Agência Estado
Publicação: 08/08/2012 11:15 Atualização: 08/08/2012 11:20
Publicação: 08/08/2012 11:15 Atualização: 08/08/2012 11:20
Alguns setores militares estão convencidos de que o verdadeiro
objetivo da Comissão Nacional da Verdade é provocar a revisão da Lei da
Anistia de 1979, abrindo caminho para o julgamento de agentes de Estado
envolvidos em casos de violações de direitos humanos no período do
regime autoritário. A constatação é do cientista político Eliézer Rizzo
de Oliveira, especialista em assuntos militares e ex-diretor do Núcleo
de Estudos Estratégicos da Unicamp.
nessa terça-feira, ao participar de uma
mesa-redonda sobre Comissão da Verdade, no 6.º Encontro Nacional da
Associação Brasileira de Estudos da Defesa, em São Paulo, Oliveira
observou que a inquietação dos militares aumenta. “Em algum sentido eles
têm razão”, disse. “Há sinais que jogam luz nesse receio, como os
processos movidos contra militares pelo Ministério Público Federal e a
existência de uma tensão no interior do governo.”
Segundo o
analista, no governo da presidente Dilma Rousseff existem setores
empenhados na defesa da revisão dos termos da anistia. “No governo do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva esse movimento era feito pelos
ministros Tarso Genro, da Justiça e Paulo Vannuchi, de Direitos
Humanos”, afirmou. “O Tarso foi substituído pelo Cardozo (ministro José
Eduardo Cardozo, da Justiça), que não fala sobre isso, mas tem o
ministério plenamente envolvido com a questão.”
Oliveira
mencionou particularmente o secretário nacional de Justiça, Paulo Abrão:
“Ele disse em palestra em São Paulo que a Comissão da Verdade não veio
para botar uma pedra em cima da história e que, muito ao contrário, ela
poderá gerar novos efeitos.”
Também participaram da mesa José
Gregori, que foi ministro de Direitos Humanos no governo de Fernando
Henrique Cardoso, e Roberto Romano, professor de ética da Unicamp. Um
terceiro convidado, José Genoino, assessor do ministro da Defesa, Celso
Amorim, não compareceu. Ex-presidente do PT, ele é um dos principais
acusados no processo batizado de "mensalão", que está sendo julgado no
Supremo Tribunal Federal (STF).
Ilustração: Google Images
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