terça-feira, 15 de março de 2016

Tempo é inimigo de Dilma, que já deveria contar seus votos

Orion Teixeira
Orion Teixeira
orionteixeira@hojeemdia.com.br


15/03/2016

Os protestos do último domingo foram manifestações inequívocas de que o país, ou parte dele, quer mudanças urgentes, especialmente no quesito combate à corrupção do qual não pouparam nem mesmo partidos e políticos de oposição. No centro da maior hostilidade ao governo Dilma Rousseff (PT), ao seu partido e ao ex-presidente Lula, em São Paulo, o senador Aécio Neves (presidente nacional do PSDB) e o governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), acompanhados de aliados, também foram alvos dos protestos.
Ou seja, a classe média que foi às ruas não se identifica com algum partido ou político e confia apenas no Judiciário, em especial no juiz federal Sérgio Moro, por uma solução final da crise. Tudo somado, a sequência de fatos afeta mais a Dilma e ao PT, que estão no comando do governo federal. Pela ordem, na sexta (11), a presidente caiu na “casca de banana” de convocar entrevista para dizer que não irá renunciar, expressão que não deveria passar por suas declarações, como também errou, no ano passado, ao comentar sobre o impeachment. São palavras que soam como doença terminal para quem está no poder.
No dia seguinte (12), foi a vez de o PMDB, seu principal parceiro e uma das maiores bancadas de votos na Câmara, decidir, em 30 dias, se fica ou não no governo. Para completar, o domingo (13) colocou centenas de milhares de pessoas nas ruas pedindo sua saída. Essa sucessão de fatos negativos tende a pressionar os deputados federais e a agilizar o processo de impeachment na Câmara dos Deputados.
Cada dia com sua agonia. Amanhã, o Supremo Tribunal Federal (STF) julga os recursos da Câmara dos Deputados à sua decisão sobre o rito do impeachment; na quinta, o presidente dessa Casa, Eduardo Cunha (PMDB), que ainda não foi cassado pela Comissão de Ética por graves acusações nem afastado pelo STF, reiniciará o processo do pedido de impeachment de Dilma.
Como contraponto ao movimento que pretende destronar a presidente, na sexta, será a vez de seus aliados irem às ruas. Dificilmente, os petistas conseguirão pôr nas ruas o mesmo volume e número de manifestantes do domingo.
Independentemente disso, é hora de o governo começar a contar votos. O que mais lhe importa não é colocar um ou dois milhões de pessoas nas ruas, mas garantir 172 votos para impedir que o impeachment siga para o Senado, onde o processo será concluído. Ao contrário dela, a oposição precisa de 342 votos.
Hoje, até mesmo o governo quer votar logo o impeachment, convencido de que o tempo corre contra si e, quanto mais avança sem uma definição, ficará perigosamente enfraquecido.
Oposição aposta no impeachment
Os líderes da oposição decidiram investir tudo no impeachment pelos motivos acima e por um terceiro. Estão convencidos de que, dificilmente, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) conseguirá julgar as ações por cassação da chapa presidencial eleita. Por duas razões, porque o TSE ainda nem começou a cruzar os dados das investigações feitas pela “Lava Jato”, que apura o esquema de desvios na Petrobras, e que foram ajuntados ao processo e, segundo, porque o Tribunal espera o afastamento de Eduardo Cunha para não ter que, em caso de cassação, entregar-lhe a Presidência da República.

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