BRASÍLIA - "A Dilma é muito ruim, está fazendo tudo errado, mas se for outro vai fazer diferente? Será? Então, para que trocar?"
A frase, de uma eleitora na faixa de 55 anos, com nível médio de
escolaridade e renda de 2 a 5 salários mínimos, resume na prática,
coloquialmente, o precioso artigo "Sem Rumo", do colega Mauricio Puls,
na página A2 do último sábado (2).
Dilma caiu drasticamente nas pesquisas desde as manifestações de junho
de 2013 e jamais voltou aos patamares recordes que tinha. Nem por isso a
oposição está bombando.
Aécio Neves, Eduardo Campos e o Pastor Everaldo, somados, têm em 31% das
intenções de voto. Os três maiores opositores de 2010 chegavam a 48%, e
os de 2006 tinham 39% na mesma fase da campanha. Mesmo assim, nas duas,
o Planalto ganhou e a oposição perdeu.
Logo, Dilma não está nada bem, mas a oposição não convence e não tem
nenhum motivo para comemorar. A conclusão de Puls é que "o eleitor
prefere o conhecido ao desconhecido: mudar, só em último caso".
Mais de 70% dos entrevistados vêm demonstrando desejo de mudança e está
claro por que mudar, mas a questão, como colocou a eleitora aqui citada,
é: mudar para quem, para onde, para o quê?
Na sabatina desta quarta (6), para produtores rurais, viu-se com alguma
clareza qual a estratégia dos três principais candidatos para palanques e
programas eleitorais na TV e no rádio. Dilma vai elencar, com profusão
de números e imagens, o que fez; Aécio vai se mostrar afável, moderno e
confiável para o setor privado; Eduardo Campos vai pintar de eficiente e
fazer promessas.
A forma é favorável à reeleição, porque mudar só por mudar soa como
trocar seis por meia dúzia. É insuficiente para derrotar quem está no
poder, com a faca, o queijo e a tal profusão de números e imagens para
mostrar. Aécio e Campos nem precisam tanto que Dilma caia, precisam é
subir. Como? Eles que o digam.
Eliane Cantanhêde, jornalista, é colunista da Página 2 da versão impressa da Folha,
onde escreve às terças, quintas, sextas e domingos. É também
comentarista do telejornal 'GloboNews em Pauta' e da Rádio Metrópole da
Bahia.
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