Acuado
pela ofensiva policial, o comando do PCC teria determinado que seja
aplicada no estado a “cláusula 18″, atacando as autoridades
Brasília – O sistema de monitoramento de crises do governo federal aumentou o alerta paraSão Paulo por
causa das ações recentes do Primeiro Comando da Capital (PCC). Um
relatório especial feito pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin),
que abastece o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) ligado à
Presidência da República, mostra que a situação, ruim há alguns meses,
tende a se agravar em razão da resposta do grupo às ações das Rondas
Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota). O governo de São Paulo nega.
Acuado pela ofensiva policial, o comando
do PCC teria determinado que seja aplicada no estado a “cláusula 18″:
“Vida se paga com vida e sangue se paga com sangue”. Para cada membro da
facção morto, um policial deve ser assassinado. A morte do soldado
André Peres de Carvalho, do 1.º Batalhão de Choque (Rota), na capital,
teria sido recebida ontem pelo PCC como uma “vitória” (leia mais nesta
página). Pela primeira vez, o grupo teria conseguido atingir a unidade.
A contabilidade mortal do PCC também
incluiu a execução de Florisvaldo de Oliveira, de 53 anos, o Cabo Bruno,
no mesmo dia, no interior do estado. Líder de um grupo de extermínio
nos anos 1980, estava livre havia 34 dias e seria um símbolo para o PCC.
Informações da Abin mostram que o grupo teria se fortalecido nos
últimos seis anos, depois de uma relativa “paz” desde os ataques a São
Paulo, em maio de 2006.
Mesmo com alguns líderes presos, o PCC
se reorganizou. Recentemente, no entanto, a Rota iniciou um trabalho
próprio de inteligência que começa a chegar perto do PCC. Informações
atribuídas a denúncias anônimas – como a do “tribunal” estourado há duas
semanas, em que nove pessoas foram mortas – teriam vindo desse
trabalho.
O secretário da Segurança Pública,
Antonio Ferreira Pinto, contesta o documento. “Fico indignado. São
notícias sem fundamento. A Abin não monitora presídios e não mantém
contato com a inteligência do estado. Não monitora nem as fronteiras
para coibir a entrada de armas e drogas.” Ele acusou a agência de, no
período pré-eleitoral, servir a interesses político-partidários.
Comando
Com o grupo caçado pela Rota, a ordem de
usar a “cláusula 18″ teria vindo diretamente de Marco Willians Herbas
Camacho, o Marcola, líder do PCC preso na Penitenciária 2 de Presidente
Venceslau. A instrução aos criminosos é observar o cotidiano de
policiais, para conhecer seus hábitos e fazer a execução durante a folga
– de preferência, na frente da família.
Dados da PM de São Paulo mostram que o
número de policiais mortos neste ano é 40% maior do que no mesmo período
de 2011. A preocupação do governo federal é que a crise se intensifique
em São Paulo e se espalhe.
As informações da Abin são de que o PCC
se armou e se expandiu nos últimos anos. Apesar de concentrar as ações
em São Paulo, ele teria associações com criminosos em diversos estados,
especialmente nas fronteiras com o Paraguai e a Bolívia.
As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
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