segunda-feira, 14 de março de 2016

Acabou, C'est fini Game over, já era

Ricardo Galuppo
Ricardo Galuppo
rgaluppo@hojeemdia.com.br
  

13/03/2016

 A afirmação pode parecer peremptória e, assim sendo, convém registrar, que os cenários na política brasileira têm mudado com tanta rapidez que as verdades absolutas de agora podem perder o prazo de validade antes que o sol se ponha. São tantas novidades, tantas surpresas e tantos sustos brotando a cada instante que ninguém, ninguém mesmo, é capaz de dizer com um pingo de certeza o que pode acontecer nas próximas 48 horas. Mas o fato é que o governo Dilma Rousseff acabou. C’est fini. Game over. Já era!
Tudo bem. Afirmação semelhante já ocupou este mesmo espaço em relação ao deputado Eduardo Cunha. Meses atrás, foi dito aqui que Cunha era um rei descartado. Ele, no entanto, continua lá — arrastando correntes pelos corredores da Câmara dos Deputados, da qual, bem ou mal, ainda é presidente. Sim. Formalmente, é. Mas diante das evidências de que ele pôs no bolso dinheiro que não era seu, Cunha perdeu a autoridade para exercer a presidência da casa.

De algum tempo para cá, Sua Excelência nada faz além de mexer os pauzinhos para tentar se livrar da corda que se aperta em torno de seu pescoço. Com manobras e chicanas que já nem têm mais o pudor de esconder sua finalidade, Cunha dá a impressão de força, mas é incapaz de liderar qualquer parlamentar que não tenha, como ele, algo a temer na Justiça. Com Dilma, a história é outra. Ou ela deixa o cargo ou os problemas que carrega consigo manterão o Brasil no fundo do poço.

DE BRAÇOS DADOS
Nem mesmo aquele amigo petista que sai às ruas gritando que não vai ter golpe tem mais certeza de sua permanência. Na semana passada, circulou em Brasília uma frase atribuída ao presidente de Senado, Renan Calheiros, que dá a dimensão da crise na qual o governo se meteu. A frase é: “o país está em situação tal que já não se pensa se ela será substituída, mas por quem”. Ora, ora. Se até Calheiros, que veio ao mundo com o propósito de servir ao governo (qualquer governo) já fala na saída da presidente é porque o equilíbrio é tão precário, mas tão precário que ficou impossível para Dilma se manter de pé.

Se há governo, Renan é a favor. Era aliado de José Sarney. Rompeu para apoiar Fernando Collor. Largou Collor e logo cortejou Itamar Franco e, depois, Fernando Henrique Cardoso, de quem foi ministro. Quando FHC começou a perder prestígio, lá estava Renan, de braços dados com Luiz Inácio Lula da Silva. Tornou-se tão lulista e, depois, tão dilmista que dava a impressão de usar estrelinha vermelha na lapela desde criancinha. Se agora ele dá sinais de que vai abandonar o navio da presidente da República é porque os dias de Dilma do Planalto estão contados.

GÁS PERDIDO
As manifestações de hoje em todo o Brasil darão o ritmo do que pode acontecer. Mas, no fundo no fundo, elas podem, no máximo, dar um empurrãozinho a mais para fazer cair mais depressa o que despencará a qualquer momento. No fundo, no fundo, o que conta mesmo é que o governo já não tem quem o apoie e, nessas circunstâncias, o melhor a fazer seria pegar o boné e voltar para casa. A menos, é claro, que algum milagre devolva à presidente o gás perdido e recoloque tudo nos trilhos. Nada é impossível.

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