Pelo
menos 700 balas de fuzil foram repassadas por dois militares do
Batalhão de Infantaria Leve, com sede em Campinas, segundo investigação
Marcos Arcoverde/Estadão
"Caso vem à tona às vésperas de nova ocupação"
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As 700 balas
foram repassadas por dois militares do 28.º Batalhão de Infantaria Leve
(BIL), com sede em Campinas, ao traficante Luciano Santana Barbosa, o
Malaca, de 35 anos, segundo denúncia do MPM. Denunciado pelo crime de
receptação, Malaca teve a prisão preventiva decretada pela Justiça
Militar no dia 20. Se condenado, pode pegar até cinco anos de prisão.
Acusado de integrar o PCC, Malaca está foragido desde julho de 2010,
quando escapou do Presídio de Pedrinhas, em São Luís (MA).
Também
foram denunciados o sargento Ivan Carlos dos Santos, de 40 anos, e o
soldado Geraldo Júnior Rangel dos Santos, de 22. Lotados no 28.º BIL,
respondem pelo crime de peculato e furto. A pena varia de 3 a 15 anos de
reclusão.
O desvio das 700 munições do Exército foi
descoberto por acaso, durante uma investigação conduzida pela 5.ª
Delegacia de Repressão a Roubo a Bancos, da Polícia Civil de São Paulo,
sobre uma quadrilha especializada em explodir caixas eletrônicos no
interior do Estado.
O sargento Ivan foi flagrado em
interceptações telefônicas negociando munições para fuzis AK-47 com dois
traficantes. Também foram monitoradas mensagens de texto, nas quais
descobriu-se que cada cartucho era vendido por R$ 10.
Com
isso, os investigadores obtiveram na Justiça comum um mandado de busca e
apreensão na residência do sargento. A ordem foi cumprida em 6 de abril
do ano passado. Os policiais encontraram 23 munições de fuzil 7.62, 20
munições e um carregador de pistola 9mm, além de munição de festim.
Venda.
Depois de ser preso, o sargento Ivan admitiu, em depoimento à polícia,
ter vendido 700 munições de fuzil 7.62 para Malaca. Segundo o militar,
as balas eram "sobras" da Operação Arcanjo 6, desempenhada por militares
do 28.º BIL no Complexo do Alemão, no Rio, em 2012. Ele exercia a
função de furriel (responsável pelo controle de uso de munição). Na
delegacia, o sargento reconheceu o traficante Malaca por foto. Disse
ainda que as balas foram entregues ao bandido por ele próprio, numa
praça de Campinas.
Já o soldado Rangel, que era auxiliar do
sargento Ivan, disse à Polícia Civil que tinha a incumbência de
registrar o uso de munições nos treinamentos no 28.º BIL. Admitiu que
registrava mais munições do que as efetivamente consumidas. Revelou
ainda que o sargento guardava as munições desviadas no cofre da sala do
furriel, e que depois as transportava para casa. O soldado também
admitiu ter fornecido ao sargento o contato de Malaca.
Os
dois militares tiveram a prisão decretada pelas Justiças comum e
Militar. O soldado já responde em liberdade. O sargento permanece preso
preventivamente por conta do processo na Justiça comum.
Outro
lado. Apesar de admitirem o crime à polícia, em depoimento à Justiça
Militar os militares negaram as acusações. O advogado José Ricardo de
Mattos, que defende o sargento, disse que as munições encontradas na
casa dele eram de festim. O advogado Samuel Pacheco, que representa
Rangel, alegou que ele não é citado nas interceptações telefônicas
negociando as munições. O Estado não localizou o advogado de Malaca.
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