sexta-feira, 1 de maio de 2015

Minas é foco de cortes da Vale

BALANÇO

Com preço do minério em baixa, mineradora revela prejuízo de R$ 9,5 bi no primeiro trimestre

Mineradora de ferro Vale em Itabira MG,  demite  600 empregados
Clima ruim. Mina do Cauê, em Itabira, faz parte do sistema Sudeste e é exemplo de uma unidade de maior custo para a mineradora
PUBLICADO EM 01/05/15 - 03h00
Com o preço do minério em baixa, a Vale teve um prejuízo de R$ 9,538 bilhões no primeiro trimestre deste ano, contra lucro de R$ 5,6 bilhões no mesmo período do ano passado A conta desse prejuízo bilionário pode cair no colo de Minas Gerais. Ontem, durante apresentação dos resultados, o diretor executivo de Ferrosos da Vale, Peter Poppinga, disse que, se o mercado demandar, a mineradora vai manter investimentos no sistema Norte, onde há minério de melhor qualidade, mas está pronta para reduzir a produção em minas com custos mais elevados, nos sistemas Sul e Sudeste, exatamente onde as unidades mineiras estão.

O sistema Sudeste é composto pelos complexos Itabira, Mariana e Minas Centrais (região de Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo). O sistema Sul é formado pelos complexos Vargem Grande (região de Nova Lima), Paraopeba (região de Nova Lima e Brumadinho) e Minas Itabirito (região de Itabirito e Congonhas).
O presidente do Sindicato Metabase de Itabira e Região, Paulo Soares, afirmou que o resultado e a possibilidade de cortes na produção assustaram a cidade de Itabira. “Hoje, as minas daqui são as de maior custo da Vale. O custo por tonelada está girando em US$ 14 até o porto de Tubarão. E, com o preço em baixa, a situação é difícil”, destaca Soares. O preço internacional do minério caiu 51% em um ano. Custa hoje US$ 46 a tonelada. A Vale não confirmou, nem detalhou quais minas têm maiores custos, mas o mercado aponta que são justamente essas em atividade por mais tempo em Minas Gerais, como em Itabira.
Segundo Soares, o resultado negativo fortalece os boatos de que, na semana que vem, haverá uma grande demissão da empresa, em Itabira. “Já estamos vivendo uma onda de demissões desde o começo do ano, com cerca de 2.300 cortes, sendo aproximadamente 150 funcionários diretos da Vale e o restante terceirizados. Até o ano passado, eram mais de 12 mil trabalhadores na região e, hoje, são menos de 10 mil”, diz.
O presidente da Vale, Murilo Ferreira, disse que a empresa está reacomodando sua mão de obra em função da desmobilização de alguns projetos, como Itabirito (MG) e S11D, em Carajás. Mas, segundo o executivo, a mineradora pretende chegar ao fim do ano com o mesmo número de funcionários de 2014.
Ferreira disse que a mineradora ainda não está satisfeita e que manterá o seu foco em redução de custos e despesas, o que ajudará a companhia a atravessar esse período de ciclo de baixa de preços do minério de ferro. “Em 2015, iremos estabelecer a base de uma empresa mais competitiva e lucrativa. Iremos consolidar os esforços de corte de custos e ganho de produtividade e aumento de produção”, disse Ferreira.
Segundo o executivo, a companhia ainda está longe da redução de custos que está planejando para o ano. A companhia reduziu do quarto trimestre do ano para o primeiro período de 2015 o custo-caixa do minério de ferro colocado em porto, de US$ 23,2 a tonelada para US$ 19,8 a tonelada. (Com agências)
Ações
Mercado. O corte de custos foi muito bem visto pelos investidores. A Vale ON avançou 7,3% e a Vale PNA, 6,20% ontem.

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