Estudo
Para especialista dos EUA, antipetistas “puros” são os “verdadeiros herdeiros do regime militar”
Líder. Número dos que dizem preferir partido de Lula e Dilma caiu, mas ainda é maior desde os anos 90
PUBLICADO EM 22/02/16 - 03h00- O Tempo
Londres, Inglaterra.
Está crescendo no Brasil o número de eleitores que não toleram o PT e,
ao mesmo tempo, não manifestam preferência por nenhum outro partido
político. Os “antipetistas puros” saltaram de 7,49% do eleitorado em
1997 para 11,44% em 2014 e já representam um grupo proporcionalmente
maior que a soma de pessoas que declaram preferência por PSDB e PMDB.
As conclusões são do cientista político
David Samuels, professor da Universidade do Minnesota (EUA), em pesquisa
feita em parceria com o colega Cesar Zucco Jr., da Fundação Getúlio
Vargas do Rio de Janeiro. Eles estão escrevendo um livro sobre simpatias
e antipatias partidárias no Brasil. O estudo chama-se “Partidarismo,
Antipartidarismo e Comportamento do Voto no Brasil”.
Segundo o estudo, o PT segue sendo o partido
mais querido e odiado do Brasil. O número dos que dizem preferir a
legenda de Lula e Dilma Rousseff caiu nos últimos oito anos, mas ainda é
maior que o registrado na década de 1990.
Cerca de 14% do eleitorado declarava
simpatia pelo PT em 1997. Esse número pulou para 23,28% em 2006 e recuou
para 15,95% em 2014. PMDB e PSDB também perderam fatias de seus
partidários nos últimos anos.
Na tentativa de identificar quem são os que
declaram aversão ao PT, os dois professores usaram como base pesquisas
da Fundação Perseu Abramo, ligada ao próprio partido, para os anos de
1997 e 2006. Os dados de 2014 foram coletados pela Brazilian Electoral
Panel Survey, do Banco Interamericano de Desenvolvimento. Foram
entrevistadas para essas pesquisas 2.469 pessoas em 1997, 2.379 em 2006 e
3.120 em 2014.
David Samuels acredita que os antipetistas
puros são “desiludidos com a democracia, verdadeiros herdeiros do regime
militar”. Em 2014, a maioria deles defendia os militares no poder e não
via tanta utilidade no voto. De um modo geral, eles se declaram
brancos, têm renda mais elevada que os demais simpatizantes de partidos
políticos e média de 40 anos de idade. Mas não podem ser classificados
como conservadores convencionais, alerta o professor.
Ao mesmo tempo em que são contra as
políticas sociais que ganharam força ou foram elaboradas com o PT à
frente do Executivo federal, como o Bolsa Família e cotas para negros em
universidades públicas, eles se dizem a favor de que o governo atue
para reduzir os índices de desigualdade social.
O professor David Samuels diz ainda que não
há um único motivo para não se gostar do PT. “Pode ser em razão do
ex-presidente Lula, da presidente Dilma, por ideologia, desilusão, por
valores como lei e ordem ou mesmo por um sentimento de preconceito
contra o partido”.
Impostos
Coincidência. Pelo
estudo, os antipetistas toleram mais impostos para saúde e educação e,
em proporção similar aos outros grupos, também acham que ricos deveriam
pagar mais tributos.
Economia é o que mais preocupa
Londres.De um modo geral, os antipetistas dão menos importância a casos de corrupção no Brasil, na comparação com a performance econômica do governo do PT. É preciso fazer a ressalva, no entanto, que os dados mais recentes usados no levantamento são de 2014, quando as investigações da operação Lava Jato estavam apenas começando.
Desde então, houve a prisão de diversos empreiteiros e líderes políticos, inclusive vários petistas, como o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-deputado federal André Vargas (PR), o senador Delcídio do Amaral (MS) – agora solto –, e o ex-tesoureiro João Vaccari Neto.
