Leonardo Morais/Hoje em Dia
Presos fazem rebelião em presídio de Governador Valadares
Colchões foram queimados e telhas arremessadas do alto do prédio

GOVERNADOR VALADARES – Detentos de quatro pavilhões do presídio de Governador Valadares, no Leste de Minas Gerais, participam de uma rebelião no local, desde as primeiras horas deste sábado (6). Segundo a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), a penitenciária abriga quase o triplo da capacidade de presos. O clima na porta da instituição é tenso.
O motim teria começado no início do horário de visitas nos blocos B e D e se espalhado por outros dois pavilhões. No local havia grávidas, crianças e idosos que, aos poucos vão sendo liberados pelos detentos. Grades de celas foram quebradas, colchões queimados no telhado da instituição e telhas arremessadas do alto.
Por causa da fumaça, uma presa passou mal e precisou ser socorrida do lado de fora da unidade prisional. Um detento caiu ao tentar pular de uma laje para outra. Ele foi levado para o hospital. Familiares dos acautelados atearam fogo na moto de um agente penitenciário, que teve que sair correndo para não ser agredido.
Parentes dos presos, que estavam no local no início da rebelião, disseram que o motim começou depois que um dos detentos foi agredido por agentes. Os funcionários do presídio alegam que foram recebidos com violência durante o horário de visitas.
De acordo com a Seds, a direção do presídio conseguiu retirar todas as armas existentes na unidade e, aparentemente, não há funcionários no local.
O presidente da 43ª subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em Governador Valdares, Elias Souto, afirma que os presos denunciam maus-tratos e condições subumanas. Membros da Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Vereadores da cidade participam das negociações.
O diretor do presídio, João Menezes, acredita que o motim tenha sido motivado pela superlotação das celas. O local tem capacidade para acautelar 290 presos mas, atualmente, abriga 800.
Policiais militares e membros do Grupo de Intervenção Rápida (GIR) estão no local. O juiz da Vara Criminal da comarca, Thiago Cabral, também está no presídio.
Ameaças
De cima do telhado, os detentos fazem ameaças, gritando "se invadirem, vai morrer gente!". Ainda há reféns dentro do presídio.
A dona de casa Conceição Lourenço, de 74 anos, foi surpreendida com o motim quando visitava o filho, preso há três meses. "Quando a fumaça começou, estava dentro da cela. Meu menino me cobriu com a coberta e me deu água. Fiquei apavorada, mas falei para ele não se envolver com o tumulto, não reagir. Disse a ele que é preciso respeitar a lei. Eles (presos) estão errados, porque jogaram pedras nos agentes, e os agentes são a lei aqui", comentou a idosa.
Atualizada às 15h02