Vídeo coloca em dúvida tiroteio entre PMs que deixou dois mortos.
A investigação sobre um tiroteio ocorrido no começo de julho e que
terminou com a morte de dois PMs e a prisão de outro, sob a acusação de
extorsão, ganhou um novo capítulo.
Um vídeo com imagens da rodovia onde ocorreu o crime, obtido pela Folha e
em poder da Corregedoria da PM, e o depoimento do policial preso
levantam a suspeita se os PMs que prenderam e acusaram outros colegas de
extorsão não eram justamente os que estavam extorquindo.
E mais: se um dos PMs foi morto quando estava no chão, já rendido.
Na versão apresentada em 3 de julho pela corregedoria, a morte dos
soldados ocorreu durante o tiroteio. Um grupo de policiais da Força
Tática do 29° Batalhão, em São Miguel Paulista (zona leste de SP),
trocou tiros com dois PMs da Rocam (ronda com apoio de motocicletas) 44ë
Batalhão, em Guarulhos (Grande São Paulo).
O saldo foi as mortes dos soldados Gilmar Matias dos Santos, da Rocam, e
William Alves Ruiz, da Força Tática. Ambos foram baleados na cabeça.
Ruiz morreu após 15 dias internado.
O tiroteio, ainda segundo a corregedoria, foi motivado porque os PMs da
Força Tática queriam impedir que os dois policiais da Rocam, à paisana,
extorquissem R$ 1.000 de Gerson Freire de Oliveira e Ricardo Mariano
Miranda, suspeitos de portar cinco pinos de cocaína e de traficar drogas
em Guarulhos.
O confronto foi na altura do Km 25 da rodovia Ayrton Senna, em Guarulhos, na madrugada de 3 de julho.
O PM Anderson Roberto dos Santos, da Rocam e parceiro de Gilmar Santos,
está preso acusado pela Corregedoria da PM de tentativa de extorsão e
homicídio contra um militar (Ruiz).
No vídeo obtido pela Folha, a versão inicial para as duas mortes é
colocada em dúvida porque é possível detectar dois clarões,
provavelmente decorrentes de dois tiros, e que aconteceram depois do
tiroteio. Os clarões podem ser os tiros contra o PM da Rocam, já rendido
e caído e no chão.
No vídeo também é possível detectar que, após os dois clarões, um carro
da PM se afasta e o corpo de Gilmar Santos está no chão, ao lado de
Anderson Santos, que está sentado na calçada, algemado com as mãos para
trás.
À Justiça Militar, o PM Anderson Santos disse em 26 de julho que os
clarões detectados nas imagens da câmera da rodovia são dos tiros contra
seu amigo, já rendido pelos PMs da Força Tática.
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