Para o professor David Samuels, o antipetismo é um fenômeno que existe desde meados dos anos 1990, muito antes de Lula assumir a Presidência da República, em 2002.
O professor afirma ainda que nenhuma legenda foi capaz de atrair esse grupo que, até o momento, não tem nenhum líder nem preferência partidária.
Quem são os antipetistasLondres.De um modo geral, os antipetistas dão menos importância a casos de corrupção no Brasil, na comparação com a performance econômica do governo do PT. É preciso fazer a ressalva, no entanto, que os dados mais recentes usados no levantamento são de 2014, quando as investigações da operação Lava Jato estavam apenas começando.
Desde então, houve a prisão de diversos empreiteiros e líderes políticos, inclusive vários petistas, como o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-deputado federal André Vargas (PR), o senador Delcídio do Amaral (MS) – agora solto –, e o ex-tesoureiro João Vaccari Neto.
Para o professor David Samuels, o antipetismo é um fenômeno que existe desde meados dos anos 1990, muito antes de Lula assumir a Presidência da República, em 2002.
O professor afirma ainda que nenhuma legenda foi capaz de atrair esse grupo que, até o momento, não tem nenhum líder nem preferência partidária.
As características traçadas pelo estudo:
Idade
Média de 40 anos
Raça e renda
Declaram-se brancos e com renda mais alta
Liberdades individuais
Pró-direito homoafetivo e aborto
Democracia
Defendem os militares no poder e veem menos utilidade no voto que os demais grupos
Intervenção
Favoráveis à ação direta do governo para reduzir desigualdade
Carga tributária
Pagariam mais impostos para saúde e educação. Defendem a cobrança de mais impostos sobre as pessoas mais ricas
Visão do PT
Nutrem aversão ao PT, Lula e Dilma e a todas políticas sociais que viraram marca da gestão petista. Têm visões mais radicais que os simpáticos ao PSDB
Defesa de Lula vai apontar abusos
SÃO PAULO. O advogado do ex-presidente Lula afirma que vai apresentar reclamações ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e ao procurador geral da República, Rodrigo Janot, nas quais apontará que procuradores no Distrito Federal cometeram abusos e ilegalidades em inquérito sobre supostos crimes de tráfico de influência praticados por Lula no Brasil e no exterior.
Segundo nota assinada pelo defensor de Lula, Cristiano Zanin Martins, a defesa também vai alegar ao presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cláudio Lamachia, que na investigação houve cerceamento ilegal das prerrogativas dos advogados por parte do procurador Douglas Kirchner.
A divulgação da nota da defesa de Lula é uma reação à reportagem da revista “Época” a respeito de investigações nas quais Lula é acusado de prática de tráfico de influência em favor do grupo Odebrecht. Fazendo a ressalva de que as investigações ainda não são definitivas, a reportagem diz que o ex-presidente atuou como operador da empresa em 2011, quando já havia deixado o governo, para destravar e agilizar contratos no exterior financiados pelo BNDES.
SÃO PAULO. O advogado do ex-presidente Lula afirma que vai apresentar reclamações ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e ao procurador geral da República, Rodrigo Janot, nas quais apontará que procuradores no Distrito Federal cometeram abusos e ilegalidades em inquérito sobre supostos crimes de tráfico de influência praticados por Lula no Brasil e no exterior.
Segundo nota assinada pelo defensor de Lula, Cristiano Zanin Martins, a defesa também vai alegar ao presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cláudio Lamachia, que na investigação houve cerceamento ilegal das prerrogativas dos advogados por parte do procurador Douglas Kirchner.
A divulgação da nota da defesa de Lula é uma reação à reportagem da revista “Época” a respeito de investigações nas quais Lula é acusado de prática de tráfico de influência em favor do grupo Odebrecht. Fazendo a ressalva de que as investigações ainda não são definitivas, a reportagem diz que o ex-presidente atuou como operador da empresa em 2011, quando já havia deixado o governo, para destravar e agilizar contratos no exterior financiados pelo BNDES.
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