sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Legado dos romanos incluiu piolhos, percevejos e bactérias

Banheiras

Apesar dos hábitos de higiene, água utilizada não era trocada todos os dias

ITALY-COLOSSEUM-ARCHEOLOGY
História. Romanos são conhecidos por grandes monumentos, como o Coliseu, sofisticados aquedutos e sistemas sanitários
PUBLICADO EM 15/01/16 - 04h00
Quando o assunto são os antigos romanos, é comum pensar não somente em grandes monumentos, como o Coliseu, mas em sofisticados aquedutos e sistemas sanitários. Porém, esse gosto por banhos quentes em banheiras públicas e por água limpa e a busca pela higiene não foram suficientes para manter parasitas fecais longe da população romana. Pesquisa publicada na revista “Parasitology”, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, mostrou que, em alguns casos, eles até ajudaram na reprodução desses micro-organismos.
Os romanos eram conhecidos na antiguidade por manter hábitos de limpeza como recolher as fezes das ruas, tomar água limpa, banhar-se regularmente e ter banheiros públicos. No entanto, segundo Piers Mitchell, autor do estudo, o esquema sanitário dos romanos parece não ter resultado em uma população mais saudável.
Para chegar a essa conclusão, o especialista em evolução de doenças recolheu evidências arqueológicas (ossos e objetos do cotidiano) e amostras fecais de regiões localizadas no antigo Império Romano (entre 27 a.C. e 476 d.C.). A análise revelou que, mesmo com o aparato de higiene, os romanos continuavam sofrendo com infestações de piolhos, pulgas, percevejos e infecções bacterianas.
Parasitas como alguns tipos de tênias e lombrigas provavelmente eram os principais responsáveis por casos de anemia – evidências coletadas na Itália mostram que 80% dos esqueletos das crianças romanas apresentavam resquícios de casos graves da doença.
Adubo. De acordo com Mitchell, essa relação dos romanos com a limpeza pode ter desencadeado uma onda de novas infecções: as fezes que eram retiradas das ruas – para deixar a cidade com aspecto mais limpo – acabavam sendo usadas como adubo para o solo.
Os habitantes do Império Romano não tinham o conhecimento de que as fezes devem passar por compostagem durante meses antes de serem utilizadas como adubo e acabaram gerando novos ciclos de infecções.
Outro elemento que pode ter contribuído para a grande população de parasitas era o chamado “garum”, um molho tradicional e muito popular na antiguidade, feito de peixe cru e fermentado durante horas ao sol. De acordo com o estudo, esse alimento pode ter sido a causa da grande proliferação das tênias não só entre os romanos, mas por toda a Europa.
Já as grandes banheiras públicas, que garantiam que os romanos cheirassem “melhor”, seriam, na verdade, grandes “criadouros” de ovos de parasitas. O motivo é que a água, constantemente morna, não era trocada diariamente.
Flash
Termas. Esse era o nome usado pelos romanos para designar os locais destinados aos banhos públicos com diversas finalidades, como terapia na água com propriedades medicinais.
Troca da água
Escravos. Segundo estudos, em muitos casos, a troca da água dependia de escravos, que esvaziariam a banheira com baldes, o que deixava a população imersa nesses lugares que proliferavam parasitas.

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