José Reis Chaves
PUBLICADO EM 28/10/13 - 03h00
A Bíblia tem uma linguagem muito chamada de profética (ameaçadora), e
que é uma força de expressão dum momento de eloquência ou de nervosismo
do profeta ou dum outro autor sagrado contra os erros do povo. Jesus
mesmo teve esses momentos de condenações rigorosas contra a grande
hipocrisia dos fariseus e dos vendilhões do templo.
Assim, expressões do tipo: “Onde não lhes morre o verme, nem o fogo se
apaga” (Marcos 9: 44 e 46) são proféticas, figuradas e não devem ser
entendidas literalmente. “Acaso tenho eu prazer na morte do perverso?
diz o Senhor Deus; não desejo eu antes que ele se converta dos seus
caminhos, e viva?” (Ezequiel 18: 23). “Eu os remirei do poder do
inferno, e os resgatarei da morte: onde estão, ó morte, as tuas pragas?
Onde está, ó inferno, a tua destruição? Meus olhos não veem em mim
arrependimento algum” (Oseias 13: 14).
Se a misericórdia de Deus é infinita; se Oseias nos mostra que o
inferno será destruído; se Deus quer que todos se salvem (João 6: 39);
se eterno (“aionios” em grego), originalmente, significa tempo
indeterminado e não sem fim, dependendo do carma de sofrimento ou de
felicidade causado pelas más ou boas obras praticadas; se em hebraico,
também, o que foi traduzido por eterno é a palavra “ôlam”, cuja raiz é o
verbo “alam” (ocultar, que envolve, pois, tempo desconhecido); se o
sentido de tempo sem fim seria com os adjetivos “aidios”, em grego, e
“sempiternus”, em latim, os quais não aparecem na Bíblia, disso tudo se
conclui, com uma clareza meridiana, que o inferno é mesmo temporário, o
que é também confirmado ainda por mais estas frases: “Ninguém deixará de
pagar tudo até o último centavo” (Mateus 5: 26). Ora, pago o último
centavo, o espírito não vai pagar mais nada! E “Conhecereis a verdade, e
ela vos libertará” (João 8: 32). Os dois verbos, no futuro,
demonstram-nos que o nosso conhecimento da verdade libertadora não é por
agora, mas no futuro, isto é, depois de evoluirmos espiritualmente,
reencarnando muitas vezes, passando pelo inferno ou o purgatório
temporários. E esse tempo futuro não nos faltaria jamais, pois isso
seria incompatível e mesmo um absurdo diante da misericórdia infinita de
Deus e, também, da nossa condição de espíritos imortais.
Devemos, pois, ser otimistas com relação às nossas penas causadas pelas
nossas faltas, pois colhemos apenas o que plantamos e não mais, já que a
cada um será dado de acordo com suas obras (São Mateus 16: 27; e
Apocalipse 22: 12).
E, consequentemente, tenhamos Deus usando do seu amor infinito e da sua
onipotência para abrir-nos as portas dos céus, e não as dos infernos,
como muitos, lamentavelmente, pensam, tomando literalmente certas
passagens isoladas bíblicas, o que levaria mesmo qualquer cristão
estudioso de Deus e da Bíblia à beira da loucura e, no mínimo, à sua
descrença nela!
http://www.otempo.com.br/opini%C3%A3o/jos%C3%A9-reis-chaves/ao-p%C3%A9-da-letra-a-b%C3%ADblia-%C3%A9-uma-aventura-que-pode-levar-%C3%A0-loucura-1.737793
- Na TV Mundo Maior, por parabólica e, também, pelo www.tvmundomaior.com.br, o “Presença Espírita na Bíblia”, com Celina Sobral e este colunista, às 20h das quintas-feiras, e às 23h dos domingos. - Perguntas e sugestões: presenca@tvmundomaior.com.br. E, na Rede TV, o “Transição”, aos domingos, às 16h15. - “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Kardec, pela Ed. Chico Xavier. www.editorachicoxavier.com.br, (31) 3636-7147 e 0800-283-7147, com tradução deste colunista. - Recomendo o interessante livro “Vida de Jesus para as Crianças”, de Wellerson Santos. wellersonespiritismo@gmail.com www.editorachicoxavier.com.br.
Nenhum comentário:
Postar um comentário