Publiquei
anteontem aqui uma notinha simples, sem ilação ou sugestão de qualquer
natureza, mas bastou para deixar assanhados alguns paranoicos. Esta:
Como se
vê, lembrava o óbvio: na disputa presidencial de 2014, por enquanto, os
segundos são considerados os primeiros. E não é a assim? A Folha traz na
edição deste sábado uma pesquisa eleitoral realizada nesta sexta,
depois do estrepitoso anúncio da aliança entre Marina Silva e Eduardo
Campos. Se a eleição fosse hoje e caso se confirmem os candidatos dados
como favoritos em seus respectivos partidos, Dilma vence a eleição no
primeiro turno, com 42% dos votos, contra 21% de Aécio e 15% de Eduardo
Campos.
Nos outros
três cenários, ela teria de disputar a segunda etapa. O pior para a
presidente é aquele que conjuga José Serra como candidato do PSDB (20%) e
Marina Silva como o nome do PSB (28%). Nesse caso, Dilma teria 37%. O
melhor cenário para Marina é aquele em que o candidato tucano é Aécio.
Ela chega a 29%, quase o dobro do melhor desempenho de Eduardo Campos
(15%).
Dilma
vence todos os seus adversários no segundo turno. O melhor para ela é
Campos (54% a 28%). O segundo melhor é Aécio (54% a 31%). Contra Serra, o
resultado seria 51% a 33%. A mais competitiva é Marina (47% a 41%).
O jogo está apenas começando
A eleição ainda está muito longe. Os números darão início agora a um jogo de xadrez. Vamos ver. Marina tem quase o dobro (29%) das intenções de voto de Eduardo Campos no cenário em que o tucano Aécio Neves é o candidato — o que boa parte dos tucanos considera, hoje, o mais provável. Digamos que essa distância e as proporções se mantenham, de modo que o cenário aponte para uma vitória da petista no primeiro turno. Afirmem os peessebistas o que quiserem, tendo a duvidar que seja Campos o candidato. Nesse caso, parece que o nome de Marina se torna irresistível. Já está mais do que claro que a cabeça da chapa não está definida.
A eleição ainda está muito longe. Os números darão início agora a um jogo de xadrez. Vamos ver. Marina tem quase o dobro (29%) das intenções de voto de Eduardo Campos no cenário em que o tucano Aécio Neves é o candidato — o que boa parte dos tucanos considera, hoje, o mais provável. Digamos que essa distância e as proporções se mantenham, de modo que o cenário aponte para uma vitória da petista no primeiro turno. Afirmem os peessebistas o que quiserem, tendo a duvidar que seja Campos o candidato. Nesse caso, parece que o nome de Marina se torna irresistível. Já está mais do que claro que a cabeça da chapa não está definida.
Se tudo
convergir para Marina, há o risco de Aécio ficar em terceiro lugar e,
pela primeira vez desde 1994, o PSDB não ter um nome disputando o
segundo turno. Não seria uma boa estreia como candidato à Presidência,
especialmente porque não se poderá reclamar que o PSDB tomou uma decisão
tardia. A lógica do jogo indica que a (re)entrada de Marina no jogo
recoloca no tabuleiro o nome de Serra.
É claro
que as circunstâncias são bastante especiais. Marina está sendo tratada
por boa parte da imprensa como uma espécie de reinvenção da cidadania e
da política. Em muitos aspectos, reeditam-se procedimentos antes
dispensados apenas a Lula, no tempo em que ele era um líder da oposição,
tido como puro e autêntico, ainda não corrompido pelo jogo do poder.
Até parecia que ele disputava coisa diferente dos demais — como parece
agora, no caso da ex-senadora.
Mas que se
note: em agosto, quando não estava associada a Campos, Marina já tinha
26% das intenções de voto — ele aparecia com 8% (Dilma tinha 35%, e
Aécio ficava com 13%). Fosse a candidata agora, teria 28% (quando Serra é
o nome tucano) ou 29%, quando Aécio. Não é um ganho significativo. O
governador e o próprio Aécio se beneficiam bastante com a sua saída
quando aparecem como os indicados de seus respectivos partidos. O
mineiro fica com 21%, e o pernambucano com 15%. Mas Dilma também
cresceu: de 35% para 42%. Isso sugere que os votos de Marina, caso ela
fique fora do pleito, se distribuem mais ou menos igualmente entre os
demais.
PT pode comemorar moderadamente
O PT pode comemorar. Mas moderadamente. Pode porque, desde a aluvião de junho, não havia mais cenário em que Dilma vencesse no primeiro turno. Com a Rede fora da disputa, essa possibilidade existe de novo — hoje. A comemoração há de ser moderada porque, se Marina seguir com o dobro das intenções de voto de Campos, a candidata será ela, não ele. E, nesse caso, não dou como fechado o cenário do PSDB — aliás, nem o próprio Aécio.
O PT pode comemorar. Mas moderadamente. Pode porque, desde a aluvião de junho, não havia mais cenário em que Dilma vencesse no primeiro turno. Com a Rede fora da disputa, essa possibilidade existe de novo — hoje. A comemoração há de ser moderada porque, se Marina seguir com o dobro das intenções de voto de Campos, a candidata será ela, não ele. E, nesse caso, não dou como fechado o cenário do PSDB — aliás, nem o próprio Aécio.
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