terça-feira, 12 de novembro de 2013

Falantes de português são 244 milhões em todo o mundo

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Mais de 200 representantes dos oito países de língua portuguesa reuniram-se a 29 e 30 de outubro em Lisboa numa conferência sobre o Futuro da Língua Portuguesa. Três anos e meio depois da primeira conferência, que decorreu no Brasil e resultou na adoção do Plano de Ação de Brasília para a Promoção, a Difusão e a Projeção da Língua Portuguesa, os participantes da II Conferência da Língua Portuguesa no Sistema Mundial fizeram o balanço do que foi feito desde então e abordaram os temas a incluir no Plano de Ação de Lisboa, elaborado pelos representantes dos Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Os países lusófonos devem concentrar- -se e envolver-se, no âmbito da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), na definição de “medidas concretas” para a promoção do português. O pedido, em tom de alerta foi feito pelo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, no decorrer da II Conferência da Língua Portuguesa no Sistema Mundial, que se realizou em Lisboa. José Cesário afirmou que o Estado português tem desenvolvido políticas públicas para responder ao crescente “interesse na aprendizagem” da língua portuguesa, mas sustentou que este é um trabalho que exige um “esforço global dos países lusófonos”. “Tem de haver mais envolvimento coletivo, global, e sob o chapéu da CPLP, uma entidade que tem um potencial extraordinário que tem de ser aumentado. Estamos a ter uma excelente relação com os senhores embaixadores junto da CPLP e com governantes de outros países lusófonos e temos todas as razões para acreditar que é possível haver um maior envolvimento de todos neste esforço”, referiu à Lusa. O trabalho, defendeu o secretário de Estado das Comunidades, passa por “ações concretas” a desenvolver pelo Instituto Internacional da Língua Portuguesa - organismo que depende da CPLP -, em conjunto com entidades de cada país, nomeadamente o instituto Camões, em Portugal. Com um envolvimento dos países, sustentou, é possível chegar a mais alunos. Atualmente, aprendem português cerca de 150 mil alunos, divididos entre ensino superior e ensino básico e secundário, e existem 360 professores da língua. “Precisamos de somar um esforço também de outros países lusófonos, para em vez de servirmos 150 mil alunos, podermos servir 500 mil”, salientou Cesário. “Temos de ter muita fé no futuro da lusofonia. Há mais falantes de português no mundo, há mais interesse no português, a nossa língua tem interesse económico, faz com que se crie uma autêntica economia do conhecimento em torno dela”, defendeu. “É preciso ir mais longe” O crescimento acentuado do número de falantes foi também referido pela presidente do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua. Recordando que a primeira conferência tinha como tema a língua portuguesa na Internet e no mundo digital, Ana Paula Laborinho sublinhou que hoje o português é a quinta língua mais usada na Internet e a terceira nas redes sociais, como o Twitter e o Facebook. Reconheceu que ainda é preciso fazer “muito mais em termos de conteúdo”, nomeadamente no desenvolvimento de plataformas de ensino à distância, mas sublinhou a apresentação, durante a Conferência, de um portal do português como língua estrangeira. Há outras áreas em que “é preciso ir mais longe”, reiterou Laborinho, exemplificando com a utilização do português nas organizações internacionais, no ensino, nas diásporas. Mas sublinhou que a novidade desta conferência é a aposta no português como língua de ciência e de inovação. Recordando que atualmente se pensa na língua inglesa como a língua da ciência, a responsável afirmou que na conferência serão apresentadas propostas concretas para valorizar o português como língua de investigação e ciência. “Isto não é uma guerra, não é a defesa de uma língua contra a outra”, disse a presidente do instituto Camões, afirmando que há espaço para mais do que uma língua na ciência. Já o secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Murade Murargy, propôs em Lisboa, a criação de um programa para promover a mobilidade de estudantes, professores e investigadores entre os Estados-membros. Murade Murargy, que falou na abertura da Conferência, defendeu uma “reflexão conjunta sobre o espaço do ensino superior, ciência e tecnologia da CPLP”. “Mantemos a prioridade de atuação futura na criação do espaço de ensino superior da CPLP”, intenção aprovada há cerca de dez anos, disse Murade Murargy. “Os desafios são gigantescos. Para a concretização do objetivo estratégico de construir um espaço de ensino superior para a CPLP são chamadas as universidades dos Estados-membros”, sustentou. O trabalho passa por promover a