Rio - “As mulheres estão fazendo diferença na Segurança Pública do Rio. Se esse edital já saiu, e acho que não saiu, ele será mudado.”
A declaração é do secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, sobre reportagem exclusiva de O DIA,
publicada nesta quinta, que revelou detalhes do edital de seleção para o
cargo de soldado, com previsão de seis mil postos — todos exclusivos a homens.
Segundo o chefe do Centro de Recrutamentos e Seleção de Praças da PM
(CRSP), tenente-coronel Roberto Vianna, o grande rigor físico exigido
para o cargo de soldado seria o motivo para ‘barrar’ as mulheres da
próxima seleção, prevista para janeiro.
A notícia, no entanto, não agradou aos
altos escalões da Segurança Pública do Rio. Em cerimônia de inauguração
da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, nesta quinta,
Beltrame afastou qualquer possibilidade de o público feminino ficar fora do concurso.
Já o comandante-geral da corporação, Coronel Erir Ribeiro Costa
Filho, destacou o compromisso da corporação de continuar reservando
espaço para elas.
“Motim” no comando
“Tenho várias funcionárias, com destaque para a chefe de gabinete.
Ela até pensou em pedir demissão ao ouvir que a PM não abriria vagas
para mulheres. O próximo concurso vai ter reserva para elas”, garantiu
Erir Ribeiro.
Desde a infância, Daiany Barroso, 18 anos, sonha em servir à
corporação e, inconformada com a notícia, protestou. “Em um país onde
temos uma mulher na presidência, como vão nos excluir de posto da PM?”,
critica a aluna da Academia do Concurso. “Fui a primeira a me matricular
no cursinho, quero a vaga.”
“Elas são imprescindíveis nas UPPs”
Comandante das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), o coronel
Rogério Seabra é só elogios ao trabalho feminino nas comunidades.
“Elas são imprescindíveis nas UPPs. Além de competentes, passam
confiança para os moradores e ajudam o nosso trabalho. Se o motivo é de
ordem técnica, a PM tem condições de resolver isso, não é preciso
excluí-las. Por mim, teríamos mais mulheres”, afirma.
Nesta sexta-feira, 10% do efetivo nas UPPs é formado por mulheres.
Entre elas está Roberta Andrade, 29, há seis meses na Rocinha. “Desde o
início da ocupação participo de perto das ações sociais. É muito
gratificante o trabalho”, ressalta.
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