sábado, 17 de outubro de 2015

Possibilidade de acordo faz petistas ameaçarem deixar PT


Outro colega, que preferiu não ser identificado, conta que houve bate-boca e que as discussões no grupo de conversa foram acaloradas

PUBLICADO EM 17/10/15 - 03h00
O suposto encontro do ex-presidente Lula com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para tratar de um possível acordo gerou revolta em grupos de discussão da bancada petista nacional no WhatsApp. Segundo relatos de petistas mineiros, colegas que deram crédito à notícia da reunião entre os dois ameaçaram até sair do partido. O tratado implicaria Cunha não aceitar o pedido de impeachment de Dilma Rousseff e, em troca, o governo e o PT atuariam para que o seu processo de cassação, já protocolado, não vingasse no Conselho de Ética.
“Deputados, supondo que existiu um acordo, disseram que não mais se sentiriam à vontade no partido. Esses boatos causam ruídos que atrapalham”, disse o deputado Adelmo Leão. Ele não acredita nessa possibilidade e diz que os líderes da sigla garantiram que o encontro entre Cunha e Lula nunca existiu. O Instituto Lula também negou a informação. “Não há qualquer movimento de complacência. Não há recomendação de bancada ou de governo para compatibilizar sua situação (de Cunha) com a da presidente. Até porque contra Cunha há provas, e não há denúncia contra Dilma”, disse Adelmo.
Outro colega, que preferiu não ser identificado, conta que houve bate-boca e que as discussões no grupo de conversa foram acaloradas. “Várias pessoas perguntaram se o encontro aconteceu, disseram que se fosse verdade, era uma vergonha e que sairiam do partido. Os líderes garantiram que era mentira”, afirmou.

Para os petistas do Estado, não há constrangimento no que chamam de “fofocas”. Dos 62 deputados do PT na Câmara, 34 assinaram o pedido de cassação de Cunha por quebra de decoro na Comissão de Ética, entre eles os mineiros Leão, Margarida Salomão e Leonardo Monteiro. Margarida participou do encontro entre Lula e líderes do PT nesta quinta. Ela garante que não existiu qualquer orientação para aliviar a situação de Cunha. “O assunto foi recomposição da base, mudanças ocasionadas da reforma e a divisão da bancada. Lula disse textualmente ‘assunto Cunha não me concerne, não posso fazer nada. A coisa do Cunha é da Justiça e do Parlamento’”.

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