segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Número de visitantes estrangeiros cresce 10 vezes mais do que a média nacional em BH

Com aumento de 62% do número de visitantes estrangeiros em 2011, BH conquistou o quarto lugar entre as capitais que receberam executivos e empresários, superando a média nacional

Carolina Mansur
Paula Takahashi -Estado de Minas
Publicação: 05/11/2012 06:39 Atualização:

Na lista das 10 cidades mais visitadas pelos estrangeiros, Belo Horizonte atraiu em 2011 quase 70 mil gringos a mais que em 2010. Enquanto no ano passado 173,8 mil turistas de outros países desembarcaram na capital mineira, em 2010 esse universo foi de 107 mil, representando uma alta de 62%. O percentual é quase 10 vezes superior à taxa de crescimento registrada no país, quando o volume de estrangeiros passou de 5,1 milhões para 5,43 milhões no mesmo período, expansão de 6,5%. Os dados fazem parte do estudo da demanda turística internacional, divulgado pelo Ministério do Turismo.
Com o forte movimento, os estrangeiros deixaram cerca de US$ 258 milhões na economia local, o equivalente a R$ 516 milhões, considerando-se uma taxa cambial média de R$ 2. Apesar de no quesito lazer BH não figurar entre os destinos preferidos, quando o assunto são negócios, eventos e convenções a capital mineira sobe para a quarta posição do ranking no país, atrás de São Paulo (51,6%), Rio de Janeiro (24,4%) e Curitiba (4,9%), ao registrar participação de 3,8% no indicador de receptivo de executivos e empresários.
Especializado em atender esse público, o Hotel Mercure viu a demanda mais que dobrar de janeiro a outubro, na comparação com o mesmo período do ano passado. “Em 2011, hospedamos 6 mil estrangeiros nos primeiros 10 meses. Neste ano, esse universo já chega a 13 mil”, calcula o gerente geral do Mercure BH Lourdes, Alexander Borges. Isso significa que a média mensal de hóspedes de outros países pulou de 500 ao mês para os atuais 1.080, aproximadamente.
Como revela a pesquisa do Ministério do Turismo (veja quadro), a maior parte dos estrangeiros que se hospedam no Mercure vem dos Estados Unidos. “Depois, a frequência mais comum é de italianos, até mesmo por conta do parque industrial da Fiat instalado em Betim (na Grande BH). Praticamente empatados estão os canadenses e franceses”, conta o gerente do Mercure. Responsáveis pelos maiores gastos entre os turistas que desembarcam no Brasil, os executivos chegam a deixar US$ 1,8 mil por estada. Boa parte desse montante vai para os hotéis, restaurantes e passeios turísticos.
O proprietário do Porcão, Nando Júnior, tem um bom termômetro para medir a frequência de estrangeiros. “Quando temos que comprar mais cachaça Anísio Santiago, sabemos que o número de gringos na casa aumentou”, afirma. Uma dose da cachaça, eleita a melhor do país, custa R$ 32. “Na semana passada, um grupo de executivos estrangeiros pediu caipirinha à base da cachaça Anísio Santiago. Só a conta da bebida chegou a R$ 700”, conta Nando.
O português Pedro Miguel Cruz, que hoje vive em Boston, nos Estados Unidos, confessa a paixão pelo país. Depois de um intercâmbio em Belo Horizonte, em 2009, ele se programa para voltar ao Brasil no fim deste mês para fazer turismo. Alem de BH e Região Metropolitana, ele conhece Ouro Preto, Curitiba, Porto Alegre, Canela e Gramado. Pedro voltará à capital mineira e quer, também, viajar ao Rio de Janeiro. Para Miguel Cruz, muitos turistas têm a visão equivocada de que o Brasil se limita ao Rio. “Eles ainda não sabem das bem conservadas cidades históricas de Minas, da arquitetura barroca e do vanguardismo de Niemeyer que pode ser visto em Belo Horizonte”, destaca. “Diferentemente da Europa, onde a cortesia está em baixa, acho o povo mineiro mais disposto, simpático e cortês”, acrescenta.
Turismo
O Instituto Inhotim, de Brumadinho, na Região Metropolitana da capital mineira, e o Mercado Central de BH, que estão entre os pontos turísticos mais procurados, não têm balanço da frequência desse público, mas percebem que é crescente o fluxo desses visitantes, segundo Alexander Borges, do Mercure BH. “Da última vez em que foram inauguradas novas galerias no museu, o número de estrangeiros hospedados aumentou 50%”, estima. No Cafe de la Musique, instalado no badalado Bairro de Lourdes, os cardápios em inglês estarão prontos em fevereiro, para melhorar o atendimento do público estrangeiro, que ficou mais frequente. “Toda noite aparecem pelo menos um ou dois turistas de fora. Não temos estatística que comprove isso, mas é perceptível”, garante a sócia da casa, Laura Motta.
Concorrência abre espaço para hostels
Com preços mais baixos que os praticados pelos hotéis tradicionais, os hostels, também conhecidos como albergues e que fazem sucesso fora do país, começam a ganhar força em BH, impulsionados pelo interesse crescente dos estrangeiros. Em busca de turismo cultural e gastronômico, europeus, americanos e latinos optam cada vez mais por esses empreendimentos, que têm quartos compartilhados, mas também individuais, conforto de um hotel comum e diárias que vão de R$ 35 a R$ 100. “O estrangeiro que passa por aqui geralmente vem da Bahia, Rio de Janeiro, Amazonas e outros estados”, conta a recepcionista do hostel Chalé Mineiro, Érica Regina de Carvalho. “Geralmente, eles vêm de passagem, vão aos museus, bares, visitam as cidades histórias e depois voltam para dormir aqui”. Ainda de acordo com Érica, o hostel recebe turistas estrangeiros durante todo o ano, que já representam 20% do público do Chalé Mineiro.
Há seis meses em funcionamento, o Minas Hostel, instalado no Bairro Floresta, viu no crescimento do turismo a chance de aumentar o negócio. Ao fim de uma reforma, já em andamento, o hostel terá 14 quartos voltados para turistas brasileiros, mas também para os de outros países. “Temos um bom movimento de europeus, latino-americanos, mas eles ainda são nosso segundo público”, lembra o gerente Humberto Francisco Filpi. Preparado para atender o crescente interesse desse público, o Minas Hostel oferece mapas bilíngues e tem funcionários com formação em língua estrangeira para atender a demanda.
“Sabemos que de agora para frente o interesse deles pelo Brasil tem crescido não só em função da Copa, mas pelas informações que circulam mundialmente sobre o nosso potencial turístico”, ressalta Francisco Filpi. “Hoje, fala-se muito mais do Brasil e Belo Horizonte, dentro desse contexto, também tem seus atrativos, como as cidades histórias, bares, o Inhotim e outros muses”, avalia. Segundo dados da Secretaria Municipal de Turismo de Ouro Preto, entre os turistas que mais visitam a cidade histórica os franceses ocupam o primeiro lugar, seguidos dos alemães, argentinos, americanos, ingleses e italianos, respectivamente.

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