03/05/2013 07h00
- Atualizado em
03/05/2013 08h25
Menina afirma que médico a beijou e colocou as mãos sob a roupa dela.
Proibido pela Justiça de Goiás de atender pacientes, ele nega acusações.
Menina de 15 anos diz ter sido abusada por médico
em Inhumas, Goiás 1 (Foto: Sílvio Túlio / G1)
em Inhumas, Goiás 1 (Foto: Sílvio Túlio / G1)
A adolescente de 15 anos que acusa o ginecologista Itamar Cristino de
Figueiredo, de 65, de tentar abusar sexualmente dela e de uma prima da
mesma idade, em Inhumas, Região Metropolitana de Goiânia, falou pela
primeira vez sobre o assunto na quinta-feira (2). "Fiquei sem reação. Só
queria ir embora dali", disse a jovem em entrevista ao G1.
O suposto abuso aconteceu no dia 15 de abril deste ano, no Hospital da
Mulher. Segundo ela, o médico tocou nos seus seios e virilha, além de
lhe dar um beijo na boca. Ele também teria tentado beijar sua prima, que
passou uma noite no hospital com ela. O médico nega as acusações.
A garota, que estava internada por causa de uma infecção urinária,
lembra que o médico era conhecido pelos pacientes por ser sempre muito
"carinhoso" com todos. No entanto, conta que ficou sem saber o que fazer
após a atitude do ginecologista.
"Eu estava de pijama na maca. Aí ele começou a me examinar e, de
repente, me deu um beijo na boca. Fui ao banheiro para disfarçar e
quando deitei novamente, mesmo estando coberta, ele colocou a mão
embaixo da minha roupa", descreve.
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Por causa do ocorrido, na terça-feira (30), o Ministério Público de
Goiás (MP-GO) ofereceu denúncia, e o juiz Pedro Silva Corrêa determinou que o médico fosse afastado de suas funções por 90 dias.
A menina, que sonha cursar medicina e fazer especialização em clínica
geral, está sendo submetida a um tratamento psicológico. Ela acredita
que só recebeu alta hospitalar por causa do suposto abuso, pois, segundo
afirma, ainda sente dores por conta da infecção.
"Ainda não estou bem. Às vezes, minha barriga dói. Tenho que procurar outro ginecologista, mas dessa vez será mulher", afirma.
'Interpretando mal'
A mãe da jovem contou que dois dias após a filha sair do hospital, o advogado de Itamar, José Pacheco Júnior, e um irmão do médico foram até a sua casa. Eles tentaram argumentar que a filha poderia ter se enganado e interpretado a situação de forma errada.
A mãe da jovem contou que dois dias após a filha sair do hospital, o advogado de Itamar, José Pacheco Júnior, e um irmão do médico foram até a sua casa. Eles tentaram argumentar que a filha poderia ter se enganado e interpretado a situação de forma errada.
"Interpretado mal? Desde quando beijar na boca é carinho entre médico e paciente?", questiona a costureira.
Segundo ela, os dois pediram que a denúncia fosse retirada porque o
ginecologista estaria sendo ameaçado de morte. A mulher não acreditou na
história e disse que vai seguir em frente com o processo. "Isso já não é
problema nosso. Quero que seja feita justiça. Vamos até o final com
tudo isso", ressalta.
Desde quando beijar na boca é carinho entre médico e paciente?"
Mãe da jovem
Investigações
Itamar Cristino de Figueiredo prestou depoimento na quinta-feira (2) na Delegacia de Polícia Civil de Inhumas e negou que tenha abusado das duas adolescentes. Ele estava acompanhado do advogado José Pacheco Júnior
Itamar Cristino de Figueiredo prestou depoimento na quinta-feira (2) na Delegacia de Polícia Civil de Inhumas e negou que tenha abusado das duas adolescentes. Ele estava acompanhado do advogado José Pacheco Júnior
Segundo o delegado Humberto Teófilo de Menezes Neto, responsável pelo
caso, Itamar estava bastante tranquilo e alegou que foi "mal
interpretado”. Ele afirmou ainda que não tocou nas partes íntimas da
vítima, nem tentou beijar a outra garota.
Na próxima segunda-feira (6), dando prosseguimento às investigações, o
delegado revelou que vai começar a ouvir cerca de 130 pacientes do
médico. "Vamos intimar mulheres que foram atendidas por ele nos últimos
três meses para saber se houve algum caso parecido", explica. Ele
adianta que pretende remeter o processo ao Judiciário até o final da
semana que vem.
Defesa
O G1 tentou conversar com o médico nesta quinta-feira, mas ele não quis dar nenhuma declaração sobre o assunto. O advogado dele, José Pacheco Júnior, que também é vereador do município, o acompanhou até a delegacia e informou apenas que seu cliente é inocente e nega todas as acusações.
O G1 tentou conversar com o médico nesta quinta-feira, mas ele não quis dar nenhuma declaração sobre o assunto. O advogado dele, José Pacheco Júnior, que também é vereador do município, o acompanhou até a delegacia e informou apenas que seu cliente é inocente e nega todas as acusações.
Em entrevista ao G1 na última terça-feira, Itamar
definiu as acusações feitas pelas adolescentes como falsas e caluniosas,
alegando que elas teriam "confundido as coisas". "Isso não é verdade.
Nunca abusei de ninguém. Não devo e vou provar que sou inocente. A porta
da enfermaria fica aberta. Nunca estuprei ninguém e estou com a
consciência tranquila", disse o médico, que ressaltou ter 35 anos de
profissão.
O ginecologista afirmou que está sendo vítima de difamação. Ele
lamentou a decisão da Justiça de afastá-lo temporariamente das suas
funções. "Foi intempestiva e inadequada. Decidiram sem me ouvir, sem me
perguntar, sem ouvir meu depoimento. Vou prestar as declarações
necessárias e provar que sou inocente", argumentou.
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