quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Reação após leite derramado » Governos federal, de MG, do RJ, e de SP montam estratégia contra protestos violentos

União e governos estaduais traçam ações conjuntas para combater a violência e vandalismos durante os atos de protestos União e governos estaduais traçam ações conjuntas
Paulo de Tarso Lyra
Étore Medeiros- Portal uai
Publicação: 30/10/2013 06:00 Atualização: 30/10/2013 07:16

As carcaças de caminhões e ônibus que foram saqueados e queimados em protesto foram recolhidas ao pátio da Polícia Rodoviária
Depois de quatro meses, finalmente, os governos federal, do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e de São Paulo decidiram sentar para traçar uma ação conjunta de combate à ação dos black blocs nas manifestações. O aumento da violência, tendo como pico o fechamento da Rodovia Fernão Dias na segunda-feira, e as cenas da agressão ao coronel da PM Reynaldo Simões Rossi, na sexta-feira, na capital paulista, levaram o Planalto a dar sinal verde para que a conversa entre os entes federados saísse do plano virtual e passasse para o concreto.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, vai se reunir nesta quinta-feira com os secretários de Segurança de São Paulo, Fernando Grella, e do Rio, José Maria Beltrame, e de Defesa Social de Minas Gerais, Rômulo Ferraz. “O Estado tem de fazer respeitar a ordem pública, e assim será feito”, defendeu Cardozo, ao informar o envio de efetivo da Polícia Rodoviária Federal de Minas e do Rio para reforçar a segurança na Fernão Dias, em São Paulo, onde atos de vandalismo têm sido uma constante desde o assassinato de Douglas Rodrigues, de 17 anos, que levou um tiro na Vila Medeiros, em São Paulo, durante uma abordagem policial.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo confirmou que três linhas de atuação foram discutidas. “A primeira é tornar mais ágil a comunicação entre as duas polícias, reduzindo o tempo de resposta para o atendimento das ocorrências. Também foi discutido o aumento do policiamento na região, além do uso de estruturas da concessionária que administra a rodovia federal, como câmeras de videomonitoramento para auxiliar no combate à ação de vândalos”, afirmou.
O ministro prestou solidariedade à família do jovem morto na ação policial e defendeu uma apuração criteriosa do assassinato. Dilma comentou o episódio pelo Twitter. “Assim como Douglas, milhares de outros jovens negros da periferia são vítimas cotidianas da violência. A violência contra a periferia é a manifestação mais forte da desigualdade no Brasil”, declarou.
O ministro da Justiça negou o envio da Força Nacional de Segurança Pública a São Paulo, já que não houve pedido do governo paulista,e rejeitou que tenha havido demora da União em intervir no combate ao vandalismo. Cardozo anunciou ainda outra reunião, possivelmente nesta semana, com o Conselho Nacional do Ministério Público, a Ordem dos Advogados do Brasil e o Conselho Nacional de Justiça. Existem diagnósticos de que os confrontos no Rio têm um caráter político e, em São Paulo, são fruto de ações de criminosos ligados ao grupo que comanda os presídios paulistas.
Sala de emergência
Enquanto Cardozo conversava com os secretários de Segurança por telefone, Dilma articulava com os governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do Rio, Sérgio Cabral, uma ação conjunta mais efetiva. Quando os confrontos começaram, há quatro meses, tanto o tucano quanto o peemedebista disseram que não precisavam de ajuda. O diagnóstico, contudo, evoluiu. As tropas estão cansadas dos confrontos e o estado emocional dos policiais começa a preocupar os comandantes com risco de  consequências mais desastrosas. Pesou também uma recente pesquisa na qual 95% dos paulistanos desaprovam os black blocs. No dia mais tenso das manifestações — 20 de junho, quando os vidros do Itamaraty foram quebrados —, Dilma reuniu-se com Cardozo e criou-se uma sala de emergência on-line com Grella, Beltrame e o secretário de Segurança do Distrito Federal, Sandro Avelar. Naquele momento, optou-se pelo não enfrentamento, temendo “um banho de sangue”, como definiu um interlocutor do governo. A violência dos black blocs fez com que as autoridades retomassem uma ação mais enérgica.

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