domingo, 2 de setembro de 2018

Desproporção entre ingresso e saída na PM

Editorial / 01/09/2018 - 06h00 - Jornal Hoje em Dia


Há motivo de grande preocupação nos dados trazidos nesta edição sobre o efetivo da PM mineira. Estatísticas mostram que, nos últimos anos, a proporção entre policiais que ingressam na força vem caindo na comparação com a quantidade de agentes que se aposentam. 
 
Entre 2007 e o ano passado, o total de incorporações de servidores pela PM decresceu, em média, 17,9%. Já o de funcionários que passaram à reserva subiu 8,8% também em média no mesmo período.
 
No momento, a corporação anuncia concurso público para elevar o efetivo. Mas isso não seria suficiente, por exemplo, para aplacar o montante do pessoal que passou à reserva. Conforme o edital do certame, são 1.560 vagas para a capital e o interior do Estado. Só no ano passado, contudo, 2.032 policiais deixaram a PM. 
 
Paralelamente a isso, o que se verifica é a elevação da criminalidade em Minas, numa curva que tende a ser mais pronunciada nos próximos anos em razão, justamente, da redução de disponibilidade do efetivo encarregado de prevenir e combater os delitos.
 
Especialistas dizem que um dos motivos do descompasso seria a crise econômica que se arrasta no país e no Estado, impedindo o poder público de fazer contratações em vários setores em quantidade compatível com a demanda, por um lado, e influenciando os índices de violência, por outro.
 
E há possibilidade de que siga havendo agravamento da situação de toda a estrutura governamental. 
 
No caso da PM, se o número de servidores da ativa não crescer na mesma intensidade que o dos que vão para a reserva, as contribuições para o caixa previdenciário da corporação poderiam deixar de vez de bancar as aposentadorias. O resultado, claro, seria o colapso.
 
Enquanto o quadro não se estabiliza, algumas soluções vão sendo encontradas, como o aumento do uso de tecnologias no policiamento, o que permitiria fazer “mais com menos”, instalação de bases móveis nos principais centros urbanos, reduzindo a circulação de viaturas e de policiais, e a realocação de militares de serviços burocráticos para as ruas.
 
Vale lembrar, porém, que a segurança pública não pode jamais depender de medidas de caráter paliativo, por mais que sejam criativas. 
 

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