sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Julgamento não pode desacreditar política, diz ministra

28/09/2012 10:18 - Atualizado em 28/09/2012 10:18

Mariângela Galucci, Ricardo Brito, Eduardo Bresciani e Felipe Recondo


Ao votar a favor da condenação de políticos que receberam dinheiro do esquema do mensalão, a ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha passou nesta quinta-feira (27) um recado aos eleitores brasileiros, afirmando que eles não devem perder a crença na política, principalmente às vésperas da eleição municipal.
Além de integrar o Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e, nesse cargo, comandará as eleições de outubro. "Eu não gostaria que a dez dias de uma eleição o jovem brasileiro desacreditasse da política por causa de erro de um ou de outro", afirmou.
A ministra ressaltou que "a política é necessária". Mas a presidente do TSE reconheceu que "ela deve ser muito difícil". Para Cármen Lúcia, não deve ser uma tarefa fácil fazer com que os 513 deputados federais cheguem a consenso durante votações. "Um governo que não tenha maioria parlamentar tende a não se sustentar", disse. "Ele cai", afirmou a ministra, dizendo em seguida que, se não cair, pouca coisa será feita.
Cármen Lúcia defendeu a necessidade de os agentes públicos serem rigorosos no cumprimento das leis. "Quem exerce um cargo político deve exercê-lo com mais rigor", disse a ministra, acrescentando que, na opinião dela, existem bons políticos no País.
"Meu voto não é absolutamente de desesperança na política. É a crença nela e na necessidade de que todos nós agentes públicos nos conduzamos com mais rigor no cumprimento das leis", afirmou. "A condenação não pode ser uma descrença na política."
Cármen Lúcia ressaltou que o tribunal julga um processo penal sobre pessoas acusadas de cometer erros. "A gente vota com tristeza em um caso desse, mas tem que votar", afirmou. No entanto, ela fez questão de frisar que isso não significa que os políticos sejam sempre corruptos.
"Este é um julgamento de direito penal em que nós julgamos pessoas que eventualmente tenham errado e contrariado o direito penal. Mas que, obviamente, isso não significa, principalmente para os jovens, que a política seja necessariamente ou sempre corrupta. Pelo contrário: a humanidade chegou ao momento em que nós chegamos porque é a política ou a guerra", afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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