terça-feira, 25 de outubro de 2011

Mais de duas mil CNHs são suspensas em Minas

Falta de educação é refletida no número de multas e punições em Minas. Em setembro foram 115 mil autuações, com destaque para excesso de velocidade e celular ao volante

Junia Oliveira -E.M
Paula Sarapu


A grande quantidade de infrações e carteiras suspensas é um retrato da desordem nas ruas. Só em setembro, segundo o Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran/MG), 115. 336 multas foram aplicadas em todo o estado, uma média de 3.800 autuações por dia. Entre janeiro e setembro deste ano, 2.401 motoristas tiveram carteiras suspensas. O tempo de punição varia de acordo com a infração, mas a coordenadora de Infração e Controle do Condutor do Detran, delegada Inês Borges Junqueira, afirma que a maioria dos motoristas infratores chega ao limite de 20 pontos por excesso de velocidade, uso de celular ao volante e estacionamento irregular. Desde o início do ano, 2.034 processos administrativos por infrações estão em andamento.
“Essa falta de educação é uma questão cultural. O trânsito é um reflexo da própria sociedade, que não respeita o próximo. Quando há punição, porém, a reincidência é quase nula. Isso porque dói no bolso e porque o motorista perde seu direito de dirigir por até 365 dias. Estamos fazendo mutirões justamente para dar uma resposta rápida, embora tenhamos até cinco anos para abrir um processo administrativo. Pedagogicamente, funciona melhor se o motorista for punido logo”, acredita a delegada.
Em 2010, 3.700 processos foram instaurados contra motoristas que ultrapassaram os limites de 20 pontos no período de um ano, a contar da primeira infração. No ano passado, 3.521 condutores tiveram a habilitação suspensa e foram obrigados a devolver seu documento no Detran. A carteira pode ser cassada por dois anos caso ele continue dirigindo. De acordo com as estatísticas do Detran, o número de punições vem aumentando.
Nem mesmo a possibilidade de levar uma multa intimidou o aposentado Osvaldo Pereira, de 70 anos. Ontem, ele parou no ponto de táxi em frente ao shopping na Avenida Olegário Maciel, no Bairro de Lourdes, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, e foi arredando, arredando, até ser o terceiro da fila. Só saiu do local quando abordado pela reportagem. A desculpa estava na ponta da língua: “Estou esperando uma pessoa que entrou no shopping, mas tenho que sair agora porque estou em lugar errado”. Poucos minutos depois, lá estava o senhor Osvaldo de novo, em lugar errado, logo depois da placa de “proibido parar e estacionar” e a centímetros da entrada da garagem do centro comercial. “É muito difícil estacionar em Belo Horizonte. Não tem vaga para lado nenhum”, disse o morador do Espírito Santo.
Táxis
Na praça há 20 anos, o taxista Nilton Nogueira, de 54 anos, diz que a infração é rotineira. “Em todos os pontos de táxi há sempre um carro de particular aproveitando o espaço. Você buzina e a pessoa ainda acha ruim”, contou. Na Francisco Bicalho com Avenida Padre Eustáquio, no bairro homônimo, na Região Noroeste da capital, a dona de casa Júlia Custódia Fourraux, de 67 anos, cansou de disputar espaço com os automóveis, que não respeitam as sinalizações horizontais e verticais de “pare”. “Tenho que atravessar no meio deles. É um absurdo e muito perigoso”, afirmou.
Na Avenida Silva Lobo, no Bairro Grajaú, na Região Oeste, o entregador Valdemar Gomes da Silva disse que só lhe resta “dar um jeitinho” para conseguir deixar as mercadorias nas lojas. E isso inclui até mesmo parar a Ducato em local proibido. “A gente tenta parar mais perto, dar uma volta e parar de novo, pois faltam estacionamentos para carga e descarga. No Centro da cidade é a mesma coisa.”

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