cooperação na avaliação da qualidade do ensino superior e na identificação de critérios e metodologias comparáveis, procurar a harmonização e concertação do desenvolvimento curricular, e realizar programas conjuntos de formação graduada e pós-graduada e de investigação. Na sua intervenção, Murargy apelou ainda ao aprofundamento das relações económicas e empresariais entre os países da CPLP. “Atualmente, as dimensões geopolítica e geo-económica conferem à língua portuguesa um potencial cada vez maior no plano da correlação com outras línguas dominantes, por força dos indicadores de crescimento económico de alguns Estados-membros e pela forte atuação da concertação política e diplomática da CPLP no sistema internacional”, defendeu. Também na abertura, o presidente da comissão científica da conferência, Ivo José de Castro, lembrou o uso da língua na diáspora, nomeadamente entre as novas gerações, que devem preservar “a memória ativa da língua e da cultura de que são descendentes”, e de estrangeiros, que procuram aprender português para “ler Camões e Pessoa, mas também para fazerem negócios”. Nesse sentido, o responsável defendeu que a CPLP deve estar preparada para oferecer “um ensino de qualidade”, propondo a criação de um sistema de “certificação internacional de competências linguísticas em português, único, uniforme e homogéneo”. Luta contra o analfabetismo Mas para Amaral Lala, do Ministério das Relações Exteriores angolano, antes de se exportar o português para fora do espaço da comunidade lusófona devem primeiro ser criadas condições de acesso à língua em alguns Estados-membros. Amaral Lala, que falou no segundo e último dia de trabalhos da II Conferência da Língua Portuguesa, numa sessão subordinada ao tema «Internacionalização e Indústrias Culturais», sublinhou a necessidade de estabelecer metas coletivas, a nível da educação e na luta contra o analfabetismo, já que o investimento na educação é condição essencial para o desenvolvimento e afirmação de cada um dos oito Estados da CPLP (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste) no sistema mundial. “Só com a garantia de poder aceder à escola, uma parte das populações pode ter acesso à língua portuguesa”, sublinhou Amaral Lala. Promover o multilinguismo e a diversidade cultural como elementos de promoção da língua portuguesa, de forma a tornar os Estados da Comunidade mais atrativos, não só a nível da língua, como a cultura, sobretudo para Estados não falantes de português, disse. Para isso, defendeu a identificação de estratégias de promoção e divulgação cultural, em particular na Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), em que o português é língua oficial. “A UNESCO pode ser um laboratório para os países da CPLP”, considerou. Na abertura da sessão, o coordenador Antonio Sartini, diretor do Museu de Língua Portuguesa, referiu que a instituição, criada há sete anos, em São Paulo (Brasil), representa um património que é um idioma. O museu é o mais visitado da América Latina e do Brasil e a maioria dos visitantes é oriunda de países não lusófonos, adiantou o brasileiro. “O português assume-se assim, não como uma língua opressora, mas libertadora, para si e para todas as culturas que engloba”, disse. “É a língua do conhecimento, da educação e dos nossos sonhos, que nos permite projetar um futuro para todas as nossas comunidades”, declarou. Língua de investigação científica A aposta no português como língua de ciência e de inovação, defendida por Ana Paula Laborinho, foi apoiada por especialistas presentes na Conferência, que pedem “maiores esforços” por parte dos cientistas e investigadores, para aumentar e reforçar o peso internacional do português como língua de ciência e de inovação. O objetivo não passa, contudo, por competir com o inglês, “que é “sem contestação a principal língua ativa na produção de ciência, cultura e conhecimento”, mas antes por “não entregar mais pontos e defender” a língua portuguesa, disse à agência Lusa Ivo Castro, professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e membro da comissão científica da conferência. Trata-se de “não deixar que se agrave aquilo que sentimos como um desequilíbrio entre o predomínio do inglês”, precisou. Dados divulgados na Conferência de Lisboa, demonstram que a produção científica aumentou em quase todos os países lusófonos entre 2002 e 2012, com exceção de Timor-Leste e São Tomé. Especial destaque vai para Moçambique, que segundo os dados da Direção-Geral de Estatísticas de Educação e Ciência (DGEEC), registou nesse período o maior aumento no número de publicações indexadas nas bases de dados de referência internacional entre os países africanos de língua portuguesa. Apesar da “evolução positiva” da produção científica no espaço da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), os