José Antônio Bicalho
José Antônio Bicalho
jleite@hojeemdia.com.br
José Antônio Bicalho
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O boletim Focus, divulgado ontem pelo Banco Central, mostra que as
projeções dos bancos e analistas de mercado para a economia estão
deteriorando com velocidade. Para este ano, a queda esperada do PIB
passou dos 1,97% na pesquisa anterior (divulgada no último dia 14) para
2,01% no Boletim de ontem. E, pela primeira vez, os analistas previram
contração do PIB também no próximo ano. A estimativa passou de
crescimento zero para queda de 0,15%.
Essa é a primeira vez desde que a pesquisa começou a ser realizada, em
1962, portanto há 53 anos, que o chamado “mercado” faz uma previsão de
queda do PIB por dois anos seguidos. E essa é a quinta semana
consecutiva em que pioram as projeções de crescimento da economia para
este e o próximo ano.
Considerando que o recuo do PIB no primeiro trimestre foi de 1,6%,
menor portanto que a projeção de recuo para o fechamento do ano, o que
podemos entender é que os analistas consideram que ainda estamos no
início do mergulho recessivo. Iremos ainda mais fundo e demoraremos mais
tempo que o esperado anteriormente, é o que dizem as projeções.
No próximo dia 28, o IBGE divulgará o PIB do segundo trimestre.
Teremos, então, uma noção mais clara da verticalidade da curva de queda
da economia. Mas o boletim focus, que olha para o futuro, enxerga um
cenário muito ruim.
Enquanto o levantamento apontava um mínimo crescimento para 2016, ou no
mínimo estagnação, era porque os analistas acreditavam que a inflexão
da curva de queda da economia se daria em algum ponto na passagem de
2015 para 2016. Quando a perspectiva para o próximo ano começa a se
deteriorar é porque esse ponto está sendo empurrado para frente. Ou
seja, a perspectiva agora é a de que a reversão para o crescimento (na
comparação mês contra mês) venha a acontecer somente em meados do
próximo ano.
Dois anos seguidos de recuo da economia serão desastrosos para as
empresas e para as famílias, e o impressionante é que o custo social
implicado na recessão está sendo friamente usado como variável da
política macroeconômica.
Como mostrou a coluna do Rafael Sânzio na edição do último domingo
(pode ser lida no portal do Hoje em Dia), a tradução do economês quase
impenetrável do último pronunciamento público do presidente do Banco
Central, Alexandre Tombini, é que o desemprego será importante para
reduzir a renda das famílias, aliviar a pressão de demanda e conter a
inflação. Ou seja, estariam manejando o desemprego como uma ferramenta
econômica. Acho isso assustador.
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