22/10/2013 06:38 - Atualizado em 22/10/2013 06:38
Fernando Frazão/Agência Brasil
Representantes das empresas integrantes do consórcio vencedor comemoram o resultado do leilão
Somente um salto tecnológico pode aumentar a participação da indústria
mineira nos investimentos multibilionários que serão realizados no
setor de petróleo e gás nos próximos anos, e que teve ontem no anúncio
do vencedor do leilão do Campo de Libra, um marco em seu
desenvolvimento. Por outro lado, os tradicionais parceiros mineiros da
Petrobras, como a Vallourec e a Georadar, devem engordar suas carteiras
de contrato com o segmento.
Hoje, o grupo Georadar, que realiza serviços
de levantamentos geofísicos e presta serviços onshore(em terra) e
offshore (no mar), possui contratos de mais de R$ 1 bilhão com a
Petrobras para os próximos oito anos, com possibilidade de prorrogação
por mais oito. Sua controlada, a Geodata, possui encomenda para entrega
de seis navios e negocia um novo contrato.
Com a exploração do pré-sal ganhando corpo, a demanda imediata é para o
setor de serviços. “Teremos uma mudança sem precedentes no setor e isso
vai acontecer rápido, como em três anos, com muitas fusões e
aquisições. Os sócios poderosos que arremataram o campo de Libra podem
acelerar isso”, disse o diretor de novos negócios do grupo Georadar,
Celso Magalhães. Ele não descarta, inclusive, a fusão da Georadar com
outros players.
O campo de Libra, o maior do pré-sal, pode atingir um pico de 1,4
milhão de barris ao dia. Hoje, a produção total da Petrobras é de cerca
de 2 milhões/dia. É devido a este porte que o leilão de ontem é
considerado gatilho para a transformação da cadeia de fornecedores.
Máquinas
“O setor de máquinas e equipamentos de Minas Gerais será fornecedor em
uma fase mais adiante, que começa na extração, de forma incipiente, e
ganha força na industrialização do óleo com maior relevância, com
equipamentos para o refino. Nossa demanda chegará daqui a 10 anos, e
temos um enorme desafio tecnológico e de competitividade”, afirmou o
diretor da regional mineira da Associação Brasileira de Máquinas e
Equipamentos (Abimaq-MG), Marcelo Veneroso. O fornecimento hoje é de
estruturas metálicas, compressores, reatores, caldeirarias e outros.
O receio de Veneroso é que se repita aqui o ocorrido na Holanda durante
o desenvolvimento da indústria de gás, com entrada de grande volume de
capital estrangeiro e alta da inflação minando a competitividade do
produto nacional. “De certa forma esse movimento já ocorre e a
preocupação é que ele se acentue. Passaremos pela necessidade de uma
vanço tecnológico imenso, especialmente na perfuração. Mas ocorre que
hoje, mesmo em águas rasas, a grande maioria dos fornecedores são
estrangeiros”, afirmou.
Construção pesada
O presidente do Conselho de Política Econômica e Industrial da
Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Lincoln
Gonçalves Fernandes, destaca também o potencial de negócios que podem
ser gerados para a construção pesada, e lembra da fatia pequena que
Minas recebe do bolo de investimentos totais da Petrobras. “Tende a
crescer (a fatia) pela escala dos investimentos. Mas é uma escala
mundial, não fica restrita a Minas”, disse.
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