segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Quem tem juízo sabe que o ano de 2015 não será nada fácil

Acílio Lara Resende

Jornal O Tempo
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Ilustração: Fotomontagem - Imagens Google
O ex-ministro Pimenta da Veiga tem manifestado, com frequência, uma preocupação que não é só dele, mas de todos nós – a de que 2015 será um ano muito difícil. Pimenta (o “ás de ouro” do PSDB, diz Tilden Santiago, ao governo de Minas do ano que vem) tem razão quando fala sobre as dificuldades que os governantes enfrentarão depois das eleições de outubro de 2014. Com certeza, ele se prepara para isso.
A principal causa da preocupação do ex-ministro está, provavelmente, na permanência, no comando do país, de um partido político que deixou a defesa da ética para se dedicar ao aparelhamento do Estado e, periodicamente, manifestar o desejo de nos impor goela abaixo um projeto autoritário de poder. Um partido que busca, com o imorredouro ex-presidente Lula a tiracolo, permanecer “ad aeternum” no poder. Não seria nenhuma profecia dizer que os brasileiros sentirão, na pele, a partir de 2015, as consequências danosas do que vem por aí.
Economistas, juristas, jornalistas e cientistas políticos que gozam de credibilidade neste país, além de vários dos nossos mais acreditados historiadores, têm dito e repetido o mesmo refrão: o presidente da República eleito em 2014, seja ele da oposição ou da situação (representada por Dilma Rousseff ou pelo ex-presidente Lula), encontrará um país economicamente muito mais difícil, socialmente mais complexo e institucionalmente quase à beira de um grande colapso.
A culpa? Do governo Dilma, cuja marca principal, segundo Marina Silva, é o retrocesso. A propósito, discurso duro sobre nosso país foi pronunciado, na abertura da Feira do Livro de Frankfurt, pelo escritor mineiro Luiz Ruffato. Ele o inicia com esta pergunta: “O que significa ser escritor num país situado na periferia do mundo, um lugar onde o termo capitalismo definitivamente não é uma metáfora? Para mim, escrever é compromisso”, disse Ruffato. (O discurso está disponível na internet. Basta acessar o Google e digitar o nome Luiz Ruffato).
Aqui mesmo, neste jornal, em excepcional trabalho de reportagem, se mostrou a real situação das obras de transposição do rio São Francisco, considerada, pelos três governos do PT, a obra do século. O TEMPO, por meio do competente e dedicado jornalista Rodrigo Freitas, resgatou, com certeza, os anos de ouro do nosso jornalismo.
Trata-se de uma denúncia que clama aos céus! A obra, antes orçada em R$ 4,7 bilhões, foi reajustada para R$ 8,2 bilhões!
A situação é de suma gravidade. Diante do catastrófico quadro de atraso em que se acham as obras, o caminho, afirmam conceituados ambientalistas, é paralisá-las agora. Se as interrompermos já, “o prejuízo será menor. Então, o melhor é pará-las, arcar com o prejuízo e aumentar o investimento em adutoras”, diz Apolo Heringer Lisboa, para quem o “São Francisco e seus afluentes estão gravemente doentes”.
Por essa e outras é que milhões de mineiros (com o decisivo apoio de José Serra em São Paulo) acreditam que, abençoada pela sua vocação nacional, depois de 60 anos, Minas elegerá o futuro presidente da República.
O último presidente mineiro foi Juscelino Kubitschek. Tancredo Neves morreu antes de tomar posse. Itamar Franco foi vice de Fernando Collor. E Dilma Rousseff nasceu em Belo Horizonte, mas construiu sua vida – privada e pública – no Rio Grande do Sul, na cidade de Porto Alegre. Isso jamais a tornaria uma pessoa melhor ou pior, mas, simplesmente, a define como alguém distanciada das coisas de Minas.

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