especialistas lembram que a maioria dos investigadores lusófonos decide publicar os seus trabalhos em inglês, sobretudo por uma “questão de visibilidade”. Quase 90% das publicações científicas lusófonas contempladas na “Web of Science” estão em inglês, contra 9,9 % em português, segundo os dados da DGEEC. Mas esse “desequilíbrio” é mesmo visível em bases de dados como a “SciElo”, uma plataforma que junta países da América Latina, Caraíbas, Espanha e Portugal - e que dá especial visibilidade internacional à produção científica em espanhol e português. “Só 53,1% das publicações ali referenciadas estão de facto em português, contra 44,5% em inglês e 2,4% em outras línguas”, precisou Cristiana Agapito, da DGEEC, para quem esta realidade só poderá ser alterada se houver “uma aposta na qualidade da produção científica e nas revistas científicas lusófonas”. “Se ganharmos um espaço e uma credibilidade externa, acho que o português também passará a ser consultado por muita gente”, considera. A criação de bases terminológicas comuns aos vários países da CPLP, nos domínios técnico e científico, ou o incentivo à publicação de tradução técnica do português para outras línguas e vice-versa foram uma das inúmeras medidas apontadas pelos especialistas ouvidos. “Tudo isso permitiria uma certa ‘reabilitação’ do português como língua de criação e de circulação científica”, vincou João Veloso, professor na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. A II Conferência da Língua Portuguesa no Sistema Mundial terminou com a elaboração de um plano de ação, aprovado pelos ministros dos Negócios Estrangeiros dos oito países-membros da CPLP, a 04 de novembro na sede da organização. O documento será endossado para a cimeira de Díli, prevista para julho de 201alado por 244 milhões de pessoas em todo o mundo, o português é a sexta língua mais utilizada do globo. É ainda a quinta mais usada na Internet e a terceira nas redes sociais Facebook e Twitter. As estatísticas são do e foram transmitidas pela presidente, Ana Paula Laborinho, a propósito da Conferência. Também o site do Observatório da Língua Portuguesa, que reúne diversas fontes para construir as suas estatísticas, aponta para 244,392 milhões de falantes de português em todo o mundo, mas coloca o português como a quarta língua mais falada do mundo, atrás do mandarim, do espanhol e do inglês. A posição do português nas listas das línguas com maior número de falantes varia conforme os critérios das organizações que as elaboram. No site do Observatório da Língua Portuguesa, é explicado como se chega aos 244 milhões de falantes. Falado nos cinco continentes, o português é a língua oficial de oito países: Angola (19,8 milhões de habitantes), Brasil (194,9 milhões), Cabo Verde (496 mil), Guiné-Bissau (1,5 milhões), Moçambique (23,3 milhões), Portugal (10,6 milhões), São Tomé e Príncipe (165 mil) e Timor-Leste (1,1 milhões). Contudo, só nos casos de Portugal e do Brasil é contabilizada toda a população como falante de português. Em Timor-Leste, por exemplo, apenas 20% dos habitantes falam português, enquanto na Guiné-Bissau são 57%, em Moçambique 60%, em Angola 70%, em Cabo Verde 87% e em São Tomé e Príncipe 91%, revelam os dados do observatório. Por outro lado, é preciso contabilizar também as diásporas, que todas juntas ascendem a quase 10 milhões de falantes de português, incluindo os 4,8 milhões de emigrantes portugueses e três milhões de brasileiros, segundo dados de 2010. A língua portuguesa é ainda falada em locais por onde os portugueses passaram ao longo da História como Macau, Goa (Índia) e Malaca (Malásia). Segundo o Observatório da Língua Portuguesa, o português é a língua mais falada no hemisfério sul, com 217 milhões de falantes em Angola, Brasil, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Entre as línguas europeias, o português surge como a terceira mais falada e um estudo da Bloomberg considera-o a sexta do mundo mais utilizada nos negócios. Na Internet, o português é hoje o quinto idioma mais utilizado: 82,5 milhões de cibernautas, segundo o site Internet World Stats. O número de utilizadores da Internet em português aumentou 990% entre 2000 e 2011, mas nesse ano ainda só representava 3,9% do total de cibernautas e 32,5% do total de falantes de português no mundo, o que permite antecipar que ainda tenha muito por onde aumentar. Já no Facebook, o português é a terceira língua mais usada, por 58,5 milhões de utilizadores, a seguir ao inglês (359 milhões) e ao espanhol (142 milhões). Foi a que mais cresceu naquela rede social, com um aumento de mais de 800% entre 2010 e 2012. Também no Twitter, o português é a terceira língua mais usada, representando 12%do total de tweets enviados, a seguir ao inglês (39%) e ao japonês (14%).
