Saúde
Doenças cardiovasculares
Alimentação saudável é a chave para manter um índice saudável e afastar os riscos de infarto e derrame
Patricia Orlando
O colesterol é importante para a regeneração dos tecidos,
dos ossos e para a síntese dos hormônios sexuais e da vitamina D
(Thinkstock/VEJA)
O colesterol é um tipo de gordura que circula na corrente sanguínea
e que carrega a fama de vilão pelo fato de, em excesso, aumentar o
risco de doenças cardiovasculares, como derrame e infarto. A substância,
no entanto, é essencial para algumas funções do organismo, já que ajuda
na regeneração dos tecidos e dos ossos e na produção de hormônios
sexuais e de vitamina D. Prova disso é que 70% de todo o colesterol
presente no corpo de uma pessoa é produzido por seu próprio organismo.
Para circular pela corrente sanguínea, o colesterol precisa se ligar a
uma lipoproteína, molécula que contém proteína e gordura. Existem dois
tipos dessas moléculas transportadoras: as lipoproteínas de baixa
densidade (LDL) e as de alta densidade (HDL) — e são elas que determinam
se o colesterol será mais ou menos prejudicial à saúde.
Enquanto o LDL deposita o colesterol nas paredes das artérias,
podendo entupir os vasos e desencadear problemas cardiovasculares, o HDL
leva o excesso de colesterol para o fígado para que seja eliminado pelo
intestino. Por isso, o colesterol transportado pelas moléculas LDL e
HDL é conhecido como colesterol ruim e bom, respectivamente.
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Os médicos consideram que os níveis de HDL devem ser de, no mínimo,
60 miligramas por decilitro de sangue e os de LDL não devem ultrapassar
100 miligramas por decilitro de sangue. Em quantidade superior a essa, o
colesterol "ruim" pode se acumular nas artérias e formar placas de
gordura. "Com o tempo, essas placas reduzem a circulação do sangue que
vai para o coração e podem formar coágulos, interrompendo completamente a
passagem do sangue, que é a causa do infarto ou derrame cerebral", diz o
cardiologista Luiz Bortolotto, coordenador do Centro de Hipertensão do
Hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo.
A alimentação é uma importante fonte de colesterol — e a qualidade
dos hábitos alimentares é fundamental para controlar os níveis de
gordura no sangue. Para garantir que o colesterol não prejudique a
saúde, é essencial evitar o consumo de gorduras saturadas, como explica o
endocrinologista Alex Leite, do Hospital e Maternidade São Luiz Itaim,
em São Paulo. Segundo ele, alguns alimentos ricos nesse tipo de gordura
são laticínios e derivados integrais, como leite integral, queijos de
coloração mais amarela, manteiga e requeijão, além de carnes gordas,
como lombo de porco, picanha, cupim e embutidos.
Praticar atividade física, ingerir alimentos ricos em fibra e parar
de fumar também ajuda a controlar o colesterol, reduzindo os níveis de
LDL e aumentando os de HDL.
Tratamento — No entanto, existem casos em que as
taxas de colesterol não se estabilizam com alimentação e atividade
física. As causas para esses problemas podem estar em alguma doença
metabólica, como o diabetes e a obesidade, ou na herança genética.
"Pessoas que têm familiares com colesterol alto tendem a apresentar taxa
elevada de colesterol, independentemente da dieta", diz Marcelo Paiva,
cardiologista do Núcleo de Cardiologia do Hospital 9 de Julho.
O tratamento à base de estatina é o mais utilizado nesses casos: o
medicamento inibe a produção de colesterol pelo organismo. Mesmo esses
pacientes, porém, devem seguir recomendações básicas para controlar o
colesterol.
Estratégias para controlar o colesterol
Consuma ômega-3
O ômega-3 é um ácido graxo que tem função anti-inflamatória. Ele
diminui o risco de placas de gordura, formadas pelo colesterol alto,
inflamarem e causarem coágulos. Além disso, o nutriente reduz o
colesterol ruim (LDL) e aumenta o bom (HDL). O ômega-3 pode ser
encontrado em peixes, principalmente na sardinha e no salmão. Não por
acaso, um estudo comprovou que a dieta do mediterrâneo, que é rica nesse ácido graxo, pode reduzir os níveis de colesterol no sangue.
Evite alimentos ricos em gordura saturada
Carnes gordas (como a picanha), leite integral, queijo amarelo,
presunto e manteiga são exemplos de alimentos ricos em gordura saturada.
"Esse tipo de gordura é o que tem a maior concentração de colesterol
ruim em sua composição", diz o cardiologista Luiz Bortolotto,
coordenador do Centro de Hipertensão do Hospital Oswaldo Cruz, em São
Paulo. Prefira as versões menos gordurosas desses alimentos, como carnes
brancas e leite desnatado.
Pratique exercícios físicos
A prática de atividades física acelera o metabolismo e,
consequentemente, incentiva a ação das enzimas que elevam a concentração
de colesterol bom no sangue. Indiretamente, o exercício reduz o nível
de colesterol ruim e protege as artérias. O ideal é praticar pelo menos
30 minutos de atividade física três vezes por semana.
Eleve a ingestão de fibras
As fibras ajudam a diminuir a absorção intestinal das gorduras,
matéria-prima do colesterol. "Esse mecanismo faz com que o organismo
excrete mais gordura do que absorve e ajuda a controlar os níveis de
colesterol ruim no corpo", afirma Marcelo Paiva, cardiologista do Núcleo
de Cardiologia do Hospital 9 de Julho, em São Paulo. Um estudo mostrou
que ingerir três quartos de xícara de chá por dia de leguminosas — como
feijão, lentilha e grão-de-bico —, ricas em fibra, pode diminuir em 5%
as taxas de colesterol ruim. Outras boas fontes do nutriente são aveia,
chia e caqui.
Pare de fumar
O tabagismo em si não eleva os níveis de colesterol ruim no sangue.
Porém, componentes como a nicotina deterioram as paredes das artérias,
de modo que fica mais fácil o colesterol se fixar nelas. "O cigarro
acelera e agrava o processo de formação de placas de gordura", diz
Marcelo Paiva.
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