sábado, 10 de dezembro de 2011

Força-tarefa para fechar o cerco ao transporte clandestino em Minas


DER-MG anuncia ações integradas contra motorista que usa até arma para aliciar passageiros
Leonardo Morais
Táxis clandestinos disputam com vans e ônibus a preferência dos passageiros


clandestinoGOVERNADOR VALADARES E TEÓFILO OTONI – Uma força-tarefa vai entrar em ação na próxima semana para tentar frear o transporte clandestino em Minas Gerais. A rota das ações integradas coordenadas pelo Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) passa pela BR-116, entre o Vale do Mucuri e o Leste do Estado. Nesse trecho, motoristas sem licença para transportar passageiros enfrentam os legalizados com armas na cintura.
Os clandestinos emplacam os veículos nas cidades onde atuam para burlar a fiscalização. A “farra” do transporte irregular na região foi denunciada pelo Hoje em Dia na edição de 21 de novembro. As ações de combate começaram a ser traçadas na reunião feita em Governador Valadares nos dias 1º e 2 deste mês.
Em parceria com autoridades da região, o diretor de Fiscalização do DER, João Afonso Baeta Costa Machado, elaborou um plano para banir os transportadores clandestinos do Leste de Minas e dos vales do Jequitinhonha e Mucuri.
Participaram do encontro representantes das polícias Militar, Civil e Rodoviária Federal, além de promotores de Justiça e servidores das coordenadorias regionais do DER em Valadares, Teófilo Otoni, Guanhães, Jequitinhonha, Capelinha, Pedra Azul, Salinas, Araçuaí e Coronel Fabriciano. Os dias e locais das blitze não foram divulgados, para não atrapalhar a operação. A proposta é que elas sejam iniciadas na segunda quinzena deste mês.
“Com o envolvimento de agentes das maiores cidades do Leste e Norte do Estado, e da Região Metropolitana de Belo Horizonte, será formado um cinturão para barrar as rotas dos transportadores ilegais, que colocam em risco a vida de cidadãos desavisados”, afirma Baeta.
Os agentes terão muito trabalho, pois os clandestino criaram uma forma de driblar a fiscalização. Estão emplacando carros em Governador Valadares, cidade polo do Leste de Minas, para conseguir passar despercebidos pelas barreiras e postos policiais. Outros aliciam passageiros com revólver na cintura, uma forma de intimidar quem tenta impedir a atuação deles, como os taxistas licenciados.
Governador Valadares é referência em saúde, educação e comércio para cerca de 85 municípios da região, totalizando um milhão de pessoas. Viagens mais rápidas e o conforto de embarcar ou desembarcar na porta de casa são atrativos. Os passageiros ignoram os riscos e preferem optar pelo transporte clandestino, diariamente.
Não há diferença no preço da passagem, na maioria dos casos. O gerente da concessionária que administra o terminal rodoviário de Valadares, Luiz Augusto Novelli, estima que mais de 300 ônibus legalizados chegam e saem com passageiros da cidade todos os dias. A média anual é de 108 mil pessoas transportadas.
Segundo Luiz Augusto, para cada 650 passageiros que passam pelo terminal, todos os dias, pelo menos 1.200 embarcam fora da rodoviária. Há sete pontos mapeados apenas no Centro da cidade. Ônibus, micro-ônibus e vans disputam com os táxis e carros particulares. “Está comprovado que mais de 60% das pessoas que chegam ou partem de Valadares usam o transporte clandestino”, afirma.
Para impedir que os clandestinos aliciem passageiros dentro do terminal rodoviário, administradora instalou câmeras e contratou seguranças. A medida, no entanto, não teve o resultado esperado, embora tenha reduzido a atuação dos ilegais.
“Não temos poder de polícia para colocá-los para fora e nenhum apoio neste sentido”, reclama o gerente. A próxima medida será controlar a entrada e saída de pessoas no terminal, permitindo que apenas as que apresentarem passagens, e seus acompanhantes, entrem para se despedir. O monitoramento será feito por fiscais e começará no período das férias. “Do lado de fora, a situação está sem controle”, diz Luiz Augusto. Ele confirma que alguns clandestinos andam armados e intimidam os seguranças.
O gerente regional do DER em Valadares, Geraldo Falci, admite a gravidade do problema e a necessidade de uma atuação mais eficaz. Ele estima que cerca de 300 táxis e veículos particulares atuem clandestinamente na cidade e que “outras dezenas de vans, ônibus e micro-ônibus estejam na mesma situação. Apenas 150 veículos são cadastrados. “Estamos preparando uma operação para minimizar esse problema”.
 
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