Português é falado em oito países de quatro continentes Os países lusófonos estão unidos no objetivo de tornar o português a 7.ª língua oficial da Organização da Nações Unidas (ONU), segundo as missões permanentes de Portugal e do Brasil na instituição. O representante permanente de Portugal, Álvaro Mendonça e Moura, explicou à agência Lusa que existe “um esforço constante” e que “todos os parceiros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) estão empenhados em persistentemente defender e valorizar” o lugar da língua portuguesa na organização internacional. O embaixador do Brasil, Guilherme de Aguiar Patriota, disse que “é uma prioridade para o Brasil a colaboração estreita com os países de língua portuguesa na ONU” e propõe “que a estratégia de disseminação (da língua) seja feita de modo gradual, uma vez que se trata de uma questão que envolve custos”. “Um ponto de partida, por exemplo, poderá ser a tradução de alguns documentos da ONU para a língua portuguesa”, explicou Aguiar Patriota, sublinhando que “em algumas agências especializadas da ONU, como por exemplo a Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI), já se admite a prática de intervenções em português durante as reuniões principais do órgão deliberativo”. A ONU tem hoje duas línguas de trabalho (inglês e francês) e seis línguas oficiais (árabe, chinês, inglês, francês, russo e espanhol). Caso alcançasse o estatuto de língua de trabalho, todo a documentação produzida passaria a estar disponível também em português. Em 2010, o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, já manifestara este desejo e desafiara os países lusófonos a incentivar o uso da língua. Desde então, os países têm feito um esforço para sublinhar a diversidade geográfica da implantação da língua em debates de alto nível, como aconteceu em setembro no debate geral na abertura da Assembleia Geral da ONU, em que todos os representantes da CPLP falaram em português. Para tornar isso possível, a CPLP teve de pagar cerca de 550 euros e facultar uma tradução dos discursos numa das línguas oficiais de cada intervenção. A 02 de maio deste ano, as várias representações permanentes dos Estados-membros da CPLP também assinalaram o “Dia da Língua Portuguesa e da Cultura da CPLP” junto da ONU. Álvaro Mendonça e Moura sublinhou que o português “já tem estatuto de língua oficial, de trabalho ou de documentação numa multiplicidade de entidades pertencentes ao sistema” da ONU e dá vários exemplos, como Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), o Fundo Monetário Internacional (FMI) ou a Organização Mundial de Saúde (OMS). O mesmo acontece na União Africana, na União Europeia, que adotou todas as línguas dos países-membros, na Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) e na Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO). O diplomata lembrou ainda que português é uma das duas línguas não-oficiais com emissões diárias na rádio da organização e que isso é “o reconhecimento devido pelo expressivo número de falantes do português no Mundo, em diferentes países e em vários continentes”. Mendonça e Moura recordou que o português “é a única das línguas com expressão verdadeiramente global (pela associação do número de falantes com a implantação geográfica, 8 países de 4 continentes) que não é língua oficial das Nações Unidas”.

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