21/10/2013 06:50 - Atualizado em 21/10/2013 06:50
Carlos Rhienck/Hoje em Dia
Se for economicamente viável e a população decidir, Barreiro pode se emancipar de Belo Horizonte
Onze distritos em Minas Gerais poderão virar cidades, caso a presidente Dilma Rousseff (PT) sancione o projeto
de lei complementar PLS 98/2002, que trata da fusão, criação e
incorporação de municípios. O texto foi aprovado no Senado na última
quarta-feira.
De acordo com a Associação Mineira dos Municípios (AMM), o estudo
indica os distritos de até 12 mil habitantes que poderiam ser
emancipados por atenderam ao primeiro de uma série de critérios. Se
cumprirem os requisitos e tiverem seus pedidos aprovados pela ALMG, os
distritos seriam desmembrados de Belo Horizonte, Sabará, Santa Luzia,
Contagem, Coronel Fabriciano, Esmeraldas, Pedro Leopoldo, Ribeirão das
Neves, Ibirité e Ipatinga.
Um caso que ilustra a situação é o do Barreiro, cujo primeiro pedido de
desmembramento de Belo Horizonte se deu na década de 90. Os moradores
da região, no entanto, ainda hoje se dividem sobre a ideia.
A estimativa no país é de criação ou incorporação de 180 cidades, o que
representaria um gasto médio de R$ 9 milhões para instalar prefeituras e
câmaras. A menos de um ano das eleições de 2014 e em meio à choradeira
de prefeitos eleitos no ano passado com relação à queda do Fundo de
Participação dos Municípios (FPM), o autor do texto, senador Mozarildo
Cavalcanti (PTB-RR), nega que a proposta seja um agrado para a base do
governo.
Também rejeita a ideia de que a proposta facilite
a criação de cidades indiscriminadamente. Ele diz que, se tivesse sido
aprovado há dez anos, o texto poderia ter evitado a criação de 2.800
cidades por motivação “puramente política, sem atender a critérios
populacionais e de viabilidade”.
Pré-requisitos
O PLS 98/02 condiciona o desmembramento, fusão ou criação de municípios
a um estudo prévio de viabilidade econômico-financeira, sócio-ambiental
e urbana, além de político-administrativa, seguindo de um plebiscito
que ficaria a cargo da Justiça Eleitoral. O levantamento seria feito por
“institutos ou órgãos independentes”, acionados pelas Assembleias.
“Assembleias são um caminho, mas os estudos não seriam realizados por
uma comissão de deputados e sim por instituições competentes nesse
assunto”, esclarece Cavalcanti.
Na avaliação do presidente da Comissão de Assuntos Municipais da
Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), deputado Paulo Lamac
(PT), “apesar da dificuldade, aumentaria a tarefa da Casa”. “Porém,
temos equipe competente para desenvolver esse trabalho em Minas”,
completa.
O petista diz que pode haver veto por parte da presidente Dilma e que a
comissão aguardará o posicionamento para depois convocar audiência
pública e definir os critérios a serem adotados regionalmente. “Não
aprovamos nenhum requerimento para audiências, pois estamos esperando a
legislação federal”.
Segundo a ALMG, a Casa não recebe pedidos de emancipação desde 2000 e
os requerimentos feitos pelos parlamentares entre 1996 e 1999 foram
arquivados ou rejeitados.
Justinópolis tem pedido antes mesmo da sanção
Antes mesmo da validade da lei, já foi protocolado na Assembleia
Legislativa o primeiro pedido de emancipação em Minas: de Justinópolis
em relação a Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo
Horizonte.
O autor do pedido, Valério Neto de Oliveira, preside a “Comissão
Pró-Emancipação de Justinópolis”. Ele defende a causa há pelo menos
cinco anos, enquanto morador, e diz que “fazia questão de ser o
primeiro”.
“Tem vários motivos para querermos separar o distrito de Neves: temos
100 mil eleitores, cerca de 180 mil moradores, concentramos a maior
renda per capita de Neves e queremos nos desvincular dos presídios da
cidade”, conta.
O grupo tem nove membros e, segundo Valério, sem ligação com políticos
ou partidos. “A nossa bandeira é a emancipação. Convidamos a todos que
queiram estar conosco”.
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