Advogado
Traficantes teriam dado R$ 4.000 por defesa não efetuada; dois suspeitos teriam sido identificados
Corpo de advogado foi enterrado na tarde de ontem; no detalhe, rosto da vítima
PUBLICADO EM 24/10/13 - 02h30
A Polícia Civil investiga a hipótese de que o advogado Jayme Eulálio de
Oliveira, 37, pode ter sido assassinado por traficantes, os mesmos que
teriam roubado armas de uma unidade da Polícia Militar de Vespasiano, na
região metropolitana de Belo Horizonte. Ontem, um membro da Ordem dos
Advogados do Brasil de Minas (OAB-MG) informou à reportagem de O TEMPO
ter recebido a informação de que a morte está ligada a uma vingança.
Oliveira teria recebido R$ 4.000 de traficantes para defendê-los em uma
causa judicial, mas não teria cumprido o combinado.
Diferentes fontes da Polícia Civil confirmam que esses dois fatos podem ter ligação com o crime e estão entre as principais linhas de investigação. Informações extra-oficiais dão conta ainda de que as armas teriam sido encontradas na noite de terça-feira, em Vespasiano. Dois suspeitos teriam sido identificados pelos apelidos de Mau Mau e Cafu.
Crime e apuração. O advogado foi morto na noite de
anteontem, ao chegar em casa, no bairro Castelo, na Pampulha. Ele foi
atingido por cerca de 40 tiros de fuzil 556 e de pistola .40, os mesmos
modelos levados do posto policial de Vespasiano.
O grosso calibre das armas, pouco utilizadas em crimes passionais ou roubos, reforça as suspeitas levantadas de que o crime esteja ligado a facções criminosas e ao tráfico.
Ontem, uma equipe da delegacia da região Noroeste, que assumiu o
inquérito, foi ao bairro Morro Alto, em Vespasiano, atrás dos suspeitos,
que seriam traficantes. Fontes da Polícia Civil informaram que eles
seriam os mesmos que levaram, há uma semana, seis armas da 180ª
Companhia do 36° Batalhão da Polícia Militar. Na ocasião, cinco
militares foram afastados suspeitos de envolvimento no esquema.
A polícia investiga a ligação entre os dois crimes. Ainda segundo uma
pessoa próxima à vítima, que pediu anonimato, Oliveira tinha muitos
clientes em Vespasiano, mas ela não acredita na hipótese dos R$ 4.000.
Já o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-MG, William
Santos, disse que um membro da comissão contou que Oliveira teria
recebido o dinheiro de um grupo de traficantes que estava preso. Ele
seria o pagamento para que o advogado entrasse com um recurso (ele não
soube dizer de que tipo). Porém, Oliveira não teria entrado com a ação e
foi executado a mando dos criminosos.
O chefe do Departamento de Investigação de Homicídios e de Proteção à
Pessoa (DHPP), Wagner Pinto, confirmou que a linha mais cogitada está
ligada à profissão dele.
Em nota, a Polícia Civil informou que ainda é cedo para apontar
qualquer suspeito, que as investigações prosseguem e, até o
momento, solicitado à Justiça mandado de prisão contra ninguém.
O comunicado ainda destaca que "não há confirmação sobre a ligação do
homicídio com o furto de armas numa companhia da Polícia Militar de
Minas Gerais, embora a hipótese também não possa ser descartada, tendo
em vista que os executores do advogado utilizaram armamento exclusivo do
Exército e das polícias Civil e Militar".
(Com Jhonny Cazetta e José Vitor Camilo)
Atualizada às 11h08 do dia 24/10/2013
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