Banheiras
Apesar dos hábitos de higiene, água utilizada não era trocada todos os dias
História.
Romanos são conhecidos por grandes monumentos, como o Coliseu, sofisticados aquedutos e sistemas sanitários
PUBLICADO EM 15/01/16 - 04h00
Quando o assunto são os antigos romanos, é
comum pensar não somente em grandes monumentos, como o Coliseu, mas em
sofisticados aquedutos e sistemas sanitários. Porém, esse gosto por
banhos quentes em banheiras públicas e por água limpa e a busca pela
higiene não foram suficientes para manter parasitas fecais longe da
população romana. Pesquisa publicada na revista “Parasitology”, da
Universidade de Cambridge, no Reino Unido, mostrou que, em alguns casos,
eles até ajudaram na reprodução desses micro-organismos.
Os romanos eram conhecidos na antiguidade
por manter hábitos de limpeza como recolher as fezes das ruas, tomar
água limpa, banhar-se regularmente e ter banheiros públicos. No entanto,
segundo Piers Mitchell, autor do estudo, o esquema sanitário dos
romanos parece não ter resultado em uma população mais saudável.
Para chegar a essa conclusão, o especialista
em evolução de doenças recolheu evidências arqueológicas (ossos e
objetos do cotidiano) e amostras fecais de regiões localizadas no antigo
Império Romano (entre 27 a.C. e 476 d.C.). A análise revelou que, mesmo
com o aparato de higiene, os romanos continuavam sofrendo com
infestações de piolhos, pulgas, percevejos e infecções bacterianas.
Parasitas como alguns tipos de tênias e
lombrigas provavelmente eram os principais responsáveis por casos de
anemia – evidências coletadas na Itália mostram que 80% dos esqueletos
das crianças romanas apresentavam resquícios de casos graves da doença.
Adubo. De acordo com
Mitchell, essa relação dos romanos com a limpeza pode ter desencadeado
uma onda de novas infecções: as fezes que eram retiradas das ruas – para
deixar a cidade com aspecto mais limpo – acabavam sendo usadas como
adubo para o solo.
Os habitantes do Império Romano não tinham o
conhecimento de que as fezes devem passar por compostagem durante meses
antes de serem utilizadas como adubo e acabaram gerando novos ciclos de
infecções.
Outro elemento que pode ter contribuído para
a grande população de parasitas era o chamado “garum”, um molho
tradicional e muito popular na antiguidade, feito de peixe cru e
fermentado durante horas ao sol. De acordo com o estudo, esse alimento
pode ter sido a causa da grande proliferação das tênias não só entre os
romanos, mas por toda a Europa.
Já as grandes banheiras públicas, que
garantiam que os romanos cheirassem “melhor”, seriam, na verdade,
grandes “criadouros” de ovos de parasitas. O motivo é que a água,
constantemente morna, não era trocada diariamente.
Flash
Termas. Esse
era o nome usado pelos romanos para designar os locais destinados aos
banhos públicos com diversas finalidades, como terapia na água com
propriedades medicinais.
Troca da água
Escravos. Segundo
estudos, em muitos casos, a troca da água dependia de escravos, que
esvaziariam a banheira com baldes, o que deixava a população imersa
nesses lugares que proliferavam parasitas.
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