domingo, 14 de junho de 2015

Congresso do PT acaba sem críticas ao ajuste ou grandes mudanças

SALVADOR

Documento final aprovado no 5º Congresso Nacional do PT, neste sábado (13) em Salvador, não cita nominalmente o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, como propunham alas mais à esquerda da legenda


Congresso PT
O ex-presidente Lula, a presidente Dilma Rousseff e o presidente do partido, Rui Falcão, durante o 5º Congresso Nacional do PT.
PUBLICADO EM 13/06/15 - 17h52
Diante daquela que pode ser a maior crise dos seus 35 anos de história, o PT decidiu, após três dias de discussões, mexer pouco na sua estrutura partidária e atenuar críticas ao governo da presidente Dilma Rousseff e à sua política econômica.

Documento final aprovado no 5º Congresso Nacional do PT, neste sábado (13) em Salvador, não cita nominalmente o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, como propunham alas mais à esquerda da legenda, e diz que é preciso "conduzir a orientação geral da política econômica para ampliação das políticas sociais."
"É preciso conduzir a orientação geral da política econômica para implementação de estratégias para a retomada do crescimento e defesa do emprego, do salário e dos demais direitos dos trabalhadores que permita a ampliação das políticas sociais", diz a emenda aprovada após acordo entre as duas maiores tendências da sigla, CNB (Construindo um Novo Brasil), do ex-presidente Lula, e Mensagem ao Partido, do ex-governador Tarso Genro (RS).
A edição inicial da emenda propunha "alteração da política econômica", mas a expressão foi trocada de última hora após o trato entre os dirigentes, atenuando ainda mais o tratamento sobre o ajuste, criticado por muitos petistas.
Uma proposta de reedição da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), extinta em 2007, havia sido incluída no texto base pelo presidente nacional do PT, Rui Falcão, mas o debate virou uma queda de braço entre PT e governo. A pedido do Palácio do Planalto, o trecho foi retirado do documento final.
Em entrevista a jornalistas no fim do congresso, Falcão mostrou insatisfação sobre o assunto e disse que "as pessoas têm medo de falar de imposto".
Segundo ele, porém, o partido se posicionou com críticas ao ajuste fiscal do governo Dilma evitando apenas "personificá-las".
"Acho que houve sim críticas a aspectos da política econômica, embora não dessa forma de 'fora, Levy', personificando críticas em algum ministro ou na presidente da República. Queremos uma orientação com mais emprego, mais salário, mais investimento, e isso não dá para ser feito com taxa de juros de 14% ao ano."
Ainda no campo econômico, como um pedido do PT de aceno à esquerda do governo, foi mantido no texto final a proposta de imposto sobre grandes fortunas, imposto sobre herança e imposto sobre lucros e dividendos. A emenda que propunha a auditoria da dívida pública, porém, foi rejeitada.
PMDB
O PT também rejeitou a revisão da política de alianças, que tem como principal aliado o PMDB, partido do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A proposta estava em uma emenda que chamava o partido aliado de "sabotador do governo".
Apesar da decisão, dirigentes petistas ecoavam gritos de "fora, Cunha" enquanto era discutida a proposta sobre a ruptura com o PMDB e demais partidos aliados.
Os petistas decidiram ainda adiar a discussão sobre financiamento privado de campanha, que está em discussão na reforma política debatida no Congresso Nacional, e manter as eleições internas como forma de eleger a direção do partido. O sistema é alvo de críticas de diversos dirigentes.
Após a decisão, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias reagiu. "O partido é de massas, mas não de massa de manobra. Isso aqui não é democracia de verdade", disse.

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