16/10/2012 06:08 - Atualizado em 16/10/2012 06:08
A redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), decidida
pelo governo para incentivar a economia, está prejudicando a arrecadação
dos municípios. Muitos prefeitos preveem dificuldade para pagar o 13º
salário e receiam que, ao concluir seu mandato no fim do ano, não
poderão fechar as contas como estabelece a Lei de Responsabilidade
Fiscal. E podem ser punidos pela Lei da Ficha Limpa.
O governo federal precisa encontrar solução para um problema que ele
mesmo criou ao fazer cortesia com chapéu alheio. Por meio do Fundo de
Participação dos Municípios (FPM), as prefeituras têm como parte
importante de sua receita o arrecadado pelo governo federal com IPI,
Imposto de Renda e Contribuição sobre Intervenção no Domínio Econômico
(Cide). Esses impostos compõem o FPM, e 90% desse fundo ficam com os
municípios em geral, enquanto 10% são divididos pelas capitais dos
estados. Para estes, existe o Fundo de Participação dos Estados,
composto também por parcelas do IPI, IR e Cide.
Mas o governo zerou a alíquota da Cide para adiar o reajuste dos
combustíveis e conter a escalada da inflação. Com isso, deixou de
arrecadar vários bilhões de reais. Também em meados deste ano, reduziu
alíquotas de IPI para automóveis, geladeiras e outros eletrodomésticos,
calculando que poderia compensar as perdas com o aumento das vendas
desses produtos, o que não ocorreu na escala imaginada. Estima-se que
desde o segundo trimestre, o governo deixou de arrecadar R$ 6,9 bilhões
de IPI.
Em consequência dessas medidas, os fundos de participação dos estados e
municípios tiveram redução significativa. Os prefeitos recebem
mensalmente 22,5% do valor do FPM. Embora o percentual sempre tenha sido
criticado, pois a parte do leão fica com o governo, o FPM representa
para muitas prefeituras a fonte principal de recursos. A grande maioria
dos funcionários municipais recebe salário mínimo, e este tem sido
reajustado nos últimos anos por percentuais superiores ao da inflação.
Ou seja, os encargos das prefeituras sobem e a arrecadação cai, tudo por
obra do governo federal.
Talvez seja o momento de pensar em algo como a Proposta de Emenda à
Constituição nº 472. Ela foi apresentada há dois anos pelo deputado José
Carlos Vieira, do PR de Santa Catarina, visando elevar para 30% o
repasse do FPM às prefeituras. O deputado não foi reeleito e sua
proposta acabou arquivada em janeiro do ano passado pela Mesa da Câmara
dos Deputados.
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