Partido acredita que investigação no exterior poderá ser mais eficaz para recuperar dados
PUBLICADO EM 18/08/14 - 03h00
O PSB estuda enviar a caixa preta do avião que caiu, matando o
candidato à Presidência da República Eduardo Campos e outras seis
pessoas, na última quarta-feira, para ser analisada nos Estados Unidos.
De acordo com uma fonte ligada ao partido, integrantes da legenda não
estão satisfeitos com a informação de que o equipamento não fez
gravações do voo e têm esperança de que uma nova análise no exterior
possa elucidar as causas da tragédia.
“Essa é uma possibilidade e surgiu dentro do próprio PSB. Muitos
membros da legenda não se conformam com a falta de respostas”, disse
membro da sigla no Recife, sob condição de anonimato.
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos
(Cenipa), responsável pelas apurações, informou através da assessoria de
imprensa que não há informação oficial a respeito da transferência do
aparelho. No entanto, o órgão explicou que a possibilidade existe, já
que a empresa responsável é norte-americana e poderia solicitar o
procedimento.
No entanto, ainda de acordo com o Cenipa, a transferência da
caixa-preta para os EUA só poderá ser autorizada se o órgão entender que
isso não prejudicará as investigações já iniciadas no Brasil. Sobre as
reclamações de falta de transparência sobre detalhes do que provocou a
tragédia, o órgão responsável pela investigação informou que somente
agora os dados estão sendo processados.
A reportagem entrou em contato com a assessoria da direção nacional do
PSB, que informou não ter ainda um posicionamento definitivo sobre a
questão.
Congresso. Diante das dúvidas
sobre a causa do acidente que levou à morte de Campos, parlamentares
defendem a formação de uma comissão externa mista no Congresso para
acompanhar de perto as investigações e a quebra, ainda que parcial, do
sigilo das informações.
Como mostrou nesse sábado, o PSB vai articular para que as duas medidas
sejam concretizadas. A informação foi dada pelo presidente do PSB de
Minas, o deputado federal Júlio Delgado. O TEMPO
E não é só o PSB que defende essa medida. Procurado, o deputado federal
Domingos Sávio (PSDB) disse acreditar que a comissão pode pressionar
para dar mais “agilidade e transparência” às apurações. “Prefiro não
especular (se houve sabotagem), acreditamos que foi um acidente. O
Congresso deve, sim, formar uma comissão externa e deve ter acesso às
informações sigilosas”, disse.
A Lei 12.970 de 2014, prevê que o Cenipa tenha acesso prioritário e
exclusivo sobre os processos que envolvem acidentes aéreos no Brasil. O
deputado, porém, defende que nem todas as informações sejam divulgadas
para não colocar em risco a credibilidade das investigações.
Outros parlamentares apontam a ausência de gravação do voo da caixa
preta do avião como um aspecto “mais estranho”. De acordo com o deputado
federal Geraldo Thadeu (PSD), que participou da CPI do Apagão Aéreo, é
preciso garantir o acompanhamento de toda a investigação. “Era um
candidato à Presidência da República e é preciso saber o que ocorreu de
fato. Por isso sou favorável à formação da comissão externa e também da
quebra de sigilo”.
O também deputado federal Rodrigo de Castro (PSDB) é favorável à quebra
do sigilo dos dados. “Quanto mais transparência melhor, mas acredito
que as pessoas que eram ligadas a ele é que precisam acompanhar de perto
a apuração. É uma questão da família”, avaliou.
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