Agência Brasil
BRASÍLIA
- O Brasil subiu uma colocação no Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH) 2013. O relatório, divulgado nesta quinta-feira, 24, pelo Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), mostra o País em 79º
lugar entre 187 nações. Com essa classificação, o Brasil continua sendo
considerado como país de alto desenvolvimento humano.
Especialistas
da ONU dizem que o avanço discreto do Brasil no ranking se deve à crise
financeira internacional que começou em 2008, à desigualdade de renda e
ao crescimento acelerado de países que só agora começaram a criar
políticas de combate à extrema pobreza, como Ruanda. Além do Brasil,
apenas 37 países alcançaram uma colocação melhor que no ano passado. No
geral, o ranking do PNUD retrata um período de pouca mudança: 114 nações
mantiveram posições conquistadas em 2012 e outras 35 tiveram desempenho
pior.
O pequeno crescimento obtido pelo País, no entanto, se
perde quando se faz uma análise de um período maior. O relatório mostra
que no período entre 2008 e 2013 - período da crise financeira
internacional -, o País caiu quatro posições. Dentre os países do BRICS,
Brasil é o único que apresenta a queda. No mesmo período, a África do
Sul subiu duas posições; Índia avançou uma, a Rússia manteve a
colocação. Do grupo, a China foi a que mais cresceu, de acordo com o
relatório: 10 posições.
"Não mergulhamos para saber o que fez o
Brasil ter um desempenho pior dentro dos países do BRICs", reconheceu a
coordenadora do Atlas do Desenvolvimento Humano Brasileiro, Andrea
Bolzon. Coincidência ou não, a partir de 2008 o Brasil só teve um
crescimento melhor do que o apresentado pela Rússia no grupo dos BRICs. O
relatório destaca apenas que a Rússia apresenta uma educação menos
desigual. Para Andrea, o que mais torna mais lento o avanço do Brasil no
índice é a desigualdade na renda.
Três quesitos.
Desenvolvido há 24 anos pelo PNUD, o índice tem uma escala de 0 a 1.
Quanto mais próxima de um, melhor a situação do país. O Brasil alcançou
índice 0,744. Noruega, a primeira colocada, 0,944. O pior indicador foi
do Níger: 0,337. As notas são dadas a partir da avaliação de três
quesitos: saúde, educação e rendimento.
Para o coordenador do
sistema das Nações Unidas no Brasil, Jorge Chediek, o fato de o Brasil
ocupar apenas a 79° posição no ranking, atrás dos vizinhos Chile (41°),
Argentina (49°), Uruguai (50°) e Venezuela (67°) é resultado de
problemas históricos. "O passivo é enorme. Não podemos esquecer que o
Brasil apresentou melhoras consistentes nos últimos 30 anos",
justificou. "Em 1980, a média de tempo de escola do brasileiro era a de
2,6 anos e a expectativa de vida, de 62,7 anos", completou.
Educação.
O que garantiu ao Brasil avançar um pouco a colocação no ranking ,
avaliou Chediek, foi a educação e, sobretudo, a mudança na metodologia
usada para fazer o cálculo dos indicadores. A partir de agora, a
expectativa de anos estudados - uma espécie de expectativa de vida
escolar - tem peso semelhante a outro indicador, a de anos estudados. A
alteração é uma antiga reivindicação de países, sobretudo o Brasil, que
reclamavam que o indicador estampava condições ofertadas para alunos no
passado e não condições atuais.
O relatório deste ano mostra que
uma criança no Brasil tem expectativa de estudar 15,2 anos, a melhor
entre os países do BRICs. Rússia, a segunda colocada nesse quesito entre
o grupo, traz uma expectativa de anos escolar de 14 anos. O Brasil
perde, no entanto, na comparação com vizinhos Argentina e Uruguai. A
esperança é a de que as crianças argentinas que iniciam agora os estudos
terminem o ciclo dentro de 16,4 anos e as uruguaias, 15,5 anos. O
melhor desempenho entre os países analisados é o da Austrália. Crianças
australianas têm expectativa de estudar 19,9 anos.
Expectativa de vida.
O Brasil se destaca entre países do BRICs, também, na expectativa de
vida ao nascer: 73,9 anos. A segunda maior do grupo. Em primeiro lugar
vem a China, com 75,3. No entanto, a marca é inferior à apresentada pela
Bósnia (76,4 anos), Argentina (76,3 anos) e Uruguai (77,2 anos.) "Os
números brasileiros não são melhores por causa dos altos índices de
homicídios e acidentes de trânsito", disse Chediek.
Quando se
analisa os números totais, Brasil é o segundo colocado entre os BRICs.
Em primeiro lugar vem a Rússia, que ocupa o 57º. Depois do Brasil no
ranking geral vem a China, na 91º colocação. África do Sul ocupa o 118º
lugar e a Índia, o 135°.
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