domingo, 15 de setembro de 2013

Reforma política segue longe de virar realidade no Brasil

Mudança

Tema que voltou à tona com os protestos de rua ainda não tomou forma no Congresso Nacional

Reunião
Na última terça-feira, a Comissão de Constituição de Justiça aprovou a minirreforma
PUBLICADO EM 15/09/13 - 03h00
Quase três meses após a presidente Dilma Rousseff ir à TV sugerir um plebiscito sobre a realização de uma constituinte para a reforma política, o assunto está longe de tomar forma no Congresso Nacional. A pouco mais de um ano das eleições, a única proposta com chances de ser aprovada pelos parlamentares a tempo de influenciar o pleito de 2014 é a minirreforma em tramitação no Senado. O projeto, porém, não atende os anseios das milhares de pessoas que saíram às ruas em junho pedindo mudanças significativas no modelo político brasileiro.
A proposta deixa de lado pontos polêmicos, como o financiamento de campanha, o sistema de votação, a reeleição e as coligações partidárias, para abordar temas superficiais. Se receber o aval do Congresso, a minirreforma restringirá o tamanho de placas e de banners, impedirá a realização de enquetes informais durante o processo eleitoral, liberará campanha antecipada em redes sociais, entre outros. Para entrar em vigor em 2014, a matéria já aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado precisa passar pelo plenário da Casa e pela Câmara dos Deputados até o dia 5 de outubro. A expectativa é que no Senado a análise que deveria ter ocorrido na última quarta-feira aconteça na semana que vem.
“Perfumaria”Na opinião do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), que classifica o projeto como “perfumaria”, sua aprovação em nada representa um avanço. “Trata-se de uma proposta cosmética que não ataca o núcleo dos problemas. A minirreforma é tão mini que quer definir o tamanho do cartaz e o porte do cavalete”, afirmou. Randolfe salienta que falta vontade política para fazer uma transformação verdadeira. “Não estamos falando em atingir a matriz da corrupção que é o sistema de financiamento privado de campanha. A maioria dos parlamentares, hoje, corre da mudança assim como o diabo foge da cruz. A gente faz de conta que muda para não mudar nada”, enfatizou. Para Randolfe, uma prova da falta de interesse da maioria dos parlamentares em patrocinar uma real transformação é a rejeição a uma emenda apresentada por ele à matéria. O objetivo do senador era impedir a contratação de cabos eleitorais para as campanhas políticas, sugestão barrada pela Comissão de Constituição e Justiça da Casa. O texto aprovado na comissão mantém a possibilidade de contratação, mas reduz as despesas com cabos eleitorais – seja com alimentação, comitês ou aluguel de veículos. Já o senador Sérgio Souza (PMDB-PR) reconheceu que o Congresso não fez seu dever de casa ao discutir e aprovar uma reforma política antes das próximas eleições, mas considera que “alguma coisa” está sendo feita. O peemedebista, entretanto, admite que a proposta de minirreforma é apenas um “remendo” nas leis eleitorais para o pleito de 2014. A reportagem tentou falar com os senadores Romero Jucá (PMDB-PR) e Valdir Raupp (PMDB-RO), autores, respectivamente, do projeto e do seu substitutivo, mas os parlamentares não responderam às solicitações de entrevista.

Nenhum comentário: