quarta-feira, 27 de abril de 2016

Contra o impeachment, MST bloqueia rodovias e promove invasões em oito estados

Enquanto isso, João Pedro Stédile, chefe dos sem-terra, se reúne com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para pressioná-lo a barrar o processo de afastamento de Dilma

Por: Eduardo Gonçalves - Atualizado em
O presidente do Senado Federal recebe sindicalistas
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), recebe lideranças de movimentos sociais contrários ao impeachment (Reprodução/Facebook)
O Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) iniciou nesta terça-feira uma série de atos contra o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff que tramita no Congresso. As ações envolveram bloqueios em rodovias, passeatas e invasões de terra em oito Estados - Minas Gerais, Paraíba, Mato Grosso, Pernambuco, Bahia, Alagoas, Rio Grande do Sul e Rio Grande do Norte. Segundo o movimento, 350 sem-terra participaram de uma invasão à fazenda Tio Faustino, de 600 hectares, na cidade de Eldorado Sul, região metropolitana de Porto Alegre. Eles alegam que o lugar estava abandonado há oito anos.
Enquanto os militantes se mobilizavam pelo país, o coordenador do MST, João Pedro Stédile, se reunia com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para pressioná-lo a impedir o prosseguimento do processo de afastamento de Dilma no Senado. Também participaram do encontro lideranças de outros movimentos sociais ligados ao governo, como a CUT e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Na reunião, Stédile entregou a Renan um volume de manifestos assinados por cerca de 300 instituições contrárias ao que chamam de "golpe".
No encontro, os militantes lembraram o caso do presidente norte-americano Bill Clinton, que sofreu um processo de impeachment na Câmara, mas foi absolvido pelo Senado, em 1999. O caso, no entanto, em nada lembra o da presidente Dilma Rousseff. Clinton foi processado por falso testemunho após negar ter mantido relações sexuais com uma estagiária da Casa Branca, Monica Lewinsky.
Num agrado aos grupos, Renan disse que o Congresso brasileiro já cometeu alguns "equívocos" na história, citando a cassação do mandato do comunista Luiz Carlos Prestes, nos anos 1940, e de João Goulart, após o golpe militar de 1964. "Toda vez que o Senado se apressou a tomar decisões, de uma forma ou de outra, tivemos que fazer a revisão da própria história", disse. Ele também afirmou que vai avaliar a possibilidade de liberar aos movimentos o acesso às galerias do Senado no dia da votação do veredito sobre o afastamento de Dilma. Na Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) vetou a presença de militantes.
No fim do encontro, Renan disse que vai cooperar com Michel Temer assim como colaborou com Dilma, caso o vice assuma a Presidência. "Se for o caso de nós termos um governo temporário, eu terei a mesma relação que tive com a presidente Dilma, de independência, mas colaboração com aquilo que representa o interesse nacional", disse. Renan ainda fez questão de ressaltar que está conversando com os dois lados. Avisou que se reuniria hoje com o ex-presidente Lula e a presidente Dilma e, que nesta quarta-feira, se encontraria com vice-presidente Michel Temer.
Assim como o MST, o Partido dos Trabalhadores divulgou hoje uma agenda de atos em apoio à petista. Numa clara tentativa de se contrapor aos panelaços, o partido organizou "abraçaços à Dilma" e "iluminaços da democracia".

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