13/11/2012
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06h00
A Corregedoria da Polícia Militar suspeita que policiais entregaram a
criminosos uma listagem com nomes completos, endereços residenciais e
telefones de quase cem PMs que atuam na Grande SP.
Segundo a apuração do órgão, a venda dos dados foi feita por R$ 8.000. A
listagem teria sido retirada do 35º Batalhão da PM de Itaquaquecetuba, e
as informações seriam usadas por membros da facção criminosa PCC para
cometer atentados contra policiais e/ou seus familiares.
A Folha tentou ouvir o comandante-geral da PM, Roberval França,
mas ele não se manifestou. Por meio do Centro de Comunicação Social, a
PM informou que "todos os detalhes envolvidos na investigação não podem
ser divulgados para não atrapalhá-la".
Neste ano, 93 PMs foram assassinados no Estado. Parte das mortes,
segundo investigações, ocorreram como retaliação a prisões ou mortes de
criminosos por policiais.
As ordens para os assassinatos em série de PMs partiram de chefes do
grupo criminoso que estão abrigados em penitenciárias paulistas.
Em agosto, agentes penitenciários apreenderam um celular usado por um
detendo ligado ao PCC no qual havia uma listagem com as informações
sobre policiais.
Dias depois, a Corregedoria fez uma busca no batalhão de Itaquaquecetuba
e recolheu três computadores de onde suspeita-se que a lista tenha sido
vazada. Essa listagem, sigilosa, é utilizada para a convocação de PMs
em situações de urgência.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
A lista foi distribuída, segundo a apuração, entre criminosos do PCC por
meio da rede social Facebook em um "salve", nome dado a uma ordem dos
chefes da facção.
Em outubro, a Folha mostrou que o PCC incluía em livro-caixa pagamentos a policiais civis e acordos com PMs.
Em um comunicado, os chefes pedem que outros criminosos busquem
informações com os "PMs que roubam com a gente", porque só eles teriam
os dados que eles precisavam. Não fica claro, porém, se o pedido se
refere a endereços de policiais.
"É extremamente preocupante criminosos terem acesso à lista. É entregar o
ouro para o bandido. Os PMs e seus familiares ficam mais expostos",
disse o presidente da Associação de Cabos e Soldados da PM, Wilson
Morais.
GÊMEOS
No dia 30 de outubro, outra lista com nomes de policiais foi apreendida
na favela Paraisópolis (zona sul) com dois gêmeos de 17 anos.
Ela tinha nomes ou apelidos de seis policiais, além de detalhes de
lugares que eles frequentavam e anotações sobre tráfico de drogas.
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