Atualizado: 28/08/2012 05:34
BBC Brasil
"Homem dormindo | Crédito da foto: BBC"
O
cérebro humano tem a capacidade de captar informações novas durante o
sono, concluiu uma pesquisa publicada na segunda-feira por pesquisadores
do instituto israelense Weizmann.
A pesquisa, realizada ao longo
de três anos pela neurobióloga Anat Arzi, examinou a correlação entre
olfato e audição e a memória armazenada no cérebro.
'Esta é a
primeira vez que uma pesquisa científica consegue demonstrar que o
cérebro é capaz de aprender durante o sono', disse Arzi à BBC Brasil.
Segundo
a cientista, estudos prévios já demonstraram a capacidade de bebês
aprenderem enquanto dormem, mas a pesquisa recém-divulgada descobriu que
o mesmo vale para adultos.
'Aprendizagem associativa'
O
experimento, realizado por Arzi em colaboração com o professor Noam
Sobel, diretor do Laboratório do Olfato do instituto, examinou as
reações de 55 pessoas que foram expostas a sequências de sons e cheiros
enquanto dormiam.
As sequências, que incluiam um intervalo de 2,5
segundos entre o som e o cheiro, expunham os participantes a odores
agradáveis (de perfume ou xampu) ou desagradáveis (de peixes podres ou
outros animais em decomposição), de forma sistemática e sempre
antecedidos por sons que se repetiam.
'A vantagem de se utilizar o
olfato é que os cheiros geralmente não interrompem o sono, a não ser
que sejam muito irritantes para as vias respiratórias', explicou a
cientista.
Durante o experimento os cientistas observaram sinais
de que os participantes adormecidos passaram por uma 'aprendizagem
associativa'.
'Com o tempo, criou-se um condicionamento. Bastava
que (os participantes) ouvissem determinado som para que a respiração
deles se alterasse e se tornasse mais longa e profunda - em casos de
associação com odores agradáveis -, ou mais curta e superficial - em
casos de sons ligados a cheiros desagradáveis', afirmou Arzi.
BBC Brasil
"Pesquisadores do Inst. Weizmann"
A
cientista também relatou que as mesmas reações ocorriam na manhã
seguinte, quando os participantes acordavam. Se fossem expostos a um som
associado com um odor agradável, respiravam longa e profundamente.
Informações gravadas
'O
fato de que as informações ficaram gravadas no cérebro e causaram
reações fisiológicas idênticas, mesmo quando os participantes estavam
despertos, demonstra que eles passaram por uma aprendizagem associativa
enquanto dormiam', disse.
Pessoas com lesões no hipocampo - região
do cérebro relacionada à criação da memória - não registraram as
informações, disse a neurobióloga.
Para Arzi, a descoberta pode
ser 'um primeiro passo no estudo da capacidade do cérebro humano de
obter uma aprendizagem mais complexa durante o sono'.
No entanto,
segundo a cientista, são necessárias mais pesquisas para examinar as
diferenças entre o funcionamento dos mecanismos cerebrais de pessoas
adormecidas e despertas.
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