Tabelado
É possível comprar um vírus virtual a R$ 80, e há promoções e combos no submundo da web
Impune. Alexandre Atheniense diz que é difícil rastrear criminosos
Um pacote de informações com dados de dez cartões de crédito alheios:
R$ 700. Um kit com tutorial de como extrair dados confidenciais de uma
conta bancária ou cartão de crédito: R$ 5.000. Um pequeno vírus virtual:
R$ 80. O nível de sofisticação do submundo criminoso da internet chegou
ao ponto de oferecer “produtos e serviços” com preço tabelado. Mais do
que um sinal do grau de organização dos criminosos, a prática é um
indício de que os sistemas de segurança das lojas e instituições
financeiras são falhos, já que são sumariamente ignorados pelos hackers.
A tabela de preços foi elaborada pela consultoria especializada em
segurança digital Trend Micro e compõe o estudo “Desafios de Segurança
Cibernética Enfrentados por uma Economia em Rápido Desenvolvimento”.
Os dados, segundo o engenheiro regional da Trend Labs, Fernando Mercês,
foram pinçados em fóruns escondidos na chamada “deep web” – parte da
internet que não está indexada a buscadores como o Google e permite
fóruns de discussão criptografados. “Temos uma equipe que monitora a
‘deep web’ e reúne essas informações”, explica. Ele diz que, mesmo no
mercado negro, algumas regras comuns se aplicam. “Existe concorrência
entre os criminosos que oferecem promoções e preços mais baixos para
pacotes maiores”.
O advogado especializado em direito digital Alexandre Atheniense diz
que o grande desafio da polícia é identificar os criminosos. “Os
servidores estão espalhados em vários países e as informações se perdem
na rede. Essa impunidade acaba estimulando o crime”.
O investimento das empresas em sistemas de segurança mais modernos
acaba sendo a única forma de combate ao crime digital. “Mas esses
sistemas também precisam ser bem utilizados ou o esforço será em vão”,
diz Mercês.
Ativismo. Entre os hackers existem aqueles que têm o único objetivo de obter alguma vantagem financeira – “a grande maioria”, diz Mercês –, e aqueles que são ativistas. “Eles usam esse conhecimento em informática para defender alguma causa ou mostrar algum ponto de vista”, explica.
A técnica é invadir ou tirar do ar páginas de instituições financeiras,
partidos políticos e até de emissoras de televisão. “O hackativismo é
tendência crescente do mundo hacker. Embora não tenha o objetivo de
obter ganho ilícito, a prática também é criminosa e traz um desafio para
os sistemas de segurança”, avalia Mercês.
Marco civil
Internet. Tramitando em regime de urgência na Câmara dos
Deputados, o marco civil da internet precisa ser votado até amanhã. Caso
contrário, ele trava toda a pauta de votação da Casa.Ativismo. Entre os hackers existem aqueles que têm o único objetivo de obter alguma vantagem financeira – “a grande maioria”, diz Mercês –, e aqueles que são ativistas. “Eles usam esse conhecimento em informática para defender alguma causa ou mostrar algum ponto de vista”, explica.
Investimento em segurança supera fraudes Somadas as fraudes eletrônicas e os golpes gerados em canais eletrônicos de atendimento, o prejuízo dos bancos, apenas em 2012, foi de R$ 1,4 bilhão. Apesar da soma expressiva, as perdas representaram um recuo de 6,7% em relação a 2011, mesmo com o aumento de 75% nas tentativas de golpe, de acordo com levantamento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). No mesmo período, os investimentos dos bancos em segurança da informação somaram cerca de R$ 2 bilhões. Segundo a Febraban, embora as fraudes ainda aconteçam, o sistema bancário brasileiro é considerado seguro. Em nota sobre o assunto, a entidade diz que “uma prova da eficácia dos meio utilizados no combate à ação dos criminosos é o fato de que as fraudes atingem uma fração mínima das transações bancárias”. Em 2011, segundo o órgão, 0,006% das transações foram vítimas de alguma invasão.
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