Foad, um
caminhoneiro francês de origem marroquina, viajou sozinho para a Síria
para resgatar sua irmã de 15 anos de um grupo islâmico que, segundo ela,
a mantinha como prisioneira. Mas, quando finalmente ficou frente a
frente com a irmã, ela não quis ir embora.
Foad
está convencido de que sua irmã Nora, que ele descreveu como uma
adolescente impressionável que amava filmes da Disney antes de ir para a
Síria em uma tarde de janeiro, ficou por lá porque foi ameaçada de
morte pelo comandante, ou emir, do grupo ao qual ela se uniu.
A
ex-estudante colegial está entre dezenas de garotas europeias, muitas
delas da mesma idade, que vivem com tais grupos na Síria. É um aspecto
do conflito que está começando a preocupar governos europeus,
anteriormente mais focados no fluxo de homens jovens que adentravam as
tropas do Estado Islâmico e de outros grupos.
Muitas
das garotas mais jovens são atraídas com promessas de trabalho
humanitário. Já na Síria, elas descobrem seu destino: casamento forçado
com um combatente, estrita aderência à lei Islâmica, uma vida sob
vigilância e pouca esperança de retornar para casa, de acordo com pais,
parentes e especialistas em radicalização.
“Quando
ela me viu entrar naquela sala, ela não podia parar de chorar e me
segurar. Em um momento, eu disse ‘Então, você vai voltar comigo’”, disse
Foad, de 37 anos, à Reuters. “Ela começou a bater a cabeça na parede
dizendo, ‘eu não posso, eu não posso, eu não posso’”.
Foad,
que pediu para que seu nome completo não fosse divulgado para proteger
sua família na França, disse que Nora o havia informado que o primeiro
local dela foi Aleppo. Ele não quis divulgar o local do segundo
encontro, seguindo orientações da polícia francesa, para não revelar
detalhes relevantes à investigação.
Foad
disse que uma conversa que ele ouviu entre sua irmão e o emir sugeriram
que ela fora alertada a ficar. Nora havia repetidamente pedido à
família, por telefone, para ser resgatada das mãos dos militantes, os
quais chamou de “hipócritas” e “mentirosos”.
Enquanto
governos ocidentais têm se concentrado em milhares de voluntários
jihadistas homens que foram para a Síria e para o Iraque, autoridades da
área de segurança na Europa têm expressado alarme sobre um pequeno, mas
estável, fluxo de grupos femininos para os mesmo lugares.
Compondo
até 10 por cento de todas as partidas para as áreas controladas elos
islamitas radicais, de acordo com autoridades do governo e especialistas
em terrorismo, as jovens são vistas como prêmios por combatentes ávidos
para se casar.
Ocidentais
adolescentes são frequentemente observadas por recrutadoras mais velhas,
muitas dos quais ficam na Europa e usam mídias sociais, telefonemas e
falsas amizades para convencê-las a fazer trabalho humanitário em
regiões devastadas pela guerra. Outras precisam de menos convencimento,
ansiosas por participar no que acreditam ser uma jihad, ou guerra
sagrada.
Embora as mulheres
não lutem - mesmo que algumas formem unidades policiais - suas casas são
próximas de zonas de combate e expostas a bombardeios da aviões da
coalizão montada para combater o Estado Islâmico. Mulheres têm poucas
esperanças de escapar caso tenham algum arrependimento.
Foad disse que todo o contato com a irmã foi cortado desde a visita em maio.
“Das
jovens que acompanhamos, nenhuma voltou viva para casa”, disse Dounia
Bouzar, uma antropóloga francesa encarregada de uma missão para
desradicalizar candidatas para a jihad.
(Reportagem adicional de Alexandra Hudson, em Berlim, e Gwladys Fouche, em Oslo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário