terça-feira, 26 de maio de 2015

Economia Brasileira: A análise precisa de Frei Betto


José Antônio Bicalho
José Antônio Bicalho
jleite@hojeemdia.com.br
 

25/05/2015
Economia não é ciência exata. Fórmulas e cálculos econômicos estão sempre contaminados de humanidade e, consequentemente, de imponderabilidade. Por isso, a sensibilidade para enxergar a alma da sociedade é, muitas vezes, tão importante quanto a capacidade de analisar números e encaixá-los em teorias.
Admiro Frei Betto desde sempre por ser um homem sensível ao social como poucos. Nunca fomos apresentados, mas nossos caminhos já se cruzaram algumas vezes. Meus filhos estudam numa escola instalada no prédio do antigo convento dos Dominicanos, onde Frei Betto estava nos anos 70, um centro de resistência à ditadura.
Na última vez que o vi, numa farmácia na Savassi, ele discutiu com um jovem casal que tentou furar a fila do caixa. Pois esse homem que se revolta contra pequenas e grandes indignidades resumiu, em meia dúzia de frases, o que teóricos precisarão de centenas de páginas para provar.
Numa entrevista à revista Cult (a íntegra está na internet), Frei Betto disse: “O erro do Lula foi ter facilitado o acesso do povo a bens pessoais, e não a bens sociais –o contrário do que fez a Europa no começo do século 20, que primeiro deu acesso a educação, moradia, transporte e saúde, para então as pessoas chegarem aos bens pessoais. Aqui, não. Você vai a uma favela e as pessoas têm TV a cores, fogão, geladeira, microondas, celular, computador e até um carrinho no pé do morro, mas estão morando na favela, não têm saneamento, educação de qualidade. É um governo que fez a inclusão econômica na base do consumismo e não fez inclusão política. As pessoas estavam consumindo, o dinheiro rolando e a inflação sob controle, mas não se criou sustentabilidade para isso. Agora a farra acabou, está na hora de pagar a conta e chama-se o Joaquim Levy.”
Hora de negociar
Enxergar as tendências, muitas vezes, também independe de teorias e cálculos. Olhar ao redor pode ser tão proveitoso quanto um relatório de especialista.
Nas últimas quatro semanas estive às voltas com a difícil tarefa de procurar um novo apartamento para alugar. Corri inúmeros quarteirões em torno da região pretendida, visitei mais de uma dezena de imobiliárias e conversei com uma enormidade de corretores. E descobri que o momento é muito favorável a quem procura um imóvel, seja para alugar ou comprar.
O momento é de mudança. O mercado imobiliário, que esteve superaquecido nos últimos anos, está tomando um choque de esfriamento. Como é natural, os preços começam a cair, e isso está se dando paulatinamente.
Como os preços ainda não se estabilizaram em novo patamar, atualmente encontra-se de tudo: apartamentos de mesmo padrão com preços antigos e reajustados para baixo (em média 22% para aluguel), proprietários irredutíveis e aqueles dispostos à negociação (mesmo sobre valores já reduzidos).
O fato é que a oferta está generosa, e isso é bom para quem procura e ruim para quem oferece um imóvel.
Para quem deseja comprar, vale lembrar que a Caixa aumentou a exigência de entrada para financiamento de imóveis usados para 50%.

Nenhum comentário: