PRÓ-IMPEACHMENT - Deputada Raquel Muniz vota amanhã pelo afastamento da presidente Dilma RousseffCom os votos suficientes para abrir amanhã o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) na Câmara dos Deputados, a oposição entrou no clima de já ganhou enquanto o governo ainda luta para conquistar os indecisos.
Segundo levantamento da “Folha de S. Paulo”, divulgado no início da noite dessa sexta (15), 342 deputados se declararam favoráveis ao impedimento da presidente pela pedalada fiscal. Com a manobra contábil, Dilma usou recursos de bancos estatais para custear programas sociais do governo.
Outros 124 parlamentares se posicionaram contrários ao impedimento, 20 disseram estar indecisos e outros 20 não quiseram antecipar os votos. Pelo rito do processo, são necessários 342 votos para enviar o processo ao Senado. Nessa sexta, o dia em Brasília foi marcado por intensas articulações e discursos na Câmara de favoráveis e contrários ao impeachment de Dilma.

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Sem volta
Líder do DEM no Senado e crítico ferrenho do PT, Ronaldo Caiado (GO) disse nessa sexta ser fato consumado o entendimento pró-impeachment na Câmara. “Não tem volta mais. Em todas as projeções, até mesmo as mais conservadoras, o número de votos necessários está garantido”, afirmou.
O líder do Governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), afirmou que tem um levantamento com mais de 200 votos contrários ao impeachment. “Não teremos menos de 200 votos na disputa no plenário”, disse.
Desespero
Para Caiado, um dos indícios que reforçam o desespero do governo foi a tentativa frustrada de barrar a tramitação do processo no Supremo Tribunal Federal (STF). “O sentimento aqui é o de que o exército deles já está batendo em retirada”, ironizou. Quinta-feira, o STF impôs derrota ao Planalto ao negar um recurso da Advocacia Geral da União (AGU) que pretendia anular o trâmite do processo na Câmara.
O deputado Odelmo Leão (PP-MG) afirmou nessa sexta ser predominante o sentimento na Casa pelo afastamento. “Na minha avaliação, o governo está derrotado. Mas nós vamos trabalhar firme até a última hora”, afirmou.
No final da tarde dessa sexta, a deputada federal Raquel Muniz, do PSD mineiro, declarou que votará amanhã a favor do impeachment. “O Brasil de hoje vive uma crise política e, principalmente, uma crise econômica sem precedentes, que tem atingido a todos. A corrupção que assola o nosso país é a ferrugem que impede o desenvolvimento, que fecha postos de trabalho, que paralisa a economia e nos impede de viver dignamente. Não podemos mais permitir essa situação”, disse.
Apelos
Primeiro a discursar nessa sexta na Casa, o líder do PT, Afonso Florence (PT-BA), questionou o cálculo de votos da oposição e lançou discurso aos parlamentares que ainda não revelaram o seu voto.
“Senhoras e senhores parlamentares indecisos publicamente, mas que já decidiram que votarão contra, se absterão ou não comparecerão para se protegerem: vocês estão do lado certo, como a consciência brasileira está do lado certo”, conclamou o petista.
Já o deputado Henrique Fontana (PT-RS) procurou reforçar as relações entre o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e os partidos da oposição. “Esse é um golpe que nasce de forma imoral. Ele é um golpe que nasce com a assinatura de um dos políticos mais corruptos que o Brasil já conheceu. E o PSDB, PPS, o DEM, a oposição mancomunada no acordo com o Eduardo Cunha”, afirmou Fontana.

(*Com agência)