quarta-feira, 6 de junho de 2012

Sargento da PM coordena projeto social para adolescentes em vulnerabilidade social

Cerca de 100 participantes de 5 a 19 anos são atendidos pelo projeto do sargento da Polícia Militar, José Nilton Araújo

Sara Lira -Estado de Minas
Publicação: 06/06/2012 07:13 Atualização: 06/06/2012 07:17

 (Moises Silva/EM/D.A Press)
Quatro horas por semana. É este o período que o sargento da Polícia Militar, José Nilton Araújo, 42 anos, dedica de seu tempo à Associação Guarda Mirim Alferes Tiradentes de Betim (Agmat-B), projeto que visa a atender crianças e adolescentes em vulnerabilidade social e econômica da região do Citrolândia. No total cerca de 10 participantes de 5 a 19 anos são atendidos pelo projeto que existe desde 2008.
Nilton, como é chamado pelas crianças e adolescentes da Associação, conta que assumiu o projeto em 2008, quando foi designado em uma equipe da Polícia Militar para trabalhar na região do Citrolândia. “Neste ano o índice de criminalidade aqui era muito alto e fui designado com a equipe da PM para dar respaldo nos trabalhos. Quando cheguei, percebi que o pessoal não recebia muito bem a PM e fiquei incomodado com aquilo”, lembra.
Segundo ele, o projeto já existia desde 2006, no entanto, estava sendo guiado apenas pela comunidade do Bairro e precisando de apoio. “Resolvi adotar o projeto e todo o trabalho que faço aqui é voluntário, que desempenho na minha folga. Conto com a ajuda de uma equipe composta por duas assistentes sociais, um professor de educação física, dois educadores e duas mães que preparam o lanche dos meninos”, diz.
Os encontros acontecem aos sábados, de 8h ao meio dia na Escola Municipal Frei Rogato, na Colônia Santa Isabel. São oferecidas oficinas de percussão, desenho e pintura, atividades esportivas e culturais, além de possuírem um banda gospel formada por integrantes do projeto. “Uma vez por mês fazemos ainda um passeio com os meninos. Tudo que é feito aqui é inteiramente com doações e apoio de voluntários e os passeios não são diferentes. Contamos com ajuda para conseguir os lanches, os ônibus e o que mais precisar”, afirma.
Nilton afirma ainda que a demanda para participação do projeto é espontânea. A expectativa é de que o número aumente ainda mais pois cerca de 20 adolescentes já estão na lista de espera para integrar o grupo. Além disso, ele diz que pretende criar um processo de apadrinhamento para auxiliar na manutenção do projeto.
“Pai e filho”
A relação que Nilton possui com os participantes do projeto é estreita e de respeito. Vez ou outra um se aproxima e o abraça e alguns até o chamam de pai. “O diferencial do projeto é que tenho uma relação de pai e filho com as crianças. Muitos chegam aqui e me pedem um simples abraço ou então me chamam para conversar e desabafar sobre os problemas que enfrentam e pedir conselhos”, relata. Na opinião dele, a confiança que os meninos possuem se deve ao fato de que os trabalhos do projeto não se restringem às atividades dos sábados. “Eu faço visita, vou na casa deles, converso com os responsáveis. Tento ajudar a vida desses meninos fora daqui também. Além disso tenho o compromisso de não faltar nos sábados de manhã, período que eu deixo a minha família e fico aqui me dedicando ao projeto”, frisa.
A assistente social Valquíria Martins, que auxilia no projeto, confirma a fala de Nilton. “A forma de trabalhar aqui é diferente porque você cria um vínculo com as crianças e os adolescentes. Eles são receptivos e carinhosos. Além disso, trabalhamos com as famílias também”, afirma.
Um dos casos que mais emocionam o sargento é o de Deivisson Ferreira, 15 anos. O garoto é um dos participantes que chamam o militar de pai. Ele escreve poesias e uma delas foi feita em homenagem a Nilton, expondo a admiração que tem pelo coordenador. “Quando vi o texto eu chorei de alegria pois é muito bem ver o quanto sou importante na vida dele”, lembra com os olhos cheios d’água.
O garoto destaca que Nilton foi quem o incentivou a escrever as poesias. “Eu o chamo de pai porque ele é um pai para mim e o melhor pai do mundo”, diz. Quando crescer, ele afirma, sem pensar duas vezes, que quer ser policial militar.
Para o garoto, o projeto é uma forma de aprender a conviver bem na sociedade e ser um cidadão de bem. “É bom pois quando vamos para o projeto estamos fazendo algo de bom ao invés de irmos para as drogas ou para a criminalidade. E ele (Nilton) fala que o deixaria triste ver algum de nós ir para o mundo das drogas”, diz.
Clésio Ferreira de Jesus, 14, também gosta dos momentos que passa na Guarda Mirim. Segundo Nilton, é uma vitória tê-lo no projeto. “Quando ele entrou era muito agressivo, não nos obedecia. Já hoje tem disciplina e não falta nenhum sábado”, diz. “Antes eu brigava com todo mundo e agora eu estou bom. Eu gosto daqui, principalmente de jogar futebol”, relata o garoto. “O Nilton é um amigo gosto dele a aprendi muitas coisas com ele, como por exemplo, a não brigar”, conclui.
Doações
Os interessados em conhecerem mais sobre o projeto podem entrar em contato com Nilton pelo telefone: 8839-4115, ou pelo email: guardamirimbetim@gmail.com
Para fazer doações em dinheiro os dados são:
Caixa econômica
Agência: 0892
Operação: 003
Conta corrente: 3088-6
Em nome de: Associação Guarda Mirim

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