 mil, ele é responsável por coordenar os
comitês gestores dos projetos de inclusão digital, fazer e gerenciar
projetos da área e captar recursos financeiros e de infraestrutura para a
realização deles.
Para a presidente do Sindibel, Célia Lélis, em
vez de contratar policiais militares reformados a PBH deveria aproveitar
os profissionais do seu quadro de efetivos. “Servidores de carreira
poderiam estar ocupando esses cargos”, reivindicou.
Também é um
militar aposentado quem administra a Defesa Civil – o coronel Alexandre
Lucas Alves – e a gerência de Relações Institucionais do órgão. O
comandante da Guarda Municipal é o coronel Cleunício Alves Ferreira.
Também estão na guarda o tenente-coronel reformado Sinval José Campos,
na Gerência de Execução Operacional, e o coronel Itamar de Oliveira
Pacheco Filho, na Gerência de Controle Institucional.
Nada mudou
Reportagem
do EM publicada em 2011 mostrou que a Guarda Municipal de Belo
Horizonte virou um quintal de militares reformados da PM mineira,
acusados de direcionar contratos, empregar parentes e vigiar
subordinados com escutas clandestinas. Segundo o presidente do Sindicato
dos Guardas Municipais do Estado de Minas Gerais (Sindiguardas), Pedro
Ivo Bueno da Silva, nada mudou nos últimos anos. “Pelo contrário, a
gente percebe que a cada dia que passa mais militares reformados ganham
cargos na Guarda”, acrescentou.
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